sexta-feira, 10 de julho de 2015

Gás natural em veículos com motor Diesel: algumas considerações

Uma dúvida que tem sido recorrente é a possibilidade de usar gás natural em motores Diesel, visto que o mais comum é adotar esse combustível em motores de ignição por faísca. Até mesmo algumas conversões baseadas em motores do ciclo Diesel envolvem a passagem para o ciclo Otto, e assim o gás natural normalmente passa a ser o único combustível utilizável, tendo em vista que suporta melhor taxas de compressão elevadas que provocariam detonação até mesmo se fosse usado o etanol sem recorrer à injeção direta.

Tecnicamente, não há impedimentos ao uso do gás natural em paralelo ao óleo diesel convencional ou outros combustíveis líquidos, que ainda se fazem necessários para que seja gerada a centelha. No entanto, em veículos fabricados a partir de '97 exige-se que o kit de conversão seja gerenciado eletronicamente para manter-se de acordo com as normas de emissões ainda hoje em vigor e que só contemplam o uso do gás em motores de ignição por faísca. É possível usar misturadores para administrar proporções fixas do gás natural e do óleo diesel através do sistema de injeção original do motor, ou ainda liberar o gás no coletor de admissão para que seja admitido e comprimido junto do ar, mas esse último método pode ser mais problemático em função de um controle menos apurado da proporção estequiométrica (ar/combustível). Em motores Diesel com gerenciamento eletrônico, abriram-se novas perspectivas com a possibilidade de uma maior variação nas proporções entre o gás natural e o óleo diesel.

Embora a integração com o gás natural seja pouco comum no mercado brasileiro, onde os combustíveis são vistos mais como concorrentes ao invés de complementares e mais relegada a aplicações estacionárias/industriais, já é uma realidade na Europa e nos Estados Unidos principalmente em veículos pesados e no segmento náutico, enquanto na Tailândia algumas pick-ups médias já contam com essa opção diretamente de fábrica. Mesmo com uma presença mais maciça do gerenciamento eletrônico em veículos com motor Diesel a partir de 2005 no mercado brasileiro, passando a ser obrigatória a partir de 2012 em paralelo à implementação das normas Euro-5, as perspectivas ainda se mostram um tanto limitadas para que o consumidor encontre opções com boa relação custo/benefício sem ter de recorrer ao ciclo Otto para operar com gás natural.

Considerando que um motor Diesel normalmente tem custo inicial superior a um equivalente de ignição por faísca, uma eventual conversão para gás ficaria ainda mais questionável. O manejo de combustíveis gasosos também desencoraja alguns potenciais usuários devido à complexidade, e ainda há desvantagens práticas no tocante à capacidade de carga tanto em peso quanto volumétrica. Mesmo sendo uma opção atraente para o uso em frotas de empresas de saneamento básico e coleta de lixo, que poderiam valer-se do biogás/biometano para diluir mais rapidamente o investimento inicial, o gás natural ainda gera algumas desconfianças.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html