Um lugar para os malucos por motores do ciclo Diesel compartilharem experiências. A favor da liberação do Diesel em veículos leves no mercado brasileiro, e de uma oferta mais ampla de biocombustíveis no varejo.
sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014
O exemplo de Taiwan: uma possível esperança para o Brasil?
Se no caso asiático a experiência mais ampla no uso de combustíveis gasosos, principalmente Gás Liquefeito de Petróleo (GLP - "gás de cozinha"), gases pobres sintetizados a partir de carvão mineral e madeira, e metano (principalmente biogás), ainda podia soar razoável no tocante a uma redução do custo operacional, por outro a adaptabilidade do ciclo Diesel ao uso de combustíveis líquidos que podem ser armazenados facilmente, e a maior eficiência termodinâmica proporcionada pela ignição por compressão ainda tinham vantagens que superavam os principais preconceitos relacionados ao Diesel.
Ao contrário do Brasil, cujas restrições impostas em 1979 durante o governo de Ernesto Geisel (tido por muitos simpatizantes do Regime Militar como um "general-melancia", pela forma desastrosa como iniciou a transição para a "democracia" de fachada que se tem hoje, às custas de um pesado comprometimento da economia brasileira) tinham um viés nacionalista ao impor na marra uma reserva de mercado aos veículos movidos a etanol e a proposta de priorizar o óleo diesel para o transporte pesado, em Taiwan a motivação declarada era relacionada às emissões, com especial ênfase nos materiais particulados (fuligem) e ruído.
Porém, vale considerar que simplesmente impor barreiras meramente burocráticas acabou por prejudicar até mesmo a busca por soluções técnicas que pudessem se integrar melhor aos objetivos pretendidos, como no caso de motores MWM série 229 movidos a etanol e óleo diesel, e dos motores Scania modificados para otimizar os rendimentos com etanol e usados na frota de ônibus urbanos de Estocolmo. À época em que houveram as proibições ao uso do Diesel em veículos leves, predominava nessas aplicações a injeção indireta, menos eficiente no aspecto termodinâmico ao operar com óleo diesel convencional e que inviabilizava o uso do etanol associado à ignição por compressão, mas que ainda apresentava menores níveis de ruído. Há até quem alegue que proporciona um processo de combustão mais completo, característica normalmente mais ressaltada por adeptos do uso de óleos vegetais brutos como combustível alternativo. Ironicamente, durante a década de '90, no rigoroso mercado americano a Isuzu se viu obrigada a retroceder e recorrer à injeção indireta ao substituir o motor 4BD1-T pelo 4BD2-TC nos caminhões NPR, exatamente para se enquadrar nas normas referentes à emissão de material particulado que em '84 se mostravam uma preocupação para o governo taiwanês...
Já em 2004, mesmo enfrentando a concorrência dos híbridos que poderiam ser engolidos em nome de um conformismo covarde, houve um merecido reconhecimento de toda a evolução tecnológica alcançada pelas novas gerações de motores Diesel e dispositivos de controle de emissões, que superavam restrições ambientais cada vez mais rígidas e se mantinham como uma opção de custo/benefício mais favorável, e o Diesel estava novamente liberado em Taiwan.
Além do mercado local ser beneficiado com mais liberdade de escolha para o consumidor taiwanês, a medida também favoreceu a competitividade das indústrias automotivas instaladas por lá. Enquanto isso no Brasil, efeitos da restrição nesse sentido podem ser percebidos ao observar que a Fiat vende na Argentina e no Chile versões italianas do Fiat Bravo, mesmo que a fábrica instalada em Betim pudesse se beneficiar do Mercosul para que o Bravo chegasse a um custo menor...
Taiwan já nasceu vencendo as mazelas do Maoismo que fez da China continental uma sucursal do inferno, além das incoerências levadas a cabo pela ONU que favoreceram a brutal ditadura do Partido Comunista Chinês em detrimento à democracia taiwanesa, mas apesar das dificuldades que vem sendo criadas para a ilha nos âmbitos diplomático e militar (como restrições à exportação de armas e outros sistemas de interesse estratégico-militar para Taiwan) ainda pode ser considerada uma referência na esperança por um futuro de mais liberdade para o Brasil...
5 comentários:
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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.
It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.
Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html
Até a década de 90 ainda tinha uns ônibus na China usando gás natural e biometano de esgoto como combustível e sacos plásticos no teto como um tanque improvisado. Eu até concordo que simplesmente proibir sem dar uma alternativa decente não funcione, e o gás não é o pior dos combustíveis e se fosse fácil de encontrar até nos grotões do interior eu não duvidaria que até os caminhões começassem a aparecer movidos a gás para baratear e não dar problema com aquele arla que tem de usar nos caminhões novos.
ResponderExcluirO gás não é tão fácil de manejar como os combustíveis líquidos, além de depender de alguma fonte de ignição que pode ser tanto elétrica quanto pela injeção-piloto de algum combustível líquido apto à ignição por compressão.
ExcluirSacanagem mesmo o que a ONU faz com Taiwan. Só se encanta pelo comunismo quem nunca viveu sob essa ameaça.
ResponderExcluirInfelizmente para o Brasil só tem restado a esperança mesmo.
ResponderExcluirÉ inaceitável que o Brasil ainda não tenha carro pequeno a diesel.
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