Mais restritos ao uso em serviços públicos ou em vias internas em áreas particulares como indústrias, universidades e hospitais, também são encarados com algum ceticismo diante da propensão do sistema elétrico brasileiro a falhas que venham a prejudicar a recarga das baterias. Some-se a infra-estrutura sucateada a uma política energética confusa, o cidadão se vê desencorajado a encarar o carro elétrico como uma realidade. Tomando por referência o temporal ocorrido recentemente na noite da sexta-feira 29 de janeiro em Porto Alegre, e o blecaute que ainda atingia alguns bairros durante a segunda-feira, é difícil levar a sério a pretensão "ecológica". Diga-se de passagem, a Secretaria Municipal de Meio-Ambiente de Porto Alegre (SMAM) ainda cria dificuldades à manutenção da rede elétrica na cidade ao impor uma abusiva multa contra a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) quando a empresa promove a poda de árvores em logradouro público para que os galhos não atinjam os fios.
As diferentes composições químicas das baterias tracionárias, desde as mais simples de chumbo ácidas até as de íons de lítio-ferro-fosfato passando pelo grafeno, sempre vão envolver algum compromisso entre custo, peso, volume e densidade energética, além de uma redução na capacidade de armazenamento de energia ao longo da vida útil. Tais limitações acabam se refletindo, naturalmente, sobre o desempenho e a capacidade de carga, tendo em vista que a adequação a uma maior variedade de cenários operacionais, velocidades médias mais elevadas e autonomia prolongada vão acarretar invariavelmente num acréscimo de peso e complexidade. Não se pode ignorar, também, a necessidade de refrigeração das baterias, sob pena de aumentar a propensão a incêndios.
Por mais que existam alguns nichos de mercado que possam ser atendidos por veículos elétricos que ofereçam uma funcionalidade mais próxima à de modelos com motor a combustão interna, como é o caso do chinês BYD e6 que está sendo testado pela Prefeitura Municipal de Canoas, ainda são uma realidade distante do consumidor comum. Os altos custos de aquisição, além da complexidade por trás da reciclagem de componentes das baterias e da incompetência generalizada a nível administrativo, fazem de um carro elétrico ainda uma excentricidade. O recurso à geração térmica de energia elétrica (a gás natural, carvão e/ou óleos combustíveis) em épocas com um volume reduzido de chuvas, bem como as perdas durante a transmissão da usina até as unidades consumidoras e que também ocorrem com as fontes ditas "renováveis" como as hidrelétricas e eólicas, acabam por colocar em xeque a alegada eficiência de um sistema de tração elétrico.
Se formos levar em conta o teor de enxofre presente em óleos combustíveis para caldeira e como impureza no carvão mineral brasileiro, fica bem mais difícil sustentar o argumento "ecológico". De boas intenções o inferno está cheio e, por mais que ainda estejam rodeados de algum otimismo e embalados pela cobertura midiática das discrepâncias entre níveis de emissões aferidas em veículos com motor a combustão interna (não apenas Diesel mas também alguns modelos de ignição por faísca), é improvável que a tração elétrica venha a ser influente no mercado automobilístico nacional num futuro próximo.
Acho que te vi correndo na Fernandes para tirar as fotos desse carro branco. Mas é um carrinho até simpático, pena que elétrico aqui não dá certo ainda.
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