quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Uma rápida reflexão sobre a sabotagem institucional ao biodiesel

Mesmo com as absurdas restrições ao uso de motores Diesel em veículos leves, o setor agroenergético já conta com uma grande capacidade instalada para a industrialização do biodiesel no Brasil. No entanto, a atual política regulatória tem levado tais operações a um cenário de ociosidade e prejuízos, que vão desde o baixo valor repassado aos produtores nos infames leilões da ANP (na faixa de R$1,94 por litro) não cobrindo os custos de produção até atrasos na implementação de blends com uma concentração mais alta de biodiesel no óleo diesel convencional, como o B10 (10% de biodiesel) e o B20 (20% de biodiesel), ou mesmo a liberação da venda do B100 (biodiesel puro, sem "petrodiesel") ao consumidor final no varejo.

Ainda que experiências bem-sucedidas levadas a cabo por fabricantes de motores e veículos assegurando a eficiência dessas medidas, bem como o uso de B100 na frota de ônibus urbanos de Curitiba, a estupidez burocrática segue prejudicando tanto a indústria quanto o cidadão que permanece privado dessas opções. Vale destacar que há ainda estoques de biodiesel que podem até deteriorar-se durante um armazenamento prolongado, num cenário de desperdício que pode ser analisado desde a destinação das matérias-primas à produção do combustível passando pelo gasto de energia e reagentes envolvidos no beneficiamento, num momento em que ainda se recorre à importação de óleo diesel convencional que poderia muito bem ser substituído ao menos em parte pelo biodiesel, amenizando também problemas relacionados ao custo dos processos de dessulfurização requerido para garantir padrões adequados de qualidade ao óleo diesel convencional.

Tentou-se por algum tempo atribuir ao biodiesel um falso viés de "responsabilidade social", cercado de bravatas acerca de uma maior participação da agricultura familiar no fornecimento das matérias-primas, destacando nesse contexto a mamona. Depois, desculpas esfarrapadas sobre a menor viscosidade do óleo de mamona foram dadas para justificar uma estúpida dependência do programa brasileiro de biodiesel à soja, o que acaba por acirrar ainda mais algumas discussões sobre o impacto da produção de biocombustíveis na segurança alimentar, ao mesmo tempo que a indústria da miséria continua lucrativa para burocratas que convenientemente ignoram o potencial de oleaginosas rústicas como o pinhão-manso e a própria mamona em levar dignidade e geração de emprego e renda tanto em áreas degradadas ao redor de grandes centros consumidores quanto em regiões onde o desenvolvimento agropastoril enfrenta fatores ambientais adversos como no semi-árido nordestino.

Não custa salientar que, comparado ao óleo diesel convencional, o biodiesel oferece ainda uma melhor miscibilidade com o etanol. Combinados, os dois combustíveis alternativos trazem resultados ainda mais consistentes na redução da emissão de poluentes, com destaque para material particulado e óxidos de nitrogênio, bem como melhor durabilidade e eficiência em dispositivos de controle de emissões exigidos nos veículos enquadrados tanto nas normas ambientais atualmente em vigor quanto nas futuras, sobretudo o filtro de material particulado (DPF).

O atual cenário, com uma regulamentação que serve basicamente para sustentar um ciclo de corrupção e incompetência que vem levando a Petrobras ao sucateamento, onde interesses politiqueiros tem prevalecido sobre a segurança energética, é motivo de vergonha para o povo brasileiro. Seguimos assim sem liberdade de escolha num mercado entregue de mão beijada a caprichos ditatoriais que asfixiam despudoradamente o setor produtivo em inúmeros aspectos...

Um comentário:

  1. Em vez de ficar de conversinha fiada tentando tampar o buraco que fizeram na Petrobras, se o governo fosse mesmo tão justo e honesto já teria acabado com esses fiascos da ANP. Tem que liberar o biodiesel puro logo de uma vez, do mesmo jeito que os militares fizeram com o álcool.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html