quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

Breve observação sobre o recente escândalo referente a uma suposta irregularidade com motores Toyota

Um caso que chamou a atenção mundo afora durante essa semana, a notícia acerca da descoberta de um problema na certificação de motores turbodiesel usados pela Toyota tanto em modelos nunca oferecidos no Brasil como a geração J150 do Land Cruiser Prado quanto na linha Hilux/SW4 já tem sido explorada por parte da mídia como mais uma ponta de lança naquela caça às bruxas contra o motor de combustão interna, e com um escrutínio mais intenso recaindo especificamente sobre os motores Diesel. Apesar da Toyota alegar inicialmente que o cumprimento às normas de emissões permaneceu inalterado, e o efeito dos softwares aplicados aos motores testados para homologação visava somente suavizar as curvas de potência e torque, fica um tanto previsível a comparação com o caso Dieselgate no qual a Volkswagen recorreu a um expediente semelhante com o intuito deliberado de burlar normas de emissões, e eliminar o uso do sistema SCR para controle de óxidos de nitrogênio (NOx) em alguns modelos. No tocante aos motores Toyota GD, como o 1GD-FTV que é o único dessa série a ser oficialmente usado no Brasil, só de existirem diferentes calibrações de torque entre versões para uso com câmbio manual ou automático já me parece plausível crer que a Toyota não agiu de má-fé, bem como o posicionamento do intercooler e o tipo (ar-ar ou água-ar) variarem conforme a certificação de emissões em cada região, bem como as diferentes implementações de dispositivos de controle de emissões como o filtro de material particulado (DPF) e o SCR que seriam indispensáveis para o Land Cruiser Prado J150 na Europa Ocidental embora fossem um peso morto no Paraguai, isso sem entrar no mérito do "arcaico" motor 5L-E ter permanecido em catálogo para atender a regiões como a África onde a maioria dos países ainda usa as normas Euro-2 e partes do Oriente Médio onde a demanda pelas versões Diesel é tão irrisória que qualquer motor mais austero permanece competitivo. Enfim, apesar de ser uma situação que eventualmente reforce algumas narrativas em torno de uma "superioridade" dos híbridos perante o Diesel, e que talvez a própria Toyota pudesse ser beneficiada no tocante à economia de escala dos sistemas híbridos que produz e aplica às mais diversas categorias de veículos com motores de ignição por faísca a gasolina e mais recentemente flex com a capacidade de usar etanol especificamente para atender ao Brasil, como o argumento inicial para apontar uma suposta irregularidade tem a ver com a "suavização" do desempenho em condições de teste que a bem da verdade sempre apresentam alguma discrepância com relação às condições reais de uso, e podem dar a entender que tenham um componente politiqueiro para forçar uma maior reprovação de motores de combustão interna no intuito de fomentar uma eletrificação impositiva, talvez também caiba considerar que a histeria de tentar provar a qualquer custo que um motor turbodiesel com somente 4 cilindros seja capaz de proporcionar um desempenho tão vigoroso quanto o de motores V6 a gasolina em detrimento de concentrar esforços no viés essencialmente utilitário que historicamente caracterizou os motores Diesel tenha ido um pouco longe demais.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html