sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Seria o sucesso do Jeep Renegade favorecido pelas restrições ao Diesel em veículos leves?

Lançado no exterior em 2014 e chegando no Brasil em 2015, o Jeep Renegade destacou-se logo de cara por ter sido o primeiro crossover compacto a oferecer um motor turbodiesel no mercado nacional. Com o câmbio automático de 9 marchas enquadrando-se naquela mesma exceção que já dispensaria modelos de outros fabricantes da obrigatoriedade de ter uma caixa de transferência de dupla velocidade, contanto que a relação da 1ª marcha seja crawler, foi possível homologar as versões 4X4 como "utilitário" para a finalidade de assegurar o direito de recorrer ao motor turbodiesel mesmo que os principais concorrentes mantivessem essa opção restrita a outros mercados. Naturalmente, essa configuração não é aplicável à totalidade da produção, embora tenha ocorrido uma diferenciação por tipo de tração entre versões "flex" sempre 4X2 e as turbodiesel que nem poderiam abrir mão da tração 4X4 devido à burocracia.
A bem da verdade, o fato do Jeep Renegade também oferecer no Brasil a tração 4X4 exclusivamente com câmbio automático é outro ponto bastante apreciado pelo público com perfil cada vez mais urbano que segue aderindo maciçamente aos SUVs, e na prática a imensa maioria dos consumidores já pode ser bem servida pela tração somente dianteira como ocorre nas versões flex que inicialmente dispunham da opção entre câmbio manual de 5 marchas ou automático de 6 marchas antes que fosse consolidado um único câmbio para cada motor prevalecendo o automático. Também seria impossível ignorar a força da marca Jeep aos olhos do público generalista, constantemente associada aos modelos de concepção mais tradicional e direcionadas ao uso off-road pelos quais se notabilizou desde a década de '40 e que já atrai quem considere mais desejável a imagem de uma marca mais especializada na categoria. Outro aspecto bastante curioso de se observar é como a motorização Diesel detém uma posição de prestígio na linha, e até por causa das alíquotas de IPI serem escalonadas por faixa de cilindrada para automóveis que não se enquadrem como "utilitário" com base nas capacidades de carga e passageiros ou tração torna-se mais difícil justificar um motor flex de cilindrada mais alta que o 1.8 E.torQ que é o mais modesto oferecido no Brasil, em contraponto ao Tigershark 2.4 a gasolina que equipou exemplares brasileiros produzidos para exportação à Argentina e similares produzidos na Itália destinados aos Estados Unidos e Austrália.
Mesmo que o tratamento desigual dado aos veículos com motor Diesel a partir de 2015, com a alíquota de IPI de 25% idêntica à aplicada aos modelos com cilindrada de 2.0L movidos somente a gasolina, de certa forma prejudique a competitividade tanto quanto os cuidados que se deve ter com a especificação do óleo diesel convencional para evitar danos aos dispositivos para controle de emissões como o filtro de material particulado, o perfil mais urbano associado à maioria do público do Jeep Renegade indica que há sim uma demanda por veículos com motor turbodiesel para a qual os SUVs são o quebra-galho para driblar a burocracia. Naturalmente, fatores mais subjetivos como a imagem de prestígio da marca e a percepção dos SUVs como indicativos de um estilo de vida ativo também exercem uma atração, mas não são os únicos motivos que levam a uma preferência por essa categoria. Enfim, diante da inércia dos principais concorrentes, seria equivocado negar que o Jeep Renegade tornou-se um sucesso no mercado brasileiro em parte devido às restrições ao Diesel em outros tipos de veículo leve.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seja bem-vindo e entre na conversa. Por favor, comente apenas em português, espanhol ou inglês.

Welcome, and get into the talk. Please, comment only either in Portuguese, Spanish or English.


- - LEIA ANTES DE COMENTAR / READ BEFORE COMMENT - -

Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html