quarta-feira, 29 de julho de 2015

Caso para reflexão: Toyota Prius em testes na Brigada

Um dos primeiros exemplares do Toyota Prius trazidos oficialmente ao Brasil em 2012 para demonstrações está atualmente sendo submetido a testes na Brigada Militar do Rio Grande do Sul, mais especificamente no 9º Batalhão de Polícia Militar, localizado em Porto Alegre e responsável pelo patrulhamento na região central e nas ilhas. Há ainda outros 2 exemplares sendo testados pela Polícia Militar de Pernambuco, um no Recife e outro em Fernando de Noronha. Se o modelo for eventualmente incorporado em alguma força policial brasileira, já é outra história...

A bem da verdade, por ser dotado de um modo de operação puramente elétrico, o Prius, assim como alguns outros híbridos que não foram avaliados pela Brigada mas já estão operacionais em forças policiais estrangeiras, até pode ser vantajoso e favorecer uma aproximação mais discreta e silenciosa visando surpreender um criminoso em flagrante delito. Também é interessante frisar um aspecto que passa desapercebido pela maioria dos cidadãos comuns, que seria a comodidade para o condutor da viatura poder manusear uma pistola com uma mão sem precisar soltar a outra do volante para trocar marchas, visto que no Prius o motor elétrico emula o funcionamento de um câmbio automático. Por mais que a Toyota anuncie que o modelo tenha um CVT controlado eletronicamente, na verdade não tem um câmbio propriamente dito.

Por outro lado, não se pode esquecer que o Brasil é signatário do Tratado do Atlântico Norte, portanto em teoria as viaturas militares deveriam ser equipadas com motor Diesel, e ao considerarmos a natureza militar do policiamento ostensivo no país também faria sentido incluir as viaturas de polícia nesse contexto. Entretanto, persiste aquela arcaica restrição ao uso de óleo diesel como combustível em veículos com capacidade de carga inferior a uma tonelada (1000kg), acomodação para menos de 9 passageiros além do motorista, e que não sejam dotados de tração 4X4 com caixa de transferência de dupla velocidade (a popular "reduzida"). Assim, é favorecida a manutenção de uma percepção equivocada dos sistemas híbridos como a alternativa mais adequada a um incremento da eficiência energética da frota brasileira, ignorando-se os benefícios inerentes aos motores do ciclo Diesel que poderiam somar-se à tão alardeada economia de combustível atribuída aos veículos híbridos.

Cabe recordar, ainda, que o Rio Grande do Sul tem vínculos culturais muito intensos com a atividade agropastoril/agroindustrial, ressaltadas até mesmo pelo atual governador José Ivo Sartori durante a campanha eleitoral de 2014 quando lembrava o fato de ser "filho de colono", e portanto não seria coerente deixar de lado as possibilidades de um fomento à produção local de biocombustíveis, que poderiam atender até mesmo às necessidades da Brigada. Com o motor de ignição por faísca e injeção indireta usado no Prius, mencionado em material de divulgação da Toyota incorretamente como sendo do ciclo Atkinson embora seja na verdade do ciclo Otto, as opções ficariam mais restritas do que se fosse equipado com um do ciclo Diesel. Também poderia ser uma ótima oportunidade para pesquisas nas faculdades de Engenharia Mecânica, tanto públicas quanto particulares com destaques para a UFRGS e a Unisinos, visando o desenvolvimento de biocombustíveis mais avançados e adequados não só às especificidades do cenário operacional militar mas também compatíveis com os sistemas de controle de emissões cada vez mais complexos que vem sendo incorporados nas gerações mais recentes de motores Diesel, principalmente para aplicações veiculares.

7 comentários:

  1. É bonitinho mas eu duvido que vá dar certo usar como carro de polícia.

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  2. Se fosse tão bom para usar como patrulheiro de polícia, serviria certo no Japão também.

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  3. Se fosse para levar a sério qualquer plano de incorporar híbridos na frota da Brigada teriam começado a bem mais tempo. Isso tem jeito de ser só fogo de palha.

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  4. Sabe se vão continuar testando o Prius na Brigada até o ano que vem? Vi um rodando nas proximidades do 11º BPM durante a noite mas não consegui ver identificação de qual batalhão o carro estava a serviço.

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    1. Já vi o Prius por lá também, mas não sei se o teste vai continuar além desse ano. Até onde eu saiba o contrato de comodato firmado pela Toyota com o governo estadual é só de 1 ano.

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  5. Não sou especificamente contrário aos híbridos, mas não deixa de ser uma boa oportunidade para se discutir de uma forma mais ampla a precariedade das viaturas policiais brasileiras. Câmbio automático já deveria ter se tornado equipamento padrão, arrisco dizer que talvez pudesse até ter salvo alguns policiais que morreram em serviço.

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  6. Acho uma desmoralização botar a polícia para trabalhar com carrinho de nerd metido a ecologista, se bem que hoje ainda estaria melhor que os paus velhos e os populares que usam como viatura na minha cidade.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html