sexta-feira, 2 de outubro de 2020

Uma reflexão sobre a Fiat Strada de 2ª geração e perspectivas para a hibridização acirrar um antagonismo contra o Diesel em veículos leves

Não é novidade que a Fiat soube aproveitar oportunidades para tornar-se uma referência no mercado de veículos compactos, destacando-se também pela aposta no segmento das pick-ups derivadas de carros e cuja atual representante na categoria é a recentemente lançada 2ª geração da Fiat Strada, agora contando com o motor Fire 1.4 nas versões básicas e intermediárias e o Firefly 1.3 exclusivo para a versão top de linha Volcano, ambos flex movidos a gasolina e etanol no mercado brasileiro ou somente a gasolina em alguns mercados de exportação regional como a Argentina. Dando continuidade a uma história que vem desde a primeira pick-up compacta nacional que era derivada do Fiat 147 ainda com o mesmo tamanho do hatch antes que surgissem modelos mais longos já com a denominação Fiorino inicialmente na base do 147 e depois do Uno, passando pela chegada da 1ª geração da Strada baseada no Palio até chegar na atual geração com referências visuais tanto do subcompacto Mobi quanto do compacto Argo, fica difícil negar que causa alguma estranheza a atual estratégia de não oferecer nem para exportação ao menos um motor turbodiesel. Tendo deixado ainda na geração anterior de ser oferecida na Europa onde sempre foi oferecida com maior ênfase exatamente nos turbodiesel, e também na África do Sul onde até as versões mais completas usaram um motor a gasolina mais modesto que na especificação brasileira equivalente e um turbodiesel de 1.7L ainda com injeção indireta mesmo quando o mercado europeu já havia recebido o 1.9 JTD que inaugurou a injeção direta tipo common-rail com gerenciamento eletrônico e finalmente o 1.3 Multijet, a essa altura do campeonato é possível considerar que a Strada distanciou-se da pauta de uma eventual liberação do Diesel no Brasil ao deixar de oferecer tal opção para exportação enquanto já se pode considerar mais próxima de algumas estratégias consideradas antagônicas ao Diesel.
Por mais incrível que possa parecer ao considerarmos um aspecto essencialmente utilitário que ainda se opõe à imagem de uma sofisticação por vezes excessiva atribuível a sistemas híbridos, e destacando a modularidade do projeto do motor Global Small Engine mais conhecido no Brasil como Firefly que deu origem tanto a versões de 1.0L de 3 cilindros quanto 1.3L com 4 cilindros, o fato de já ser oferecida na Europa uma versão "mild-hybrid" do 1.0 em carros compactos para atender às regulamentações que tem sido implementadas em algumas grandes cidades européias leva a crer que seria a maneira mais fácil de conseguir marcar um retorno ao Velho Continente mesmo que mantivesse as duas válvulas por cilindro com comando simples e injeção sequencial nos pórticos de válvula ao invés de 4 válvulas por cilindro e injeção direta que o GSE europeu usa tanto na versão 1.0 "mild-hybrid" aspirada quanto nas turbo entre 1.0 e 1.3 com o motor maior já aplicado nas versões híbridas plug-in dos Jeep Renegade e Compass. É de se considerar que a injeção direta em motores a gasolina ou flex tornou-se problemática ao requerer em alguns modelos um filtro de material particulado para atender às normas de emissões atuais como já ocorria com os turbodiesel, e mesmo que a hibridização tenha começado a buscar um público com outro perfil a expansão para modelos generalistas alcançando até modelos que seriam enquadrados no Brasil na faixa dos "populares" numa época em que os custos do pós-tratamento de gases de escape torna-se desafiador ao Diesel nos segmentos de entrada dá margem à especulação. Enfim, mesmo preservando a concepção essencialmente utilitária que justificaria uma liberação do Diesel mesmo com tração simples e capacidade de carga de 720kg com cabine simples ou 650kg com cabine dupla, a 2ª geração da Fiat Strada sofre pressão por um custo competitivo nos mercados latino-americanos onde já é oferecida, e também ficaria sob uma perspectiva de incertezas quanto a uma eventual disponibilidade desse tipo de motorização mesmo que voltasse a uma região onde o custo de um turbodiesel parece mais fácil de amortizar.

Um comentário:

  1. Não creio que possa vender bem nos Estados Unidos enquanto não tiver câmbio automático, mas para a Europa pode até ser. Isso se não preferirem simplesmente instalar esse motor e o sistema híbrido no Doblò.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html