Um lugar para os malucos por motores do ciclo Diesel compartilharem experiências. A favor da liberação do Diesel em veículos leves no mercado brasileiro, e de uma oferta mais ampla de biocombustíveis no varejo.
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016
Caso para reflexão: Fiat Punto importado pelo consulado italiano
Mesmo que esse Fiat Punto SX 1.1ie importado em '95 pelo consulado-geral da Itália em Porto Alegre seja movido a gasolina, não deixa de ser um bom pretexto para se refletir sobre a liberdade que as missões diplomáticas e algumas organizações não-governamentais estrangeiras tem para importar sem incidência de impostos qualquer veículo automotor para uso oficial, mesmo que não estejam de acordo com alguma norma brasileira como é o caso das restrições ao uso do óleo diesel convencional como combustível em modelos com capacidade de carga inferior a 1000kg, acomodação para menos de 9 passageiros além do condutor ou tração 4X4 com caixa de transferência de dupla velocidade (a popular "reduzida").
Logo num país como o Brasil, no qual a volatilidade dos preços dos combustíveis é um problema a ser levado em consideração, não me parece muito sensato quando uma representação diplomática dispensa tal privilégio. Cabe lembrar que o motor Diesel oferecido como opção no Fiat Punto na época que esse exemplar foi produzido, de 1.7L com 58cv na versão naturalmente aspirada ou 70cv com turbo, era feito também no Brasil para atender a mercados de exportação, e portanto a reposição de peças poderia ficar até mais simples em comparação ao FIRE de 1.1L e 8 válvulas a gasolina, e essa linha de motores só começou a ser produzida no Brasil a partir de '99. Embora não seja tão difícil providenciar outro transporte com alguma antecedência para uso em atividades administrativas ou representativas, seria um tanto mais complicado ficar sem condições de atender a uma emergência consular com a rapidez necessária enquanto esperasse a chegada de peças de reposição.
A qualidade inferior do óleo diesel brasileiro, e também sujeita a maiores variações de acordo com a região, já chegou a ser apontada durante uma conversa informal com um funcionário do consulado-geral da Alemanha em Porto Alegre para justificar o temor em trazer veículos com motores Diesel mais modernos e sofisticados. Tal argumento cairia por terra ao observarmos a possibilidade de recorrer ao adido militar da embaixada para homologar os veículos de acordo com as normas de emissões em vigor para as frotas militares do país estrangeiro, normalmente menos restritivas que as impostas sobre veículos de uso civil. Além da maior resiliência de motores "militarizados" ao operar com óleo diesel de baixa qualidade, tomando teores elevados de enxofre e baixo índice de cetano (velocidade de propagação de chama nas câmaras de combustão) como os principais parâmetros, convém recordar a maior adaptabilidade do ciclo Diesel a combustíveis alternativos em caso de extrema necessidade, desde o biodiesel até óleos vegetais puros passando até pelo querosene que já foi muito usado como aditivo para o óleo diesel convencional com intuito de melhorar a fluidez durante o inverno e facilitar a partida a frio mas pode prejudicar a lubrificação das bombas injetoras, principalmente as do tipo distributivas (também chamadas de rotativas).
Diante de tantas vantagens inerentes ao uso irrestrito do Diesel por representações diplomáticas, também é conveniente lembrar que após um certo prazo os veículos podem ser revendidos para brasileiros durante as renovações de frota das embaixadas e consulados e regularizados para rodar livremente como aconteceu com esse Punto, sendo um dos poucos recursos acessíveis a um brasileiro que deseje ter um automóvel movido a óleo diesel. Mas deixando de lado a questão da imunidade diplomática, é no mínimo contraditório que continue sendo negado aos brasileiros o direito de adquirir um veículo leve com motor Diesel, reservando um privilégio a organizações estrangeiras em detrimento dos próprios cidadãos do país.
6 comentários:
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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.
It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.
Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html
É uma pena que esse não seja a diesel mesmo. Até a década de 90 os motores de carro a diesel tinham bem menos coisa para dar problema, e esses motores de injeção indireta até não incomodam tanto. Já vi do motor 1.3 a diesel da Fiat ser usado em gerador de eletricidade e como motor de barco.
ResponderExcluirAlém de serem mais adequados ao uso de óleos vegetais como combustível alternativo e ter mais tolerância a teores elevados de enxofre, o sistema de injeção indireta é mais simples e portanto mais barato por operar em pressões menores.
ExcluirTenho um Punto SX desse mesmo modelo só que o meu é azul escuro com pintura metálica. O câmbio desses carros é de 6 marchas mas o meu deu problema no trambulador e eu andei pensando em trocar pelo de 5 marchas do Palio.
ResponderExcluirIa ficar estranho um carrinho desses registrado como viatura militar, mas pensando bem faz todo sentido essa questão do diesel.
ResponderExcluirSe fosse a diesel valeria a pena comprar um desses usado.
ResponderExcluirTem quem compre para "ostentar" com um modelo tido como "exótico" por aqui devido à pequena quantidade que foi importada.
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