domingo, 4 de outubro de 2015

Breve reflexão sobre o impacto do "Dieselgate" na Austrália

Mais um país se junta aos que já haviam proibido a venda de novos veículos equipados com motores Volkswagen EA189 TDI de 4 cilindros, não apenas o 2.0TDI mas também o 1.6TDI, dessa vez a Austrália. Porém, ao contrário da Suíça, dos Estados Unidos e do Canadá, correm boatos de que o governo australiano estaria considerando  também restringir a circulação dos veículos afetados (cerca de 70000 modelos Volkswagen entre Tiguan, Jetta, Passat/Variant, CC e Caddy, 20000 Audi A4/Avant, A5 e Q5, e alguns Skoda Yeti e Superb) até que o problema referente às emissões seja devidamente esclarecido e solucionado. No entanto, por não se tratar de uma ameaça à segurança viária, é pouco provável que uma medida tão drástica e que acarretaria tanto transtorno venha a ser levada a cabo pelo governo australiano. Até então, as versões equipadas com motores TDI vinham correspondendo a 10% das vendas do Grupo Volkswagen na Austrália. Convém destacar que a pick-up Volkswagen Amarok destinada ao mercado australiano também é feita na Argentina como as versões comercializadas no Brasil, o que leva a crer que o modelo está fora do "Dieselgate".

Considerando que os modelos não estejam em conformidade com as normas Euro-5 em vigor na Austrália, uma multa de até 11 milhões de dólares australianos já seria aplicável pela violação referente às emissões. E como uma readequação acarretaria prejuízos à economia de combustível, outra multa do mesmo valor seria aplicável por propaganda enganosa. Declarações oficiais da subsidiária australiana da Volkswagen descartaram qualquer possibilidade de substituição de componentes, ou de motores inteiros, para que os veículos sob suspeita passem a estar em conformidade caso uma intervenção técnica seja realmente necessária, e que portanto se dará apenas pelo remapeamento do módulo de gerenciamento eletrônico do motor. Além do aumento no consumo, outros fatores que já causam preocupação seriam alterações no desempenho e até na vida útil de alguns componentes do motor e do sistema de escapamento, que incluem o acúmulo de sedimentos carbonizados no coletor de admissão e nas palhetas do turbocompressor e a saturação do filtro de material particulado (DPF) ficaria mais recorrente devido à maior quantidade de fuligem provocada por uma proporção ar/combustível mais "rica". Em veículos utilizados mais em percursos curtos e a baixa velocidade, é mais difícil que a temperatura dos gases de escape atinja valores suficientes para promover uma redução da fuligem, de modo que uma "regeneração" ativa se faça necessária, aumentando mais o consumo tendo em vista que o processo depende de uma pós-injeção de combustível que pode ser feita tanto durante o tempo de escape do motor quanto por um injetor especificamente montado na carcaça do DPF, alternativa pouco usual em motores menores devido ao maior custo.

Num país com uma cultura automobilística tão peculiar como a Austrália, onde antes motores de 6 a 8 cilindros a gasolina reinavam absolutos, os recentes avanços na popularidade do Diesel podem ser creditados principalmente à Volkswagen. Por mais que o "Dieselgate" e a precipitada proibição das vendas de veículos novos equipados com motor Volkswagen TDI de 4 cilindros inegavelmente tenham um efeito devastador junto a uma parcela significativa do público consumidor australiano, é pouco provável que venha a aflorar uma rejeição tão profunda naquele país que, de certa forma semelhante ao Brasil, tem grandes distâncias a serem percorridas com relativa escassez de pontos de assistência e condições ambientais severas agravadas pelo isolamento em muitas regiões do interior onde a maior autonomia proporcionada pelo Diesel se mostra especialmente destacável em contraponto à polêmica das emissões. Na pior das hipóteses, quem antes cogitava um Volkswagen Golf TDI na terra dos cangurus dificilmente vá deixar de dar uma olhada em outras boas opções como o Mazda3 SkyActiv-D ao invés de se render à ignição por faísca e partir para um Toyota Prius...

2 comentários:

  1. Vale mais a pena para os australianos arrancar esse TDI fora da Amarok e colocar alguma coisa da Isuzu no lugar.

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    1. Do jeito que a Isuzu é popular por lá, quem sabe... Mas faria mais sentido a VW ter procurado uma parceria para o fornecimento de algum motor realmente adequado a uma caminhonete média ao invés de ter forçado o 2.0TDI na Amarok.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html