sexta-feira, 5 de novembro de 2021

Observação pessoal sobre biocombustíveis na perspectiva de um admirador da obra de Amaral Gurgel

Uma convicção praticamente impossível de me demover é o apreço pela obra de João Augusto Conrado do Amaral Gurgel, figura tão polêmica quanto dotada de uma genialidade por vezes incompreendida até por "especialistas" que fazem da memória desse grande patriota um saco de pancada. Visionário a ponto de não ignorar efetivas necessidades de consumidores rurais e periféricos ao desenvolver um projeto de carros populares que teve como última interpretação a ser regularmente comercializada o Supermini, foi muito criticado pela insistência no uso de carrocerias feitas em plástico reforçado com fibra de vidro e da tração traseira para a linha de carros populares quando os fabricantes generalistas já consolidavam a tração dianteira e se beneficiavam da economia de escala com monoblocos de aço estampado. Também gerou controvérsias pelas contundentes críticas ao ProÁlcool e o otimismo um tanto exagerado quanto à tração elétrica antes que se abordasse a experiência brasileira com o etanol como uma opção mais fácil de implementar e até eventualmente melhor que a eletrificação total, e que diga-se de passagem já pode ser associada a sistemas híbridos em veículos mais modernos com a ascensão da tecnologia "flex" hoje muito difundida no mercado brasileiro.
De fato, não dá para negar que Amaral Gurgel tinha alguma razão em fazer objeções à dependência pela cana de açúcar na produção do etanol e o impacto sobre a disponibilidade de terras agricultáveis para o cultivo de gêneros alimentícios, embora o uso de insumos como o milho e o sorgo possa ser uma opção benéfica à integração da agroenergia com a cadeia produtiva da pecuária. Não deixa de ser pertinente a observação que Amaral Gurgel fazia a respeito do ProÁlcool ser "movido a diesel", tendo em vista que era inviável operar o maquinário agrícola na lavoura e os caminhões canavieiros com o combustível de produção própria na logística das usinas sucroalcooleiras, enquanto o uso do bagaço da cana na geração de energia elétrica como combustível de caldeiraria supre não só as usinas como também está integrado ao sistema elétrico nacional. Enquanto as críticas à monocultura canavieira se mantém pertinentes, tal qual a dependência do setor ruralista pelo óleo diesel convencional, o que fica mais difícil negar é como poderia ser no mínimo interessante "flexibilizar" um Supermini e rodar com etanol produzido a partir de milho que ainda pode ser aproveitado na formulação de ração para gado de corte ou até de alguns resíduos do beneficiamento industrial de frutas e outros materiais com algum teor de carboidratos, ou em último caso chutar o balde e adaptar um motorzinho Diesel estacionário e valer-se do uso direto de óleos vegetais ou do biodiesel lembrando que algumas oleaginosas podem ser úteis para fazer rotação de cultura e repor nitrogênio exaurido do solo por outros cultivares destinados à alimentação...

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html