domingo, 10 de novembro de 2013

Breve reflexão de um dieselhead

Já passou da hora de se liberar o Diesel em veículos leves, restrição que diga-se de passagem nunca foi perfeitamente justificável. Embora o general-presidente Emílio Garrastazu Médici tivesse conduzido com maestria o breve "Milagre Econômico Brasileiro", a proibição da venda de veículos leves com motor Diesel instituída durante o mandato presidencial do general Ernesto Geisel foi uma tragédia econômica, social e científica. Quantas oportunidades perdidas de alavancar o desenvolvimento da indústria automobilística nacional podem ter sido jogadas fora? Quantas mortes de crianças nordestinas por desnutrição poderiam ter sido evitadas com pesquisas visando uma melhoria na produtividade agrícola que se poderia alcançar no semi-árido tanto para matérias-primas destinadas à agroenergia quanto para gêneros alimentícios? Quantos visionários como Expedito José de Sá Parente foram perdidos para centros de pesquisa estrangeiros?

Vá lá, na época que se deu a proibição a tecnologia nos motores leves era diferente, ainda predominava a injeção indireta, menos eficiente apesar do custo inferior, além de não haver todo o aparato que se tem hoje para promover um controle mais rigoroso das emissões veiculares, mas ainda assim teria sido perfeitamente viável desenvolver paralelamente ao ProÁlcool um programa de substituição do óleo diesel convencional por algum produto de origem vegetal, não necessariamente o biodiesel, com amplas possibilidades de estender a mais regiões do país o grande desenvolvimento que a indústria da agroenergia levou à região de Ribeirão Preto. Ainda é possível correr atrás de recuperar o prejuízo com folga, mas é necessário imbuir-se de um patriotismo sincero e infelizmente quase extinto no Brasil.

Durante a década de 80 a Fiat chegou a testar umas caminhonetes movidas a óleo de mamona, e a Volkswagen fez pesquisas com óleos de soja e de amendoim, ainda em motores de injeção indireta que até respondem melhor ao teor de glicerina nos óleos brutos que os de injeção direta, por sua vez mais adequados ao biodiesel. Vale lembrar, ainda, dos motores bicombustível de injeção direta movidos a óleo diesel e etanol que a MWM fazia para tratores Valmet e caminhões Ford F-22000 canavieiros, baseado na consagrada série 229, com duas bombas injetoras e linhas de combustível independentes, mas que não necessitavam nem mesmo daquele aditivo usado em motores Scania a etanol para promover a ignição (embora o uso de aditivos como o Proal produzido pela Bardahl fosse uma prática comum para garantir a integridade da bomba injetora que operava com o combustível derivado da cana-de-açúcar).

Experiência com alternativas para diminuir o impacto da liberação do Diesel sobre os custos do transporte pesado existem e já são até bem conhecidas, só falta bom-senso político para correr atrás de evitar a perpetuação de um erro que tem mantido o mercado brasileiro alijado de relevantes avanços tecnológicos.

2 comentários:

  1. Mas e se alguém conseguir importar um carro pequeno a diesel e quiser legalizar no álcool, será que dá para fazer?

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    1. Não há impedimento técnico, nem fundamento jurídico para impedir. No caso de um motor com gerenciamento eletrônico pode ser necessário fazer algum remapeamento da injeção, mas não é impossível.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html