quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Caso para reflexão: Toyota Bandeirante com motor 14B, a oferta do motor 5L-E na SW4 em outros países e a viabilidade de motores com menos de 100cv em utilitários

Muitas vezes, quando se menciona a permanência de motores Diesel com menos de 100cv em alguns utilitários no exterior, uma das formas mais comuns de desmerecê-los é dizer que não estamos mais no tempo do Toyota Bandeirante, cujo motor 14B de 3.7L naturalmente aspirado e com injeção direta tinha potência de 96cv a 3400 RPM e torque de 24,4kgfm a 2200 RPM. De fato, tais valores não são considerados muito expressivos atualmente, e são tratados como indicativos de um atraso tecnológico pelo público-alvo de caminhonetes mais modernas e sofisticadas não apenas pela rusticidade e dentro daquele embate entre downsizing ou downrevving mas também pela potência que tem sido uma das características mais enaltecidas pelo mercado. Mas até que ponto um motor com potência inferior a 100cv poderia hoje ser efetivamente considerado "indesejável"?
Convém fazer uma observação sobre o motor 14B do Bandeirante e o 5L-E de 3.0L que permanece em uso em outros países em modelos como a SW4, que em alguns mercados é denominada Toyota Fortuner. Trata-se de um motor de injeção indireta, característica que o tornaria até desejável para um eventual uso direto de óleos vegetais como combustível alternativo, com potência de 95cv a 4000 RPM e torque de 20kgfm a 2200 RPM na atual especificação oferecida para a SW4/Fortuner por uma subsidiária da Toyota encarregada de vendas diretas para governos e ONGs internacionais e que ainda é a única opção de motor Diesel oferecida regularmente no modelo em alguns países da África como o Senegal. O mesmo motor ainda é oferecido numa versão de 90cv a 3800 RPM e 19,6kgfm a 2200 RPM em outras aplicações como no caminhão leve Toyota/Hino Dyna 150 na África do Sul desde que o 14B deixou de ser oferecido quando passou-se a exigir motores Euro-2 ao invés de Euro-1 nos caminhões novos por lá. Naturalmente, se dá conta de mover um veículo com peso bruto total de 3500kg e capacidade de reboque de 2200kg, estaria suficiente para atender a reais necessidades da maioria de compradores de pick-ups médias e sport-utilities no Brasil, embora a certificação de emissões já impeça a comercialização de veículos com esse motor no país.
Apesar desse tópico da homologação em normas de emissões eventualmente levar a uma crença de que um motor com menos de 100cv nos utilitários mais recentes já seria carta fora do baralho, há de se considerar também outros aspectos tão diversos quanto o downsizing que se mostraria convidativo ao uso de um motor com cilindrada menor e custo de produção também inferior diante do atual 1GD-FTV de 2.8L dotado de injeção direta do tipo common-rail e turbo com resfriador de ar, com potência de 177cv a 3400 RPM e torque de 45,9kgfm de 1600 a 2400 RPM hoje usado na SW4 vendida no Brasil. Embora possa parecer que simplesmente descartar o turbo já resultaria num decréscimo no preço, essa hipótese estaria fora de cogitação diante de uma eventual impossibilidade (ou ao menos uma maior dificuldade) para mantê-lo enquadrado nas atuais normas de emissões e numa futura implementação da Euro-6 no Brasil. Mas enfim, assim como pode ser feita a observação dos motores 14B e 5L-E no contexto do downsizing, e deixando um pouco de lado a obsessão pela potência que se firmou no mercado brasileiro com reflexos mais nítidos nos sport-utilities usados para lazer do que em outros veículos mais associados a aplicações laborais, não seria de todo impossível que um motor com menos de 100cv possa se manter satisfatório.

7 comentários:

  1. Lembro-me do camião Dyna 150 quando ainda usava o motor 3L. Guiei um com caixa frigorífica para transporte de pescados. O que tinha de vagaroso comparado aos camiões ligeiros modernos, compensava em fiabilidade.

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  2. Se essas caminhonetes mais chiques fossem mesmo usadas por fazendeiro para trabalhar até seria de se esperar que dessem um jeito de vender com motores menos potentes, mas como virou artigo de luxo para ostentação nem parecem fazer muita questão de oferecer outro motor mais simples.

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  3. Meio difícil comparar esses 2 motores, mas eu ainda gosto mais do 14B.

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  4. É mesmo muito amor por esses Toyota Bandeirante né?

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    1. Desde pequeno, embora eu tivesse mais contato com as pick-ups de cabine dupla da Força Aérea Brasileira por causa do meu pai e do Ibama por causa do pai dum colega de escola.

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  5. Seria até bom usar motores com um mapeamento de injeção mais voltado à economia de combustível e baixa saturação do filtro de particulados, talvez até um turbo menor para encher rápido em baixa.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
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