quarta-feira, 14 de junho de 2023

5 veículos que seriam improváveis boas mulas de teste para fazer experiências com motores de ignição por incandescência e bulbo vaporizador

Muito importantes quando o carvão e a máquina a vapor começavam a perder espaço para o petróleo e o motor de combustão interna, os motores de ignição por incandescência foram muito comuns antes da consolidação dos motores Diesel propriamente ditos em aplicações estacionárias/industriais e agrícolas. Tendo como últimas aplicações minimamente relevantes o uso em propulsão de pequenas embarcações na Europa, principalmente porque no caso de motores 2-tempos tinha a facilidade de poder inverter o sentido de rotação e dispensar a necessidade de um reversor mecânico, nunca tiveram relevância no uso automotivo fora de algumas experiências bastante obscuras e sem muitos registros. Embora seja óbvia a maior aptidão de um motor Diesel propriamente dito, ou mesmo de motores de ignição por faísca, pode parecer tentador para fãs de algumas subcategorias da ficção cientítica como o retrofuturismo fazer uma experiência com motor de ignição por bulbo vaporizador em um veículo só pelo prazer da experiência, e ao menos 5 exemplos podem ser destacados.

1 - Mitsubishi Pajero Sport de 1ª geração: lembrando que as versões Diesel no Brasil usaram sempre algum motor de injeção indireta, como o 4D56 ou o 4M40 queimador de juntas de cabeçote, não parece tão "herege" considerar uma hipotética experiência com algum motor de ignição por bulbo vaporizador, mesmo que precisasse fazer um por conta própria tentando minimizar algumas deficiências desse tipo de motor como a faixa útil de rotações tão estreita quanto ridiculamente baixa para padrões modernos. É inegável alguma semelhança conceitual entre um bulbo vaporizador e as antecâmaras dos motores Diesel de injeção indireta, e portanto seria uma boa base para experiências tão improváveis como essa. E algumas versões nacionais terem usado faróis e lanternas redondos bastante genéricos também seria convidativo para fazer algo mais steampunk que remetesse às lamparinas a querosene ou a carbureto que se usava na época dos calhambeques;

2 - caminhonetes Ford Bumpside: tanto a F-1000 quanto a F-2000 terem sido equipadas com o motor MWM da série 229, essencialmente um motor "de trator" que passou a ser usado um tanto às pressas na "dieselização" no Brasil, torna um tanto óbvia a comparação com o uso agrícola de motores de ignição por incandescência, com destaque para os tratores Lanz Bulldog alemão e os primeiros de marcas como a Landini italiana e a Ursus polonesa que tiveram alguns exemplares trazidos ao Brasil junto às grandes levas de imigrantes europeus que ainda chegavam com frequência até o imediato pós-guerra. Acabaria sendo tentador somente pela experiência, mesmo sem esse precedente histórico que foi o recurso a um motor que ainda é referência para usos como maquinário agrícola, propulsão marítima leve e os mais variados equipamentos estacionários/industriais. Considerando a proposta de usar um motor "agrícola", e que o bulbo vaporizador permite que praticamente qualquer combustível seja queimado incluindo até o etanol e o gás natural ou biogás/biometano sem maiores modificações, ficaria ainda mais tentadora a idéia;

3 - Toyota Land Cruiser Prado da geração J120: única geração do Prado a vir oficialmente ao Brasil, só dispunha no mercado local do motor 1KZ-TE com turbo e injeção indireta. Seria quase impossível aplicar um turbo a um motor de ignição por incandescência que viesse a ser usado numa experiência, mas o modelo ter sido oferecido em outras regiões com o motor 5L-E de injeção indireta e aspiração natural já tornaria menos injustificável que eventualmente fosse tentado o uso de um motor de ignição por incandescência com bulbo vaporizador. E tendo em vista que a Toyota ainda usa o motor 5L-E em gerações mais recentes de alguns utilitários para atender a países onde as regulamentações de emissões são menos restritivas e a qualidade do óleo diesel convencional é mais precária, a resiliência de motores de ignição por incandescência a variações nas especificações do combustível e também a aptidão para usar os mais variados e improváveis combustíveis alternativos já ficaria tentadora. E até no tocante à partida a frio, assim como motores Diesel de injeção indireta costumam ter as velas de incandescência nas antecâmaras, um eventual uso de pré-aquecimento elétrico em substituição ao uso de lamparinas que originalmente se fazia nos motores de ignição por incandescência com bulbo vaporizador também dá a entender que seria menos absurdo um Land Cruiser Prado servir de base para uma experiência tão improvável quanto peculiar;

4 - Lada Niva: considerando a demora da Avtovaz para ter oferecido a opção por um motor Diesel para o modelo, e somente entre '99 e 2007 com o motor Peugeot XUD9 que dispensa maiores apresentações. Até me surpreende nenhum russo ou polaco que toma vodka de manhã cedo como se fosse café ter feito alguma gambiarra com um motor estacionário ou agrícola, ou algum pescador norueguês acostumado a motores de ignição por incandescência numa traineira ter preferido trocar o motor original inteiro de um Niva ao invés de trocar uma correia dentada;

5 - Volkswagen Polo Classic: modelo praticamente esquecido no Brasil onde foi importado entre '96 e 2002, mas que permaneceu fazendo sucesso na Argentina onde em 2005 teve uma discreta remodelação e continuou em linha até 2008. Certamente o motor 1.9D ainda com injeção indireta ter permanecido na Argentina contribuiu para o modelo manter um público tão fiel quanto austero, por mais que o 1.9 SDI de injeção direta já fosse conhecido na própria Argentina. Para radicalizar de vez, ficaria tentador fazer uma experiência com um motor 2-tempos de ignição por incandescência com bulbo vaporizador, até em função de tudo o que se diz sobre a Volkswagen só ter se tornado competitiva em meio à necessidade de adotar motores de refrigeração líquida quando adquiriu a Auto Union já com uma transição dos motores 2-tempos e da marca DKW para motores 4-tempos e a marca Audi, lembrando que os motores 4-tempos também foram essenciais para a Volkswagen desenvolver motores Diesel próprios seguindo o conceito aplicável aos motores "misto-quente" e compartilhando um projeto modular com as versões de ignição por faísca movidas a gasolina.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html