Outro aspecto a salientar é o uso de motores a gasolina absolutamente idênticos entre versões híbridas e não-híbridas, que pode soar especialmente justificável à medida que as novas gerações dos motores de combustão interna norteados pelo conceito de downsizing alcançam patamares outrora inimagináveis de eficiência lançando mão do turbocompressor e também da injeção direta mesmo nos motores de ignição por faísca, embora também passem a incorporar o filtro de material particulado anteriormente que já foi um calcanhar de Aquiles mais específico dos turbodiesel mas que no rescaldo do escândalo Dieselgate protagonizado pela Volkswagen ficou indispensável até para alguns motores a gasolina exatamente em função de como a vaporização do combustível imediatamente antes da deflagração do centelhamento da ignição ocorre num intervalo excessivamente curto com a injeção direta. O método pelo qual o motor elétrico está integrado ao sistema de propulsão, por meio de acoplamento eletromagnético e instalado entre o motor a gasolina e o câmbio automático ZF de 8 marchas na mesma posição do conversor de torque hidráulico das versões não-híbridas, também leva a crer que existam motivos alheios à pauta "ecológica" que se observa em outros veículos com diferenças mais substanciais tanto a nível de motor quanto de câmbio (ou ausência dele) à medida que seja aplicada a hibridização. Como o motor elétrico está acoplado, a potência e o torque combinados aos do motor a gasolina podem alcançar patamares mais altos e eliminar o deslizamento (a famosa "patinada") em acelerações que se observaria caso fosse não-híbrido e recorresse ao conversor de torque hidráulico, algo mais de acordo com uma proposta de esportividade que norteia a linha Porsche mas que poderia muito bem ser aplicado também a modelos com motorização turbodiesel.
Eventualmente algum medíocre de plantão que não tem nada melhor para fazer sinta-se tentado a fazer discursos exaltando uma falsa humildade e apontar uma suposta "inveja" em observações sobre a forma que a hibridização tem sido mais difundida no Brasil em modelos de alto valor agregado, ou insistir nas mesmas alegações que fomentam uma histeria falsamente ecológica que visa tão somente inviabilizar a continuidade do motor de combustão interna no mercado automobilístico. Mesmo que sistemas híbridos possam ser perfeitamente integrados a motores operando nos mais diferentes ciclos termodinâmicos, o viés político na preferência que se dá a um suposto antagonismo especificamente entre a tração auxiliar elétrica e os turbodiesel acaba valendo-se de fatores que já eram mais subjetivos como uma imagem dos motores a gasolina sendo inerentemente mais esportivos num contraste com a natureza essencialmente utilitária que remonta aos primórdios da "dieselização" para impor a idéia de que públicos diferenciados possam conciliar expectativas de desempenho ou eficiência em torno de uma única abordagem técnica. Enfim, por mais que alguns consumidores possam ser bem atendidos pela hibridização, e considerar a possibilidade da injeção direta favorecer a transição para combustíveis renováveis como o etanol sem levar em consideração o biodiesel para quem prefira um motor turbodiesel, a politização que se deu aos sistemas de tração auxiliar elétrica ganha contornos indesejáveis com a expectativa criada em torno dos híbridos a gasolina como a única solução para quem não abra mão do motor de combustão interna.
Até acho justificável que se tenha menos imposto para um carro híbrido mesmo se for de alto luxo, já que um consumo e uma emissão menores são benéficos. Faz bem mais sentido que premiar a poluição.
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