A massificação do gerenciamento eletrônico nos motores foi essencial para que o câmbio automatizado pudesse ser viabilizado, o que num primeiro momento poderia parecer contraditório ao lembrarmos que gerações mais antigas de motores Diesel já podiam funcionar satisfatoriamente associadas a um câmbio automático tanto com controles puramente hidráulicos quanto com um sistema eletrônico stand-alone. É importante destacar que a mesma precisão proporcionada pela eletrônica aos câmbios automatizados foi também benéfica aos automáticos, o que a princípio favoreça uma preferência dos gestores de frotas ao automatizado tão somente pelo conceito mais próximo de um câmbio manual convencional, podendo ser aplicável portanto a praticamente qualquer veículo com motor gerenciado eletronicamente, desde os caminhões Volkswagen Constellation que já incorporam em algumas versões câmbio automatizado sob a denominação comercial V-Tronic até o Lada Niva que segue disponível no exterior já com a injeção eletrônica sequencial nos pórticos de válvula mas que nunca foi oferecido com nenhum câmbio que não seja manual.
Um caso interessante de se observar de um veículo inicialmente lançado somente com câmbio manual e que viria a incorporar posteriormente a opção pelo câmbio automático, a Volkswagen Amarok chegou ao mercado brasileiro em 2010 importada da Argentina, e junto ao motor 2.0 TDI com 4 cilindros vinha o câmbio ZF Ecolite 6S-450 fabricado no Brasil. Esse mesmo câmbio até poderia ter sido oferecido em configuração automatizada, lembrando que para uso em caminhões leves e microônibus outros câmbios manuais da série Ecolite já serviam de base para automatizados AS-Tronic, e a princípio já poderia ser uma opção conveniente para quem priorizava o conforto mas não se dispunha a esperar pelo automático também produzido pela ZF da série 8HP mas proveniente da Alemanha. Pode soar muito imediatista, e até reforçar a imagem de gambiarra que persiste junto a uma parte do público com relação aos câmbios automatizados monoembreagem, embora também caiba observar que desde 2003 a própria Volkswagen começou a apostar nos câmbios automatizados de dupla embreagem como alternativa aos automáticos convencionais mas a durabilidade em condições operacionais severas sofra questionamentos mais duros em comparação tanto aos automáticos propriamente ditos quanto aos manuais, o que leva a crer que um automatizado de embreagem simples possa não ser de todo inservível.
Naturalmente, com os câmbios ZF 8HP45 oferecido opcionalmente em versões da Amarok equipadas com o motor 2.0 TDI e 8HP70 que no Brasil é o único disponível com o motor 3.0 V6 TDI já não sobra muito espaço para levantar a hipótese de ser disponibilizado um câmbio automatizado, por mais que até pudesse parecer fazer algum sentido no tocante à logística num primeiro momento. Tendo em vista que tanto a opção pelo motor V6 quanto o câmbio automático de 8 marchas consolidaram junto ao público a imagem de sofisticação em torno da Amarok, o perfil dos compradores desse modelo fica mais distante das premissas de simplicidade que levam um câmbio automatizado monoembreagem a se manter como um primeiro passo no sentido de quebrar uma hegemonia do câmbio manual em aplicações estritamente profissionais. Da mesma forma que motores turbodiesel deixaram de ser vistos tão somente como uma ferramenta de trabalho, à medida que o consumidor generalista se encantava pelas pick-ups médias com cabine dupla, uma desmistificação do câmbio automático que já vem ocorrendo no mercado de veículos particulares não deixa de ter algum impacto também junto a veículos teoricamente mais voltados ao uso comercial.
Por mais que um câmbio automatizado não vá proporcionar todas as vantagens de um automático, vale destacar que o fato de priorizar as trocas de marcha "no tempo" e a integração dos controles eletrônicos entre motor e câmbio já prolonga a durabilidade do conjunto de embreagem e tende a evitar excessos de rotação em algumas circunstâncias, proporcionando uma redução no consumo de combustível que seria apreciada pelos gestores de frota que não considerem tão supérfluo o conforto do operador. Outro ponto a se destacar é o menor incremento sobre o peso em ordem de marcha comparado ao que se observaria com um câmbio automático, e portanto a capacidade de carga fica menos comprometida tomando por referência o mesmo modelo equipado com o câmbio manual. Enfim, ainda que historicamente não se dê a justa atenção ao conforto em veículos utilitários, a possibilidade de conciliar benefícios ao operador a rotinas de manutenção já consolidadas com o câmbio manual mantém o automatizado monoembreagem como uma alternativa razoável em algumas aplicações.
A rejeição ao câmbio automático sem conhecer as melhorias que os mais recentes tiveram chega a ser burrice mesmo.
ResponderExcluirDesde antes de aprender a dirigir, eu já tinha alguma simpatia pelo câmbio automático. Muito por influência de pick-ups e SUVs americanos predominantemente com câmbio automático que me chamavam a atenção.
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