quinta-feira, 14 de outubro de 2021

Breves observações sobre a influência do Toyota Land Cruiser J40

Mais conhecido no Brasil pela denominação regional Toyota Bandeirante, o Land Cruiser da série J40 é um dos utilitários mais icônicos a nível mundial, destacado tanto para aplicações particulares quanto em uso efetivamente profissional nas condições mais severas. Embora oficialmente a Toyota considere que a série 40 foi lançada em 1960, na prática as origens podem ser remontadas a 5 anos antes quando ainda se usava a designação de série 20, mas invariavelmente teve grande importância para uma consolidação da indústria automobilística japonesa como competitiva nos principais mercados à época e desbravar os mais desafiadores terrenos em regiões onde os fabricantes ocidentais falharam em "popularizar" o carro. Entre jipes mais curtos e estreitos que a grande maioria dos carros "populares" brasileiros da atualidade, e pick-ups austeras que fogem ao estereótipo dos "cowboys de posto", a grosso modo uma influência do Toyota Land Cruiser J40 pode fomentar até uma inusitada comparação com o Ford Modelo T.

Levando em consideração que tanto o Modelo T quanto o Land Cruiser J40 tiveram ciclos de produção relativamente longos sem alterações drásticas nas respectivas concepções originais, e com uma aptidão para trafegar por trechos rústicos como prioridade, uma massificação do automóvel nos Estados Unidos com o "Ford Bigode" ter alcance relativamente limitado proporcionou condições semelhantes quando a Toyota iniciou uma expansão mundo afora. De um calhambeque com pretensões mais generalistas a um jipe austero, ambos chegaram a países como o Brasil em épocas que só rico conseguia comprar veículos novos, e também é conveniente frisar como se destacam por apresentar uma configuração mais "bruta" em comparação a sucessores tanto diretos quanto indiretos nas mais diferentes regiões. O caso do Ford Modelo T em algumas localidades brasileiras ter sido o primeiro carro a trafegar acabou sendo repetido pelo Land Cruiser em outros países, e foi fundamental para a Toyota até abrir espaço para a influência japonesa que permanece bastante sólida nos segmentos generalistas pelos mercados automobilísticos da África e do Oriente Médio onde até hoje utilitários Toyota lideram com folga os rankings das vendas de automóveis novos, contrastando com a imagem muito mais prestigiosa atribuída aos carros "japoneses" no Brasil extensiva aos utilitários.

Destacando também a classificação como utilitário tendo viabilizado o uso de motores Diesel por todo o ciclo de produção estendido de '58 a 2001 no Brasil, desde o outsourcing junto à Mercedes-Benz até o motor Toyota 14B que foi aplicado aos últimos anos-modelo, o Toyota Bandeirante ter usado uma caixa de transferência com velocidade simples chegou a servir de parâmetro para o Exército definir entre os Requisitos Operacionais Básicos (ROBs) uma equivalência entre a 1ª marcha tipo crawler e uma dupla velocidade conhecida como "reduzida" na caixa de transferência dos veículos 4X4 com capacidade de carga nominal inferior a uma tonelada como era o caso do jipe. Tal norma permanece em vigor, mesmo que o próprio Bandeirante tenha chegado a contar com "reduzida" na década de '90. Mesmo que fosse visto pelo público generalista como um tanto "especializado", e portanto a demanda tenha ficado muito mais concentrada junto a usuários que buscavam exatamente por um veículo 4X4 abrangendo desde os adeptos do off-road recreativo quanto as forças militares, essa situação só reforça como o Toyota Land Cruiser J40 exerceu uma influência significativa também no Brasil com o Bandeirante.

Naturalmente a complexidade técnica inerente à tração nas 4 rodas e um custo proporcionalmente mais alto fomentaram uma imagem mais "especializada" ao Toyota Land Cruiser J40/Bandeirante no Brasil, enquanto uma parte considerável do público generalista se dava por satisfeita com a configuração vista como mais despretensiosa de motor e tração traseiros aplicada pela Volkswagen ao Fusca. Enquanto um utilitário parecia longe de alcançar o prestígio hoje observado em meio à moda de SUVs, de certa forma poderia parecer exagero atribuir à Toyota uma influência tão significativa no mercado brasileiro quanto a da Volkswagen, tendo em vista que é comum atribuir a antiga preferência por carros de duas portas ao sucesso do Fusca, embora a diferenciação entre Bandeirante e Fusca seja muito mais clara comparada à que se possa observar junto ao "Ford Bigode". Portanto, ainda que num primeiro momento soe um tanto confuso, é inegável que um utilitário como o Toyota Land Cruiser J40 foi tão relevante quanto alguns carros declaradamente "populares".

Um comentário:

  1. Comparação bem improvável, mas até que faz sentido. Mesmo distante de ser carro popular por definição, mesmo no Japão onde o Suzuki Samurai foi o mais próximo do que seria um jipe popular, o Toyota Land Cruiser teve participação para mudar o mundo enquanto o Ford T mudou mais os Estados Unidos e o Canadá.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
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