sexta-feira, 16 de novembro de 2012

A "moda" das pick-ups: reação às restrições contra o Diesel em veículos leves?

Dotadas de características técnicas mais aptas às condições precárias da malha viária brasileira, as pick-ups de concepção mais tradicional (chassi separado da carroceria, motor longitudinal e tração traseira ou 4X4 com eixo traseiro rígido) como a Chevrolet S10 já acabam contando com um forte argumento de vendas. Mas esse não é o único motivo que atrai consumidores para os utilitários: outro tópico normalmente abordado por leigos e analistas de mercado é o desejo de auto-afirmação em meio ao mar de carros compactos com motores subdimensionados despejados aos montes como "populares", que acaba abrindo espaço até para modelos de concepção menos rústica como a compacta Fiat Strada conquistarem uma parcela significativa do mercado automobilístico brasileiro.
Ainda assim, há um clamor por parte do público-alvo das pick-ups que de acordo com a obsoleta legislação brasileira só pode ser atendido por modelos de porte mais avantajado, como a já citada S10, motivado por restrições ao uso de motores Diesel em função da capacidade de carga, tração ou quantidade de passageiros.

De acordo com uma antiga portaria expedida em 1993 pelo extinto Departamento Nacional de Combustíveis, que foi substituído pela ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), só estão aptos a usar óleo diesel veículos com capacidade de carga igual ou superior a uma tonelada, com exceção para veículos que carreguem 9 passageiros além do motorista ou tenham tração 4X4 com reduzida. Essa é a razão pela qual modelos como a Mitsubishi L300 (com acomodações para 10 ou 11 passageiros além do motorista, dependendo da versão) e o Jeep Wrangler (capacidade de carga de meia tonelada, dotado de tração 4X4 com reduzida) podem contar com motor Diesel legalmente.

Hoje há muitas pick-ups modernas, como a Ssangyong Actyon Sports, que oferecem um nível de conforto e segurança comparável a automóveis considerados "de luxo" no mercado brasileiro, como o Ford Fusion, e com a vantagem do uso de motores Diesel podem facilmente obter um consumo de combustível mais contido apesar do porte mais avantajado e do maior arrasto aerodinâmico...

A maior simplicidade na manutenção de motores Diesel, característica particularmente evidente em alguns modelos mais antigos como a boa e velha Chevrolet D20, também é um argumento favorável, ainda que caminhonetes modernas como a atual geração da RAM 2500 venham incorporando dispositivos complexos como EGR, SCR e filtro de material particulado (DPF) sob o pretexto de "preservação ambiental", medida cuja eficácia pode ser contestada ao considerar o saldo energético operacional e intensificação de extrações minerais...
Lembrando que, apesar de serem pesos-pesados, graças ao Diesel o consumo de uma RAM 2500 equipada com o motor Cummins ISB6.7 fica próximo ao de um Jaguar X-Type com um V6 de 2.5L movido a gasolina.
Não custa recordar que para o mercado europeu o "Baby Jag" chegou a contar com opções de motor Diesel, que o tornavam mais "ecológico" que alguns híbridos como (sempre ele...) o Toyota Prius...

De qualquer maneira, enquanto o governo brasileiro mantiver restrições arbitrárias que impeçam ao cidadão dispor de um carro compacto, como por exemplo um Fiat Punto, equipado com um pequeno e eficiente motor Diesel, a resposta pode vir numa Toyota Hilux com um motor que apesar do dobro da cilindrada ainda faz a atual geração dos "flex" passar vergonha no tocante à economia de combustível...

Um comentário:

  1. E O MAIS TRISTE DISSO TUDO É QUE O BRASIL FABRICA VEÍCULOS LEVES COM MOTOR À DIESEL, MAS OS BRASILEIROS NÃO PODEM COMPRAR.
    CONTINUAMOS MANIPULADOS PELA NOSSA FALTA DE CONHECIMENTO. SÓ PODEMOS FAZER, COMO TANTOS OUTROS SETORES, ATÉ MESMO MENOS MERITÓRIOS, ELEGERMOS ALGUÉM QUE REPRESENTE ESTA BANDEIRA, OU ACIONAR NOSSOS POLÍTICOS ELEITOS PARA QUE APRESENTEM UMA LEGISLAÇÃO QUE NOS PERMITA ADQUIRIR, NO MERCADO BRASILEIRO, UM PRODUTO NACIONAL RECONHECIDAMENTE SUPERIOR ÀQUELES QUE NOS SÃO IMPINGIDOS.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html