Chevrolet Captiva: disponibilizada com motor turbodiesel nos mercados onde é comercializada, como a Argentina |
Chevrolet Trailblazer: em alguns mercados tem até versões mais simples com tração 4X2 e câmbio manual |
Toyota Bandeirante: até hoje pivô de polêmicas |
Há até quem ainda alegue que a regulamentação foi feita de tal maneira exatamente para assegurar a manutenção do direito ao uso de motores Diesel no utilitário nipo-brasileiro, de modo que mantivesse a competitividade frente aos pequenos Gurgel que apesar da tração somente traseira já começavam a conquistar parte do mercado de jipes anteriormente dominado por Toyota e Willys/Ford.
Ford EcoSport 4WD de 1ª geração: a cor de gema de ovo acaba chamando mais a atenção para essa versão do que os emblemas nas portas dianteiras e na tampa do bagageiro... |
Na transição da 1ª geração do Mercedes-Benz Classe M para a 2ª, o modelo esteve no centro de uma polêmica por ter abolido a reduzida nas versões comercializadas no Brasil, embora tal recurso fosse mantido em alguns outros mercados: o que pareceria o fim das versões Diesel foi contornado pelo expediente da 1ª marcha reduzida, mas ao contrário do clássico Bandeirante que usava câmbio manual, o utilitário esportivo de luxo vem só com câmbio automático. Na mídia automotiva nacional chegaram a haver polêmicas relacionadas à decisão da Mercedes-Benz em recorrer a esse artifício, desde questionamentos sobre a inferioridade técnica frente às versões equipadas com a reduzida propriamente dita, até um apresentador do programa "Vrum" alegando equivocadamente que o Mercedes-Benz ML320 CDI era "ilegal".
O mesmo expediente prosseguiu na 3ª geração do Classe M, já livre das polêmicas, e acabou sendo adotado também no GLK, garantindo uma maior competitividade que não podia ser assegurada apenas com o motor V6 a gasolina inicialmente oferecido.
Outro argumento, atualmente negligenciado mas podendo ser melhor aproveitado para fins de homologação, é o fato do conversor de torque já promover um efeito análogo à reduzida. Embora a definição mais simples do acoplamento viscoso usado nos câmbios automáticos seja a de duas hélices envoltas em óleo dentro de um tubo, sendo o impulsor (ou "bomba") acoplado ao volante do motor e a turbina conectada ao eixo-piloto, transmitindo a força de forma suave entre motor e câmbio, há ainda um terceiro elemento montado entre o impulsor e a turbina, o chamado "estator" ou "reator", que promove o direcionamento do fluido de transmissão automática (ATF) de modo a promover a multiplicação (ou propriamente dita a conversão) do torque durante a partida ou quando for necessário. Em alguns sistemas mais simples, o "estator" era, de fato, estático, mas atualmente pode incorporar um conjunto de engrenagens planetárias para variar o direcionamento do fluxo do fluido e ampliar as relações de multiplicação de torque disponíveis, justificando melhor o termo "reator". Para aplicações automotivas, a redução proporcionada pelo conversor normalmente vai de 1,8:1 a 2,5:1 mas em equipamentos especiais como tratores pode chegar a 5:1.
Considerando a possibilidade de equiparar o efeito do conversor de torque à marcha reduzida, vale levar em consideração o caso da Kia Sportage: durante a 1ª geração, que adotava uma concepção tradicional de carroceria e chassi separados, motor longitudinal, câmbio manual de 5 marchas ou automático de 4 (apenas com motores a gasolina) e tração 4X4 part-time com caixa de transferência de duas velocidades, o modelo esteve disponibilizado no mercado brasileiro com opção de motores Diesel, o Mazda R2 de 2.2L com 64cv e aspiração natural e posteriormente o Mazda RF de 2.0L com 87cv, dotado de turbo e intercooler, ambos com injeção indireta. Com a introdução da 2ª geração, em 2004, a estrutura monobloco ganhou espaço, o motor passou a ser montado em posição transversal, e a divisão do torque entre os eixos passou a ser controlada por diferencial central, sem reduzida, afastando do consumidor brasileiro a opção pelo motor 2.0L CRDi de injeção direta common-rail, co-projetado por VM Motori e Detroit Diesel. Quem desejasse tração 4X4 ficava refém de um motor 2.7L V6 a gasolina, disponibilizado apenas em conjunto com um câmbio automático de 4 marchas.
Caso o efeito do conversor de torque fosse reconhecido como análogo à marcha reduzida para fins de homologação, já seria suficiente para que o mercado brasileiro não ficasse como o único do mundo com uma restrição expressa ao uso do Diesel. Vale lembrar que, mesmo nos mercados americano e canadense, que também não receberam a Sportage com o motor CRDi devido às regulamentações ambientais estruturadas para privilegiar o uso da ignição por faísca nos veículos leves, não há impedimentos efetivos ao Diesel baseados de forma arbitrária na capacidade de carga, passageiros ou tração...
Mesmo que liberassem esses jipinhos de shopping para usar diesel, ainda falta liberar em carros normais que podem ter consumo até melhor. É uma vergonha que o diesel, que surgiu para ser praticamente uma ferramenta de trabalho, hoje seja mais viável como acessório de ostentação.
ResponderExcluirAcho pouco provável que pudesse acabar com o Toyota, até por conta de ter as pick-ups que serviam para uma proposta diferente do jipe, mas se tivesse saído desse Gurgel pequeno com motor a diesel a briga ficaria boa.
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