Mais conhecidos no Brasil por um limitado uso em viaturas de bombeiros e pelo fracasso no segmento de chassis de ônibus na época da Magirus-Deutz quando ainda recorriam à refrigeração a ar, mas que no exterior tendo equipado até algumas versões do Ford Cargo de 1ª geração, os motores Deutz ainda são uma referência no tocante à durabilidade e resiliência a condições operacionais severas em aplicações tão diversas quanto maquinário agrícola e uma infinidade de equipamentos especiais. Hoje praticamente esquecida nas aplicações veiculares após o fim da parceria com a Volvo, mas ensaiando um retorno por conta própria, não restam dúvidas quanto à viabilidade de um eventual retorno da Deutz ao mercado de motores para caminhões e ônibus em função da qualidade dos produtos e também da tradição da marca. Ao menos 4 fatores podem facilitar um retorno da Deutz nesse segmento:
1 - imagem da marca: vale destacar que, além do uso de motores Deutz em algumas versões européias do Ford Cargo, também houve uma participação da antiga Magirus-Deutz na formação da atual Iveco. A princípio soa pouco provável que a Iveco pudesse recorrer ao outsourcing de motores Deutz para os mercados europeu e latino-americano, embora não se possa negar que outras regiões como a Austrália, a África e o Oriente Médio possam ser mais receptivos a essa estratégia;
2 - similaridades nos métodos de controle de emissões: os custos associados ao enquadramento nas
normas de emissões cada vez mais rígidas, às vezes apontado como um impedimento à viabilidade dos motores Diesel de médio a longo prazo inclusive em aplicações pesadas nas quais hoje um motor a gasolina seria descartado de antemão, também já vem se expandindo para outros segmentos e seguindo uma estratégia semelhante à aplicada em gerações anteriores de motores turbodiesel para uso veicular. No fim das contas, o domínio de tecnologias como o SCR para redução dos óxidos de nitrogênio (NOx) e filtros de material particulado (DPF) hoje imprescindíveis a um caminhão ou ônibus não justificam o distanciamento desse segmento, tendo em vista a economia de escala mediante a aplicação de soluções tecnicamente semelhantes em distintas condições operacionais;
3 - cooperação técnica com fabricantes de veículos: mesmo com o fim da parceria com a Volvo, não se pode afirmar que tenham acabado as oportunidades para a Deutz atender a outros fabricantes. Até no Brasil mesmo, é possível destacar o caso da Agrale que hoje usa principalmente motores Cummins mas também oferece alguns MWM dependendo do modelo. Também é conveniente recordar que a própria Agrale chegou a usar motores Deutz em versões destinadas à exportação para a Argentina nas décadas de '80 e '90, ainda refrigerados a ar, ao invés dos MWM e Perkins que eram usados no Brasil à época;
4 - o mercado de ônibus em diferentes regiões: enquanto na América do Sul ainda é mais comum que os fabricantes mais tradicionais de carrocerias priorizem o uso de um chassi fornecido separadamente, na Europa já é comum o fornecimento de ônibus "integrais" com estrutura monobloco mas permanece o uso de conjuntos mecânicos e outros componentes como suspensão e freios produzidos por terceiros. É interessante destacar o caso da Irizar, cuja operação brasileira ainda produz ônibus sobre chassis feitos por fabricantes tradicionais como a Scania enquanto na Espanha já dá mais destaque aos monoblocos.
Cheguei a ver caminhão Agrale com símbolo da Deutz durante uma viagem de férias a Buenos Aires, mas isso já faz mais de 10 anos. E era um modelo já antigo.
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