segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Caso para reflexão: Piaggio Ape Classic

Não é exatamente impossível se deparar com um Piaggio Ape Classic atualmente no Brasil, embora ao menos na teoria não se possa licenciar para uso em vias públicas devido à capacidade de carga nominal inferior a uma tonelada simultaneamente à motorização Diesel. O fato de triciclos serem assemelhados a motocicleta para fins de homologação ainda permite que sejam enquadrados em regulamentações de emissões e de segurança menos estritas em comparação ao que se aplica a automóveis e outros veículos comerciais, mas a exigência de freios ABS para motos acima de 250cc aparentemente também constitui um empecilho à homologação para o tráfego urbano já levando também em consideração a velocidade máxima ser restrita demais para manter a necessária segurança em percursos rodoviários. Mas pode não ser de todo impossível considerar outro expediente caso se deseje emplacar um, tendo em vista algumas condições de uso às quais o modelo normalmente é aplicado em outros países e também um precedente no Brasil mesmo.
Embora num primeiro momento uma mistura de Vespa com caminhonete possa não parecer tão robusta, a importância que gerações anteriores do Piaggio Ape tiveram na reconstrução italiana do pós-guerra e o uso intenso desse tipo de veículo em países com uma malha viária extremamente deficitária como é o caso da Índia onde está atualmente concentrada a produção do modelo levam a crer que a perspectiva de registrar um como máquina agrícola não soaria tão absurda. São incontáveis os produtores rurais que dependem de um Piaggio Ape ou algum similar para levar a produção até os entrepostos agropecuários, desde a Europa até a Ásia e já abrangendo também alguns países latino-americanos mais receptivos aos triciclos utilitários, ainda que a idéia de também usá-los para movimentar implementos agrícolas como arados ou plantadeiras não pareça tão favorável num primeiro momento. Apesar dos motores Greaves de 1 cilindro e 435cc com refrigeração a ar ainda oferecido na Europa e 599cc com refrigeração líquida na Índia não parecerem tão convidativos para atender tanto à movimentação do veículo quanto suprir a força necessária ao acionamento de equipamentos, é impossível esquecer o caso dos triciclos chineses que chegaram a ser vendidos no Brasil como Gurgel por um empresário do interior de São Paulo que só conseguiu legalizá-los para rodar em vias públicas documentando como máquina agrícola para não ter que fazer algumas adequações de segurança, nem de controle de emissões que a princípio não seriam tão problemáticas para o Piaggio Ape mesmo diante das normas MAR-I atualmente em vigor no Brasil.
Embora pareça improvável que alguém se dispusesse a obter a carteira de habilitação categoria C que é exigida no Brasil para condução de máquinas agrícolas, em contraste com a Europa onde é permitida a categoria B sem distinção de peso bruto total, não deixaria de ser um interessante último recurso para se assegurar um eventual direito de operar um veículo razoavelmente eficiente quando hajam condições de tráfego favoráveis ao mesmo. Por mais que a expectativa de que uma parte do público generalista aceite recorrer a um modelo tão modesto como o Piaggio Ape como uma brecha para usar motores Diesel não pareça tão realista quanto a atual inversão de prioridades que caracteriza o fato de pick-ups médias hoje terem se tornado praticamente um veículo de luxo, não deixa de ser outro bom exemplo da incoerência em se limitar às capacidades de carga e passageiros ou tração a possibilidade de documentar um veículo com motor Diesel. Enfim, se não fosse pela insensatez de alguns burocratas, hoje através de modelos tão despretensiosos quanto um Piaggio Ape seria possível motores Diesel de pequena cilindrada proporcionarem uma valiosa contribuição à economia brasileira ao invés de ficarem presos à função de elemento decorativo de sorveterias...

2 comentários:

  1. Até parece bacana esse triciclo, mas eu teria medo é dum bicho desses tombar com o vento

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    1. Eu gosto do conceito básico do Piaggio Ape, e sinceramente não descartaria ter um, mas ficaria tentado a ver algum jeito de modificar a distribuição de peso para tentar amenizar o risco de tombar.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html