sexta-feira, 23 de agosto de 2024

Como explicar que ainda exista quem acredite que o Passat Iraque fosse originalmente movido a diesel?

Houve uma época que a Volkswagen do Brasil era extremamente competitiva para atender a mercados de exportação, especialmente os "emergentes" antes que o fogo amigo das operações chinesa e indiana se intensificasse, e um dos casos mais emblemáticos foi a venda do Passat de 1ª geração que seguiu em produção no Brasil até 1988. Um dos destinos para o Passat brasileiro foi o Iraque, com contratos para a exportação regular da versão LSE a partir de 1983 em uma operação que envolvia até a Petrobras tendo em vista que o pagamento à Volkswagen era feito em barris de petróleo, cuja exploração no Brasil ainda estava sob o regime de monopólio, embora tenha havido o envio de ao menos um lote do modelo para o Iraque já em 1978. Antes da Guerra do Golfo e da imposição de severas sanções econômicas à ditadura de Saddam Hussein, empresas brasileiras como a construtora Mendes Júnior chegaram a ter operações no Iraque, e até usando versões Diesel exclusivas para exportação de outros veículos também feitos no Brasil como o Fiat Fiorino. Possivelmente a confusão que levava alguns a acreditarem que o Passat de exportação ao Iraque fosse equipado com um motor Diesel já tivesse origem nesse fato, mas há outros aspectos a considerar e que podem ter fomentado tal confusão.
Além da versão LSE que chegou a ser oferecida regularmente no Brasil, mas sem algumas alterações que a configuração de exportação ao Iraque teve com o intuito de melhorar a refrigeração do motor e o conforto, e tendo mantido o motor MD-270 até o fim da produção visando facilitar a reposição de peças no Iraque enquanto as versões de especificação brasileira começaram a usar o AP entre 1984 e 1986, o Passat brasileiro também chegou a ter versões Diesel com configurações quase idênticas às movidas a gasolina ou álcool/etanol, como a LDE que tinha o mesmo padrão do Passat LSE diferindo apenas pela presença do motor Diesel e chegou a ser exportada para o Uruguai como parte de um plano de renovar a frota de táxis por lá. E apesar de países como o Uruguai e o Paraguai terem oferecido álcool/etanol nos postos para atender à demanda de turistas brasileiros e também de carros roubados no Brasil que eram "esquentados" principalmente na Bolívia e no Paraguai ao serem trocados por drogas, a opção do motor Diesel ter predominado na exportação regular para esses destinos certamente contribuiu para fomentar o equívoco de crer que o Passat Iraque também seguisse tal padrão. Mas apesar da Volkswagen que ainda era o maior fabricante de automóveis do Brasil e teoricamente pudesse fazer lobby para desovar algum excedente de exportação de automóveis movidos a óleo diesel se o quisesse, provavelmente os negócios de empresas como a Mendes Júnior no Iraque tivessem tanta relevância quanto a exportação do Passat e tantos outros modelos com motor Diesel cuja oferta no mercado interno permanece proibida...


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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html