quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Uma reflexão sobre a aplicabilidade de sistemas de transmissão híbridos em aplicações profissionais

Sistemas de propulsão híbrida incorporando um motor de combustão interna e um ou mais motores elétricos tornaram-se um tabu entre defensores da liberação do Diesel em veículos leves, visto que modelos como o Toyota Prius são superexpostos como um pretexto para se insistir na ignição por faísca. Podem no entanto ser vistos não apenas como uma tecnologia antagônica ao Diesel, mas como um complemento para incrementar a eficiência geral das frotas de serviço e reduzir a pressão sobre a disponibilidade dos combustíveis? Exemplos como os ônibus Volvo B215RH levam a crer que sim...
Dependendo do projeto, é possível montar o motor elétrico entre o motor de combustão interna e o câmbio, passando a fazer também o acoplamento em substituição à embreagem como no Volvo B215RH que é equipado com câmbio manual-automatizado, ou ao conversor de torque como no BMW ActiveHybrid 7 que tem câmbio automático. Incorpora também as funções do motor-de-arranque e do alternador, pode acionar acessórios e periféricos sem depender de correias, e ainda servir como retardador de frenagem de modo a prolongar a durabilidade dos freios. Cabe salientar que os intervalos entre eventuais intervenções de manutenção que se façam necessárias tornam-se mais espaçados em comparação a um conjunto de embreagem, além de não apresentar deslizamento como o conversor de torque hidráulico usado em câmbios automáticos.

Operações urbanas de distribuição e entregas porta-a-porta oferecem um cenário particularmente favorável à hibridização. O anda-e-para é constante, e o trânsito cada vez mais congestionado nas principais cidades, e assim com o câmbio manual que ainda é predominante nesse segmento no mercado brasileiro o desgaste da embreagem acarreta não só mais custos como também tempo que se perde com o veículo parado para manutenção. Portanto, há outra boa possível justificativa de longo prazo para o preço inicial mais elevado, além da redução no consumo de combustível já esperada por proprietários e operadores de veículos híbridos.

As baterias ainda são um ponto polêmico, tanto devido ao impacto do peso e volume sobre a capacidade de carga dos veículos quanto à durabilidade diante de oscilações nos ciclos de carga e descarga, mas é possível que opções adequadas às distintas condições operacionais sejam oferecidas da mesma forma que acontece com tanques de combustível de diferentes tamanhos. A composição química dos eletrólitos e todos os processos envolvidos na produção e distribuição das baterias são outros aspectos controversos, frequentemente apontado em contraponto a alegações de defensores de veículos puramente elétricos ou híbridos com motor de ignição por faísca acerca de um footprint ambiental menor durante a vida útil operacional estimada de um veículo. A destinação ao final da vida útil também desperta indagações, principalmente num certo país de terceiro mundo que ainda apresenta um cenário caótico mesmo no descarte do lixo comum...
Justamente a coleta de lixo é mais um segmento que poderia ser beneficiado pela integração entre motores Diesel e sistemas de transmissão híbridos. Em grandes cidades, trata-se de um serviço normalmente feito durante a noite, tendo portanto na emissão de ruídos um ponto crítico. A possibilidade de usar apenas o motor elétrico ao menos em alguns trechos do trajeto já reduz o desconforto acústico tanto para o operador quanto para a população atendida, e o motor elétrico pode atuar também como tomada de força (PTO - power take-off) para acionar o compactador de lixo sem a necessidade de manter o motor Diesel em rotação elevada com o veículo parado.

Ainda que a forte antagonização atribuída às propostas dos sistemas de tração híbridos e dos motores Diesel nos veículos leves dê margem a questionamentos, não se pode ignorar vantagens operacionais que poderiam resultar de uma integração dos mesmos com o intuito de promover uma melhoria na eficiência energética e redução nos custos gerais de manutenção das frotas de operadores profissionais com os mais distintos perfis. Também é importante salientar que essa medida acarretaria numa menor pressão exrcida pelas aplicações utilitárias sobre a demanda por óleo diesel convencional e substitutivos, constituindo portanto mais um bom pretexto para pleitear a liberação do Diesel em veículos leves no mercado brasileiro.

2 comentários:

  1. Caminhão eu já não sei, ônibus se for o caso só em cidades maiores onde a prefeitura fica cobrando mais de perto, mas híbrido para usar a trabalho eu acho que ainda vai demorar a dar certo. Já viu o quanto tem de moto com aquela banheira do lado para transportar material? Isso sim é bom que economiza gasolina sem estrupiar os bolsos do peão.

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    1. Aquela "banheira" é o side-car. Já vi muitas motos equipadas com esse implemento, principalmente para carregar garrafões de água e botijões de gás.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html