quarta-feira, 7 de março de 2012

Breves considerações sobre sistemas de injeção e adaptabilidade do ciclo Diesel a combustíveis alternativos

A adaptabilidade do ciclo Diesel a alguns combustíveis alternativos como o biodiesel, óleos vegetais puros (tanto virgens quanto saturados) e o etanol já é conhecida, mas devido a características específicas de cada combustível, diferentes sistemas de injeção se mostram mais adequados a cada aplicação...

Vale destacar o caso do Ford Focus argentino, que na 1ª geração usava um motor Endura-D 1.8L de 90cv e injeção indireta, enquanto a 2ª geração passou a usar uma versão atualizada com injeção direta do tipo common-rail. Se por um lado ao usar óleo diesel convencional, biodiesel ou etanol a injeção direta apresenta uma eficiência superior na ordem de 20%, as maiores temperaturas atingidas com a injeção indireta permitem uma queima mais completa da glicerina presente nos óleos vegetais sem a necessidade de aquecedores suplementares montados no tanque ou nas linhas de combustível nem sacrificar a eficiência energética da mesma forma que acontece com o "petrodiesel", o biodiesel e o etanol, além da pressão de injeção mais baixa permitir o uso de um hardware mais simples e por conseguinte de menor custo. Vale destacar que, até a temperatura operacional atingir uma estabilidade, o uso de um aquecedor para o óleo vegetal ainda é válido mesmo num motor com injeção indireta, mas o uso menos intenso de tal dispositivo acabaria por prolongar a vida útil do mesmo...

Nos motores Diesel de concepção mais moderna, a incorporação de sistemas de gerenciamento eletrônico, que acabou se tornando mais comum com o sistema common-rail, acabou levando a um aumento ainda mais significativo nas pressões de injeção, melhorando a atomização na câmara de combustão e favorecendo uma queima mais eficiente devido à menor superfície de contato entre o combustível, que sofre uma transferência de calor mais intensa do ar da admissão, reduzindo ainda a formação de material particulado.

Com o etanol a polêmica acaba sendo mais complexa: a injeção direta proporciona mais agilidade na partida a frio e na estabilização da marcha-lenta, enquanto na injeção indireta ainda há quem tema um risco mais alto de explosões relacionado à maior volatilidade do etanol quando confrontada com as altas temperaturas nas câmaras de pré-combustão. Entretanto, ao se considerar a velocidade de propagação da chama mais lenta num motor de ignição por faísca usando etanol acabar demandando um adiantamento do ponto da ignição e o uso de válvulas termostáticas mais restritivas, o etanol em motores Diesel de injeção indireta não parece tão perigoso ou problemático apesar de não ter a mesma eficiência que teria com um sistema de injeção direta...

É digno de nota o caso do Toyota Corolla: desde a 8ª geração, que foi a primeira a ser fabricada em território brasileiro, a injeção direta começou a ser aplicada em versões com motor Diesel em alguns mercados, mas ainda hoje é possível encontrar o Corolla de 10ª geração com o vetusto motor 2C de injeção indireta. Enquanto em alguns países como Paraguai e Uruguai permanece como única opção por uma questão de custo de aquisição e facilidade de manutenção, em locais como Argélia e Marrocos também há a opção por motores Diesel mais modernos com injeção direta.

Logo, por mais que a injeção direta hoje seja mais difundida, dependendo da necessidade do usuário até a vetusta injeção indireta encontra espaço no mercado, e pode acabar até se mostrando mais adequada...

3 comentários:

  1. Esse motor Toyota japonês funciona redondo mesmo com óleo de soja. Perto das fronteiras com a Bolívia e o Paraguai até tem quem traga motores desse tipo e adapte em jipe, e é o que fica melhor no Lada Niva.

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  2. Y con la inyección directa ahora tambien lo incorporan controles electrónicos con eso que llaman common-rail y así el costo de mantenimiento queda aún más alto. Con los viejos sistemas 100% mecánicos aún es posíble tener un control más eficiente de la combustión, como no se pasa con los motores gasolineros con carburador.

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    1. Ainda existem alguns sistemas de injeção direta totalmente mecânicos, alguns até ainda são usados pela Isuzu, mas com a popularização dos sistemas de gerenciamento eletrônico vem perdendo espaço.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html