sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

5 veículos altamente improváveis que o motor Mercedes-Benz OM636 poderia ter servido relativamente bem

Um motor tão rústico que chega a ser derivado de um flathead a gasolina da década de '30, mas chegou a ser usado em automóveis Mercedes-Benz "Ponton" até o início da década de '60, o motor OM636 foi certamente um dos mais importantes para o Diesel ser apresentado como uma opção viável aos olhos do público. Com um projeto iniciado ainda durante a II Guerra Mundial concluído em '48, lançado em '49 e oficialmente usado em alguns furgões Mercedes-Benz até ao menos '74, teve a produção continuada até '90 para atender a outros segmentos como o agrícola e o náutico por exemplo. A bem da verdade, e considerando que outros motores Diesel com injeção indireta e aspiração natural continuaram em linha mesmo quando já vigoravam as normas Euro-3 na União Européia ou similares em outras regiões, seria o caso de eventualmente justificar uma eventual sobrevida para o motor Mercedes-Benz OM636 até em automóveis e utilitários leves, mesmo que se fizessem necessárias algumas atualizações discretas, e ao menos 5 modelos estariam particularmente bem servidos se pudessem ter disposto desse motor:
1 - Suzuki Samurai: mesmo tendo contado a partir de '98 com a opção por motores Peugeot XUD9 e posteriormente Renault F8Q no mercado europeu enquanto o modelo foi produzido na Espanha pela Santana Motor, certamente um público mais conservador apreciaria uma concepção mais austera com sincronização do comando de válvulas e da bomba injetora diretamente por engrenagens. Mesmo diante do desempenho mais vigoroso alcançado por versões equipadas com motores Peugeot e Renault, que além da cilindrada um ligeiramente alta incorporavam o comando de válvulas no cabeçote sincronizado por correia dentada, vale lembrar que algumas versões do Samurai chegaram a usar motor Suzuki F10A de 1.0L a gasolina, que além da sincronização do comando por correia dentada tinha um desempenho mais modesto do que seria possível alcançar com o OM636 caso fosse disponibilizado. Outro aspecto a se levar em conta seria a possibilidade de oferecer mais cedo ao menos uma opção Diesel tanto para a Europa quanto outras regiões, até mesmo o Brasil onde o Suzuki Samurai é reconhecido como utilitário para fins de homologação e portanto pode até receber adaptações com outros motores mais facilmente encontrados no mercado nacional;

2 - SEAT Ibiza: um caso bastante complexo a analisar em função da história desse fabricante espanhol, que antes de ser adquirido pela Volkswagen durante a privatização foi coligado à Fiat e teve precedentes do uso de motores Mercedes-Benz feitos sob licença na Espanha em modelos para os quais o projeto da Fiat previa somente motores a gasolina. Tendo em vista que a 2ª geração do SEAT Ibiza foi projetada já com participação da Volkswagen, outro tópico que vale a pena abordar é a linha de motores Volkswagen EA827 "AP" que chegou a equipar esse modelo tanto em algumas versões a gasolina quanto em todas as Diesel é resultado de um projeto da Daimler-Benz recebido pela Volkswagen com a compra da Auto Union. Conexões com a Mercedes-Benz desde a época que a SEAT era estatal, e também a Volkswagen só ter dado mais destaque aos motores de refrigeração líquida quando passou a ser proprietária da Auto Union, seriam uma justificativa tão plausível para que o Ibiza tivesse sido oferecido com a opção por um motor como o Mercedes-Benz OM636 quanto a facilidade para pescadores da região de Barcelona familiarizados com a versão desse motor marinizada pela Solé Diesel assimilarem os procedimentos de manutenção numa aplicação automotiva;

3 - Volkswagen Polo Classic: modelo que fez muito sucesso na Argentina, onde contou com as versões Diesel de 1.6L a 1.9L com injeção indireta ou de 1.9L e injeção direta, além do motor AP 1.8 a gasolina que foi o mais conhecido nas versões exportadas ao Brasil. Além do histórico da origem dessa linha de motores ter relações com a Mercedes-Benz, convém recordar que muitos argentinos passam longe de ser tão criteriosos com manutenção, e portanto um motor consideravelmente mais rústico ainda poderia atender bem aos cupins-de-ferro de plantão;

4 - Escort Mk.6: embora tenha sido oferecido com o motor Endura-D fabricado pela própria Ford, que contou tanto com uma especificação de aspiração natural e injeção indireta quanto turbodiesel variando entre a injeção indireta e a injeção direta de acordo com o ano-modelo, a sincronização mais complexa com corrente duplex entre o virabrequim e a bomba injetora e a correia dentada entre a bomba injetora e o comando de válvulas no cabeçote pode se tornar um inconveniente. Apesar do motor OM636 com a cilindrada de 1767cc nas especificações mais conhecidas parecer desfavorecido de antemão com apenas 3 mancais principais de virabrequim e as faixas de rotação mais estreitas na comparação ao Endura-D, que mesmo com 1753cc oferecia potência notavelmente maior e um pouco mais de torque até quando aspirado além de ter 5 mancais de virabrequim e as opções turbodiesel, a possibilidade de dispensar as correias já seria um atrativo. Outro aspecto que poderia justificar o uso de um motor Mercedes-Benz foi a Ford ter recorrido à Deutz para consultoria durante o desenvolvimento do motor LT que daria origem ao Endura-D, e posteriormente a uma cooperação com a antiga PSA Peugeot-Citroën (atual Stellantis) para ter acesso aos motores DV4 e DV6 rebatizados como Ford DLD-414 e DLD-416, e então fazer um outsourcing de algum projeto de motor Diesel junto à Mercedes-Benz poderia ter feito algum sentido. Talvez se Henry Ford tivesse recebido e aceitado uma oferta do projeto do OM636 como espólio de guerra, ao invés da fábrica da Volkswagen e do projeto do Fusca que ele foi bastante infeliz de recusar, a história teria sido outra;

5 - Peugeot 205: outro que pareceria simplesmente impossível de justificar uma eventual instalação do motor Mercedes-Benz OM636, embora pudesse ser justificável tanto no tocante a reparações de guerra quanto à logística. Quando chegou a ser produzido na Espanha, teve entre as opções de motor algumas versões da linha Simca Poissy cujo ferramental de produção havia sido instalado na fábrica de Madrid ainda na época que a antiga Barreiros Diesel estabeleceu uma cooperação técnica com a Chrysler para a produção de automóveis. Apesar de ter contado com a opção pelo motor XUD7 para quem preferia uma opção Diesel e que se beneficiava da escala de produção alcançada por um projeto modular que previa também versões a gasolina, o uso de outra linha de motores somente a gasolina na Espanha durante um período que já abrangia uma produção continuada do motor Mercedes-Benz OM636 para aplicações em outros segmentos teria justificado com relativa facilidade um fornecimento de exemplares desse motor feitos sob licença na Espanha para a operação local de um fabricante francês, até mesmo como parte de eventuais reparações de guerra.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html