quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

A Petrobras e a ANP já não podem ignorar o clamor pela liberação do Diesel

Em meio às polêmicas levantadas por entidades representativas da indústria de automóveis e autopeças, além de cidadãos que começam a se conscientizar sobre as incoerências em manter o Brasil como um dos únicos países que apresentam uma proibição expressa à livre comercialização de veículos leves movidos a óleo diesel com capacidade de carga inferior a 1000kg e/ou acomodações para menos de 9 passageiros além do motorista e não sejam dotados de tração 4X4 com caixa de transferência de dupla velocidade (recurso popularmente conhecido como "reduzida"), a Petrobras passou a ser assessorada por uma empresa especializada em gestão de imagem corporativa, o que deveria servir para trazer respostas mais coerentes ao consumidor que fica desnorteado em meio aos jogos politiqueiros contrários à liberação do Diesel.

Certamente, a transição das especificações do óleo diesel para teores mais baixos de enxofre ainda requer algum trabalho de conscientização junto ao público consumidor desse combustível, como me foi relatado por um frentista dum posto Ipiranga próximo ao meu bairro, onde mesmo tratando-se de área urbana ainda é comercializado o Diesel S-500, ao qual alguns se referem como "Diesel rodoviário"e, apesar de estar por volta de 40 centavos mais barato por litro, traz prejuízos a veículos homologados nas normas Euro-5, aumentando a saturação do filtro de material particulado (DPF) e por conseguinte exigindo mais ciclos de regeneração, cujo controle fica mais crítico com um combustível de qualidade inferior devido ao menor índice de cetano (valor de referência da velocidade de propagação de chama na câmara de combustão).

Já a ANP, Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e BIOCOMBUSTÍVEIS, por meio de regulações esdrúxulas, vem minando a credibilidade dos combustíveis alternativos num eventual cenário de liberação dos motores do ciclo Diesel para todos os segmentos do mercado automotivo brasileiro. Os infames "leilões" de biodiesel estão com preços-base defasados, que não cobrem todo o custo dos processos produtivo e logístico, além de não liberar a comercialização do biodiesel puro (ou B100) diretamente ao consumidor final no varejo como acontece com o etanol. Vale destacar que, apenas no mês de novembro de 2013, o Brasil exportou 14.000 toneladas de biodiesel, que seriam suficientes para abastecer durante um ano inteiro pouco mais de 10.000 veículos rodando 30.000km por ano a um consumo médio de 20km/l.

Cabe salientar, ainda, que agribusiness vem carregando o Brasil nas costas por um longo tempo, mesmo em meio a políticas hostis ao setor produtivo, desde a carga tributária que beira os limites da obscenidade até o clima de violência e insegurança jurídica que se insufla numa insensata busca por demonizar o produtor rural, e também sofre com as indefinições nas políticas de segurança energética que acabam por afastar investimentos mais avançados para consolidar a posição de destaque do nosso país na tão cobiçada "renovação da matriz energética".

A livre-iniciativa já mostrou que, em um cenário regulatório mais condizente com a realidade, o Diesel é perfeitamente viável para o uso em veículos leves, embora a ANP venha ignorando solenemente as alternativas apresentadas para reduzir temores quanto a um desabastecimento que pudesse causar um colapso logístico no Brasil em função da excessiva dependência do modal rodoviário. Perspectivas de um incremento na eficiência energética da frota nacional e auto-suficiência em combustíveis são criminosamente entregues às traças. Porém, tanto a Petrobras quanto a ANP já não podem mais se dar ao luxo de fingir que não há um clamor pela liberação do Diesel.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html