quarta-feira, 13 de março de 2024

Fidelidade às condições técnicas da época ou modernização: qual abordagem ficaria mais condizente para repotenciar uma Chevrolet Veraneio M?

Modelo interino feito um tanto às pressas no intuito de atender principalmente às polícias entre a transferência da fabricação da linha de pick-ups e SUVs full-size do Brasil para a Argentina e o lançamento da S10 e da Blazer nacionalizadas para concorrer com os SUVs médios que chegavam após a reabertura das importações, a Chevrolet Veraneio M usava o chassi da C20 e da D20 que haviam passado a ser importadas, com a carroceria finalizada no Brasil pela Envemo. Por serem veículos de emergência, em uma época que motores Diesel eram considerados demasiadamente lentos para tal condição operacional, ainda mais considerando o viés de improviso que norteou a instalação de motores "de trator" com o objetivo de economizar combustível, podia soar até previsível a Veraneio M usar a última versão do motor 4.1 "linguição" de 6 cilindros em linha a gasolina, já com injeção eletrônica multiponto e atualizações feitas pela Lotus no fluxo do cabeçote. Os tempos são outros, a moda de converter veículos de grande porte ao gás natural na expectativa de ficarem mais econômicos que um carro compacto caiu no descrédito, e a tentação de instalar um motor Diesel acabaria fazendo muito mais sentido, além do mais diante da oferta de motores turbodiesel adequados aos mais variados perfis.

Enquanto o motor a gasolina da C20 seguia competitivo 30 anos atrás com a concepção mais tradicional e de certa forma "à prova de burro" em meio à modernidade dos SUVs japoneses da mesma época, e mesmo hoje é pouco provável que alguém se interessasse em substituir por qualquer "motorzinho de dentista", os motores Maxion S4 e S4T que a D20 dispunha na mesma época até acabam sendo um tanto subestimados por uma parte do público que atualmente prioriza o uso de uma caminhonete mais para o lazer ao invés de tratar tão somente como uma ferramenta de trabalho. Pese muitos outros motores com 4 cilindros que encontram uma fanbase bem mais devotada como o Cummins B3.9 (vulgo 4BT) ou os MWM da série 229 efetivamente guardarem uma semelhança conceitual com os Maxion S4 e S4T, que fica muito evidente pela configuração do comando de válvulas no bloco e sincronização por engrenagens, e a Perkins fabricar no Brasil mais voltada ao uso em maquinário agrícola os motores da série 1100 que na prática são uma evolução do motor Perkins 4-236/Q20B, como também foram os Maxion S4 e S4T. E naturalmente há quem rejeite de forma mais veemente o uso de motores tão essencialmente rústicos, com preferência por motores de alta rotação e já com o comando de válvulas no cabeçote, que pode até dispor ainda de sincronização por engrenagens como os MWM Sprint, ou usar correia dentada como tem sido mais comum em algumas pick-ups médias modernas cujos motores mesmo com uma cilindrada menor conseguem superar com folga o desempenho de algumas calibrações mais conservadoras de um motor turbodiesel ""à moda antiga".

Pode ser que o uso da injeção eletrônica no motor original a gasolina que equipava a Chevrolet Veraneio M possa até fomentar uma maior receptividade a uma abordagem semelhante, e a adaptações com um motor turbodiesel de concepção mais moderna que o padrão de 30 anos atrás, embora também possa haver a preferência pela preservação de alguns aspectos mais tradicionais como o comando de válvulas no bloco se for o caso de seguir uma configuração mais de acordo com a época do modelo. A massificação da injeção eletrônica common-rail em motores turbodiesel de concepção mais rústica para atender ao recrudescimento das normas de emissões no mercado de caminhões e ônibus a partir da Euro-3 também proporcionou aos motores de "só" 4 cilindros um desempenho mais satisfatório até para uso recreativo, e assim fica mais viável um repotenciamento oferecer equilíbrio entre a modernidade e um grau de fidelidade aos padrões da época. Enfim, se por um lado a evolução tecnológica ao longo dos últimos 30 anos alçou motores turbodiesel de um modo geral a condições muito mais prestigiosas tanto para trabalhos específicos quanto junto a usuários de perfil claramente mais recreativo, por outro acaba ficando difícil apontar uma superioridade incontestável seja para uma configuração "de trator" ou para motores essencialmente mais modernos...

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html