sábado, 2 de junho de 2012

Uma reflexão sobre o mercado americano, veículos leves e o ciclo Diesel

Com um dos mercados mais importantes para a indústria automobilística a nível mundial, os Estados Unidos apresentam uma curiosa contradição no tocante à oferta de veículos com motor Diesel.

Ainda que uma questão cultural seja constantemente apontada como a causa de uma alegada rejeição por parte do público consumidor, a pouca disponibilidade de veículos leves com motor Diesel levada adiante basicamente por fabricantes de origem alemã como Volkswagen, Mercedes-Benz e mais recentemente a BMW representa um empecilho mais significativo para um aumento da participação dos mesmos no mercado local, fazendo com que o ciclo Diesel acabe mais restrito a veículos comerciais pesados, onde a rentabilidade é inquestionavelmente superior.

Muitas vezes é levantada a hipótese da partida a frio acabar atrapalhando uma maior inserção do Diesel por lá, mas ao considerar a intensa participação desse tipo de motor no mercado europeu e os conseqüentes desenvolvimentos em sistemas auxiliares de pré-aquecimento atenua eventuais dificuldades relacionadas...

Ainda que a legislação federal americana não tenha as mesmas restrições arbitrárias por capacidade de carga e tração, há a exigência de compatibilidade à plataforma eletrônica OBD-II (Diagnóstico On-Board de 2ª geração) em veículos fabricados a partir de 1995.

Assim, automaticamente marginalizam-se algumas adaptações de motores com gerenciamento totalmente mecânico que vêm recentemente popularizando-se junto a usuários de pick-ups full-size, como o Cummins B3.9 (também conhecido como 4BT ou 4BT-A), Isuzu 4BD1-T e 4BD2-TC e alguns outros de especificação estacionária/industrial como o Kubota V-3800 muito usados em tratores e portanto facilmente encontráveis por bons preços em desmanches próximos a “belts” agrícolas, estes próprios um caso à parte em função do tipo de certificação junto à EPA (Environment Protection Agency, uma espécie de IBAMA americano) vetar o uso em vias públicas.

Em função de entraves burocráticos, muitos consumidores sofrem com o aparente desinteresse de fabricantes locais e importadores instalados por lá quanto às vantagens do Diesel em veículos leves, problema agravado pelos regulamentos da EPA claramente mais favoráveis aos motores de ignição por faísca e que de um modo geral tornam mais penosos os processos de homologação de veículos para uso em vias públicas, ainda que aplicações não-rodoviárias sofram menos restrições quanto às emissões, como o segmento náutico.

Na verdade, até no uso rodoviário podem ser observadas bizarras discrepâncias: como alguns motores são homologados para o uso em caminhonetes, enquadradas em categorias diferenciadas de fiscalização de emissões, por mais que tenham um impacto ambiental menor que os tradicionalmente megalomaníacos V-8 a gasolina, pela letra da lei tem o uso menos estimulado em automóveis de passageiros.

Um fator que dá aos grandes V-8 uma notável popularidade é o uso recreacional de veículos utilitários, como por exemplo para rebocar trailers de camping ou carregar motocicletas e quadriciclos off-road, por exemplo. Para tanto, torque abundante se mostra ainda mais fundamental, mas vale destacar que não é tão raro mesmo um motor Diesel de 4 cilindros com cerca de metade da potência e capacidade cúbica entre 20 e 30% inferior igualar - ou muitas vezes superar – o torque de um V-8 já a giros mais baixos, além de ter uma manutenção mais simples. Vale destacar que o uso do turbocompressor, já consagrado nos Diesel mas ainda não muito apreciado nos concorrentes a gasolina, muitas vezes acaba beneficiando de forma mais intensa por tornar a curva de torque mais plana, ampliando a faixa útil de rotações.
Também se faz importante recordar que numa pickup full-size a economia proporcionada pelo uso de motor Diesel pode alcançar os 50% sem maiores dificuldades...

Também é notável o caso dos veículos usados em áreas de mineração subterrânea: além da questão de segurança contra incêndios e explosões, o ambiente das galerias é crítico devido ao potencial acúmulo de ar viciado, levando a uma preocupação ainda maior com as emissões e que acaba por exigir o uso de sistemas de ventilação forçada para renovação do ar, e ao contrário da crença ainda muito difundida em função de antigos problemas relacionados às emissões de material particulado o uso de motores Diesel em veículos de serviço tem contribuído para a redução na potência requerida de sistemas de renovação de ar, muitas vezes também acionados por meio de motores Diesel, e assim, o processo logístico-operacional das minas passa a ser simplificado, já contribuindo para um footprint mais modesto por conta da menor demanda por recursos energéticos para a manutenção dos trabalhos.

Porém, devido à ineficiente burocracia, tais resultados que poderiam beneficiar o consumidor com um impacto ambiental menor que a problemática geração de automóveis híbridos acabam engavetadas.

Um exemplo digno de destaque é a pick-up Toyota Tacoma, de porte similar à Hilux: algumas empresas especializadas em equipamentos para mineração oferecem conversões do modelo para Diesel, mediante a adaptação motores como o Cummins QSB3.3, que mesmo apresentando índices de poluição do ar menores frente aos motores a gasolina com os quais a caminhonete é originalmente disponibilizada, não tem o uso permitido em vias públicas apenas pela falta de certificação do motor para tal finalidade junto à EPA.

Por mais que se faça necessário o cumprimento de normas federais para a comercialização dos automóveis em território americano, alguns estados adotam regimes de fiscalização menos rigorosos quanto às inspeções, facilitando as “dieselizações” clandestinas. Numa demonstração de um bom-senso que falta à EPA, muitas vezes a necessidade de aprovação por um “smog referee” antes da modificação ser averbada no documento do veículo acaba provando que a superioridade técnica do Diesel é mais benéfica ao meio-ambiente que a arrogante ignorância da EPA...

Outro ponto a se considerar com relação ao mercado americano é a dependência de petróleo importado de áreas politicamente instáveis, como o Oriente Médio: a maior adaptabilidade do ciclo Diesel a combustíveis alternativos como o biodiesel, o etanol ou mesmo óleos de cozinha saturados (algo que claramente não falta num país viciado em fast-food) pode proporcionar uma redução considerável nas remessas de dinheiro para territórios estrangeiros onde existe um sentimento anti-americano muito intenso, muitas vezes financiando ações hostis como o terrorismo islâmico.

Na prática, mesmo com o óleo diesel tendo no mercado americano um preço atualmente mais próximo da gasolina premium, os motores de ciclo Diesel ainda mostram-se vantajosos sob diversos aspectos...

2 comentários:

  1. Sin embargo es posible decir que los Diesel son una buenisima opcion para reducir las emisiones y dependencia en petroleo arabe o venezolano sin alejarse de los autos full-size que les gusta tanto a los estadounidenses. Ya vi hazta unos Ford Crown Victoria convertidos al Diesel con motores japoneses. Creo que lo acuerdes que hay muchos trabajadores filipinos en Dubai, Arabia Saudita y otros rincones arabes, y unos que compran a eses vehículos de 2da mano les adaptan motor y caja de velocidades de camionetas, sobretodo Mitsubishi L200 y Toyota Hilux.

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  2. Não entendo como tem tanto americano que prefere instalar blower num motor V6 ou V8 mas bota defeito em motor a diesel. Sai caro no início mas vale mais a pena.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html