terça-feira, 6 de novembro de 2012

Híbridos: rodeados de falso otimismo

Após um longo período de indefinições e imprecisão na classificação para fins tributários, os híbridos acabaram beneficiados pelo "novo regime automotivo" brasileiro. No caso do Toyota Prius, cujo preço de revenda inicialmente previsto para exemplares importados oficialmente orbitava os R$150.000,00, tal valor apresentou uma redução na ordem de 20%. Ainda que o Prius tenha consumo estimado em "milagrosos" 21km/l com a gasolina de péssima qualidade disponível na República das Bananas, pode-se dizer sem medo de errar que expectativas quase messiânicas são constantemente associadas às pretensões ecológicas apresentadas em torno dos híbridos em geral. Em alguns países onde o Prius já é um sucesso comercial, como nos Estados Unidos, que tem uma política particularmente desfavorável ao Diesel em veículos leves, há até mesmo alguns grupos cristãos rotulando-o como "o carro que Jesus dirigiria" caso fosse um homem contemporâneo.

Chegou-se até a especular uma "flexibilização" do motor do Prius visando o uso do etanol. Apesar de apresentar alterações no cabeçote e comando de válvulas para simular o efeito do ciclo Atkinson, cujo tempo de expansão é mais longo que o de compressão, é o mesmo já usado em versões do consagrado Toyota Corolla. A meu ver, no entanto, é contraditório um veículo rodeado por uma aura "ecologicamente-correta" cair no mesmo balaio-de-gato da atual geração de motores "flex".

Questões técnicas à parte, a discussão em torno de uma maior participação dos híbridos no mercado brasileiro não deveria ser um pretexto para o povo brasileiro acovardar-se novamente e abrir mão de uma abolição das absurdas restrições ao uso do Diesel baseadas em capacidades de carga, passageiros e/ou tração. Por mais que modelos como o Chevrolet Volt transmitam uma aura de inovação e alta tecnologia, uma alternativa que possibilita maior independência com relação a fontes de energia tradicionais vem nos sendo privada por quase 40 anos. Ao passo que muitos processos industriais mais complexos, dispendiosos e poluentes, além de uma intensificação no extrativismo mineral, tornam-se essenciais à produção dos híbridos e alguns componentes que venham a necessitar substituição como células de bateria, colocando em xeque toda a economia de gasolina e redução de emissões ao longo da vida útil operacional. Até um vetusto Mercedes-Benz 190 D cujo motor permanece entre os mais apreciados por usuários de óleo vegetal como combustível mostra-se mais "sustentável" como virou moda dizer...

Vale também destacar a evolução tecnológica dos motores Diesel, que apesar de não ter tanta evidência entre os veículos leves devido à prolongada ausência dos mesmos do mercado brasileiro, pode ser bem observada entre os caminhões. Sistemas de gerenciamento mais precisos garantem uma sensível melhora no desempenho e maior eficiência energética, bem como redução nas emissões de diversos poluentes, entre os quais merece destaque a infame "fumaça preta" cuja imagem tem por décadas fomentado preconceitos...

Logo, por mais que os híbridos estejam sendo apontados como a última Coca-Cola do deserto, não são a única opção viável para promover uma significativa redução no consumo de combustíveis apesar do excessivo otimismo que os tem rodeado. Não estou sendo pessimista, só não considero adequado desdenhar dos benefícios oferecidos pelo Diesel...

4 comentários:

  1. Em primeiro lugar, JESUS não tem nada a ver com isso.
    Em segundo lugar, a última Coca-cola do deserto geralmente está quente.

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    1. Mas sempre tem um ou outro maluco que fica tentando contextualizar a imagem de Jesus nesse cenário dos carros híbridos.

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  2. Uma coisa é ser maluco. Outra coisa, COMPLETAMENTE DIFERENTE, é ser equivocado. Relacionar JESUS com carros híbridos, não é ser maluco. É ser TOTALMENTE EQUIVOCADO.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html