sábado, 19 de maio de 2012

Desligamento e arranque automático em marcha-lenta: pode zerar vantagens dos híbridos?

Por mais que testes práticos nas mais distintas circunstâncias tenham demonstrado a superioridade dos motores Diesel, um ponto que ainda fomenta discussões e eventuais opiniões favoráveis aos híbridos que insistem na ignição por faísca, baseia-se na interrupção do funcionamento do motor a combustão enquanto o veículo encontra-se parado, seja num semáforo ou num congestionamento tão usual em grandes cidades mundo afora - os elétricos pela própria natureza são acionados apenas sob demanda.

Sem dúvidas, os híbridos acabam beneficiados pelo desligamento momentâneo do motor a combustão, embora não exista nenhum impedimento à implementação do sistema Start-Stop, também conhecido como "micro-híbrido" (ou MHD, do inglês micro hybrid drive), em veículos com powertrain convencional. Entre os modelos que oferecem o dispositivo, destaca-se a 2ª geração do Porsche Cayenne, que oferece desde versões puramente a gasolina até uma com motor Diesel, passando pelo híbrido a gasolina. E provando que a tecnologia é de fácil implementação, mesmo automóveis de concepção mais vetusta como os rústicos utilitários Mahindra inspirados em projetos básicos da antiga Willys-Overland contam com versões "micro-híbridas", proporcionando reduções em torno de 10% no consumo urbano enquanto, ao contrário dos híbridos plenos, a ausência das pesadas baterias tracionárias representando um peso morto e um risco ambiental na eventualidade de um acidente não prejudica o consumo rodoviário nem toma espaço útil para a acomodação de bagagens.

Também é habitual nos híbridos o uso de um ou mais motores elétricos para prover força motriz a elementos como o compressor do ar condicionado, a direção assistida e eventualmente até as bombas de água e óleo do motor a combustão, num sistema equivocadamente conhecido como mild-hybrid. Alguns modelos, como a 1ª geração da Chevrolet Silverado Hybrid e o Mercedes-Benz S400 Hybrid, ao invés de serem híbridos plenos, apenas contavam com esse expediente em que o motor elétrico não acumula função tracionária. Apesar da significativa redução no consumo, na ordem de 5 a 10%, permanece inferior à vantagem média de 20 a 30% num automóvel com motor Diesel em comparação com um similar de motor do ciclo Otto, alcançando facilmente os 50% em utilitários de grande porte.

No entanto, o fator que ainda pode representar um empecilho -mas não um impedimento- ao uso do desligamento e arranque automático com motores Diesel é a partida a frio, mesmo com os mais recentes avanços em dispositivos auxiliares de pré-aquecimento. Vale destacar que entre os diferentes sistemas de injeção também ocorrem variações na partida a frio e estabilização da marcha-lenta, com vantagem para os motores de injeção direta. Pesando tanto contra o ciclo Diesel quanto os híbridos, é digno de nota que a "fase fria" entre a partida e a estabilização de marcha lenta e temperatura operacional é o momento em que a emissão de gases poluentes é mais intensa.

Com a presença do turbocompressor na grande maioria dos motores Diesel de especificação automotiva hoje disponíveis no mercado, esse dispositivo também acaba inspirando cuidados em função da lubrificação do eixo do rotor, a ponto de permanecer habitual a recomendação de manter o motor por 30 segundos em marcha-lenta antes do desligamento mesmo com as evoluções da metalurgia de precisão e o uso de rolamentos menos sensíveis a uma diminuição abrupta da pressão do óleo nos mancais do eixo.

Na prática, mesmo com todas as exageradas promessas em torno dos híbridos, se o ciclo Diesel já é capaz de superá-los em eficiência mesmo sem o auxílio da tração elétrica, ao incorporar alguns artifícios comuns aos híbridos com motores de ignição por faísca atualmente disponíveis no mercado pode zerar muitas das principais vantagens apresentadas por esse complexo, oneroso e superestimado sistema...

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html