quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

5 motores Diesel que poderiam ter servido à 3ª geração do Ford Fiesta eventualmente até melhor que o Endura-D

Um modelo que fez bastante sucesso na Europa, o Ford Fiesta de 3ª geração teve uma grande variedade de motores, em contraste com o uso exclusivo do 1.3 HCS a gasolina durante a breve passagem desse modelo no Brasil. Para um modelo compacto europeu da década de '90, naturalmente era de se esperar ao menos uma opção de motor Diesel, e o Endura-D de 1.8L que também equipava outros modelos da Ford na Europa acabou sendo a escolha mais óbvia numa configuração de aspiração natural e injeção indireta que ainda era habitual no segmento durante o ciclo de produção da 3ª geração do Fiesta. Apesar de ter sido bastante conveniente para a Ford usar um motor que já tinha pronto, vale destacar que estava longe de ser o melhor na faixa de cilindrada principalmente em função da sincronização mais complexa do comando de válvulas e da bomba injetora. Outros motores Diesel poderiam até eventualmente servir melhor, cabendo mencionar ao menos 5 opções um tanto improváveis à primeira vista:

1 - PSA TUD5: uma faixa de cilindrada menor em torno de 1.5L podia até soar "inferior" num primeiro momento, mas estava longe de estar em desacordo com o segmento considerando tanto a aplicação em modelos Peugeot e Citroën quanto o fornecimento para outros fabricantes como a Nissan. Até mesmo a Ford posteriormente recorreu à PSA quando precisou reformular a linha de motores Diesel na Europa;

2 - Volkswagen EA827 1.6D: além da joint-venture AutoLatina com a Volkswagen tendo se tornado momentaneamente uma tábua de salvação para a Ford no Brasil entre '87 e '96, convém lembrar que a atual fábrica da Volkswagen em Portugal havia sido implementada também como uma joint-venture com a Ford e operando como tal até 2006. E mesmo que o Fiesta nunca tenha sido produzido em Portugal, e a 3ª geração tenha sido trazida ao Brasil ainda importada e um tanto às pressas em meio à dissolução da AutoLatina, descartar de antemão a hipótese de eventuais tratativas para o outsourcing de motores seria um tanto precipitado;

3 - Perkins 4-108: um motor que pode parecer exageradamente rústico, além do mais por ser da mesma faixa de cilindrada do Endura-D, mas a rusticidade estaria longe de ser totalmente indesejável diante das pretensões mais austeras do público-alvo de veículos com motor Diesel à época O fato do Endura-D ter sido derivado do motor Ford LT de 1.6L co-projetado pela Deutz acaba sendo outro precedente que pudesse ter justificado um outsourcing. Só de dispensar o complexo arranjo de corrente sincronizadora para a bomba injetora e correia dentada para o comando de válvulas já seria uma vantagem, ainda que alguns motores de concepção mais moderna que o Perkins 4-108 já contassem com uma única correia para sincronizar tanto a bomba injetora quanto o comando de válvulas;

4 - Mercedes-Benz OM636: um motor bastante improvável, tendo em vista que na década de '70 já era descontinuado o uso em furgões Mercedes-Benz feitos na Espanha sendo substituído pelo OM615, mas a rusticidade comparável ao Perkins 4-108 se mantinha até interessante. Esse motor ter permanecido em linha até '90 para outras aplicações eventualmente facilitasse a manutenção e reposição de peças, apesar de ser improvável que a então Daimler-Benz se dispusesse a fornecer um motor teoricamente obsoleto à época ou mesmo a licenciar os direitos de produção para a Ford como fez com a ENMASA na Espanha;

5 - Lombardini LDW1404: um motor bastante improvável mesmo, embora tenha chegado a ser usado em alguns veículos comerciais leves feitos pela Piaggio ao menos até 2003. O desempenho ficaria mais próximo ao da primeira geração dos carros "populares" brasileiros da década de '90, mas novamente vale lembrar que uma parte considerável dos que optavam por motores Diesel àquela época tinham outras prioridades. O fato da antiga Lombardini (atual Kohler Power) ter sido uma das mais importantes fábricas de motores Diesel leves para finalidades agrícolas e estacionárias/industriais na Europa poderia também ser conveniente quanto à obtenção de peças de reposição e assistência técnica.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html