A viabilidade da adaptação de motores estacionários/industriais e agrícolas de 1 cilindro entre 0.9L e 1.5L em veículos leves é vista com ceticismo até entre defensores fervorosos de uma liberação do Diesel sem restrições por capacidades de carga, passageiros e tração. Diante das tentativas de afastar do imaginário popular os estereótipos de rusticidade, peso excessivo e desempenho modesto, a possibilidade do vetusto "motor de Tobatta" tornar-se uma opção atrativa para pequenos comerciantes, prestadores de serviço e outros profissionais chega a soar contraditória. Porém, frente à escassa oferta de motores Diesel automotivos com cilindrada abaixo de 2.0L no mercado brasileiro, ao menos num primeiro momento não se deve descartar totalmente essa hipótese.
É uma questão de prioridades. Ficaria difícil justificar um investimento muito elevado para converter um veículo mais simples, como por exemplo um Gol Furgão, e nesse contexto chega a ser compreensível que um motor monocilíndrico não seja imediatamente descartado e apontado como uma insanidade. Na ponta do lápis até a desvantagem do peso, em alguns casos por volta de 50% superior ao do motor de 4 cilindros em linha e ignição por faísca que se cogite substituir, merece ser avaliada mais a fundo antes de tomar uma decisão precipitada. É muito comum que estejam incluídos no peso de um motor monocilíndrico estacionário/industrial o tanque de combustível e periféricos como o radiador, ou um reservatório de água para refrigeração por evaporação quando aplicável. A redistribuição de tais componentes sob o capô, bem como a eliminação do tanque de combustível acoplado ao motor para usar apenas o tanque original do veículo, já abrem espaço para minimizar efeitos indesejáveis de uma alteração drástica na distribuição de peso entre os eixos. Mesmo com um motor Volkswagen AE-1600 (basicamente outro nome para o Ford CHT) pesando menos de 130kg com todos os acessórios, é possível deduzir que os 185kg de um Diesel monocilíndrico entre 1.2L e 1.5L não se tornariam necessariamente um estorvo ao observar algumas variáveis.
Pouca potência, que chega a ser inferior à de motores 1.0L usados em carros "populares", pode soar como um empecilho, bem como as faixas de rotação mais estreitas, mas os motores Diesel monocilíndricos estão longe de ser completamente indesejáveis. Um aspecto favorável é a menor superfície disponível para que o calor gerado durante a combustão seja desperdiçado, melhorando a conservação de energia no sistema. A menor quantidade de peças móveis, e por conseguinte de atritos internos, já seria um atrativo a mais. Outros bons argumentos estão relacionados à disponibilidade não apenas desses motores, tanto novos quanto usados, mas também das peças de reposição que venham a ser necessárias, refletindo a ampla participação de mercado em aplicações diversas desde grupos geradores e bombas de poço até pequenas embarcações.
É muito fácil julgar e estabelecer dogmas sem levar em consideração a disponibilidade de recursos ou as prioridades definidas por cada operador, e o eventual desprezo por motores Diesel monocilíndricos é um daqueles equívocos sustentados por uma dose de arrogância. Enquanto ainda se revelarem capazes de proporcionar desempenho aceitável em um veículo de trabalho como uma Chevy 500 ou uma Ford Pampa, a um custo menor e mais facilmente assimilável comparado a motores de concepção mais sofisticada, a meu ver não há justificativas tão plausíveis para simplesmente descartar essa opção tão polêmica e renegada. Afinal, mesmo que lhes seja atribuído um certo grau de precariedade, ainda acabariam tornando-se a porta de entrada ao Diesel para boa parte do público brasileiro.
A intenção de usar motores mais baratos é boa, mas precisa mesmo chegar nesse ponto? Qual o problema em usar um motor mais normalzinho com 4 cilindros?
ResponderExcluirNão há problema nenhum com os motores de 4 cilindros, e nem precisaria chegar nesse ponto se a disponibilidade de motores Diesel de pequena cilindrada e apropriados ao uso veicular fosse mais ampla no mercado brasileiro.
ExcluirÉ assustador como a falta de esperança leva as pessoas a se contentar com tão pouco. Uma adaptação assim tão precária só faria sentido se fosse parte de um esforço de recuperação depois de uma guerra e não tivesse nada melhor a um alcance imediato.
ResponderExcluirEu até não veria tanto problema na adaptação de motores Diesel monocilíndricos em automóveis. Para pequenos agricultores e pescadores artesanais, por exemplo, facilitaria a logística de reposição de peças e o acesso a assistência técnica.
ExcluirAcho que seria muita decadência ter que usar motor de 1 cilindro no carro mas é justa a intenção de liberar motor a diesel. E realmente se aquele 1.6 da Saveiro ou o 1.3 de exportação da Fiat fossem mais fáceis de encontrar não haveria tanto espaço para discutir se esses motores estacionários poderiam servir num carro.
ResponderExcluirNão me parece tanta decadência o uso de motores de 1 cilindro para fins automotivos. Por mais que a extrema simplicidade de um motor nessa configuração venha a soar desagradável para alguns esnobes, ainda seria apropriada para uma parte considerável da população brasileira que ainda depende de veículos mais antigos nos quais a adaptação de um motor muito mais sofisticado poderia não se justificar sob o ponto de vista financeiro.
ExcluirJá vi uma Opala Caravan usando motor de 2 cilindros daquele caminhãozinho Agrale mas nunca vi nenhum carro com motor de só 1 cilindro.
ResponderExcluirMas em vez de colocar motores de concepção tão antiquada num carro não seria melhor aumentar a escala de produção de motores mais modernos de origem automotiva para se usar como motor estacionário e de barco?
ResponderExcluirPode até ser melhor em alguns aspectos como o conforto acústico e minimização de vibrações, mas uma massificação do uso de motores mais sofisticados em equipamentos estacionários e embarcações ainda esbarraria no custo inicial favorecendo os motores monocilíndricos.
ExcluirEsses motores de 1 cilindro me dão medo até em barco mas eu acho justo que seja discutido o direito de se usar no carro para quem realmente precise para trabalhar e não tenha como conseguir motor melhor com facilidade.
ResponderExcluirMesmo não sendo a minha primeira opção, mas vendo por esse lado da economia, até que faz sentido a ideia de adaptar motor a diesel de 1 cilindro nos carros pequenos que sejam usados por gente mais humilde que precise deles para trabalhar.
ResponderExcluirPode ter uma boa intenção por trás disso tudo mas francamente, será que mesmo os pobres estariam dispostos a usar motores desse tipo levando em conta só o preço? E o orgulho como fica? Se fosse para fugir de uma zona de guerra até daria para aceitar tanto improviso como último recurso, mas querer uma coisa dessas em época de paz já é demais. Faria mais sentido que liberassem o uso dos mesmos motores que já são usados nos carros nacionais a diesel para exportação.
ResponderExcluirNo caso de utilização do veículo para trabalhar, é possível que o baixo custo de um motor monocilíndrico ainda seja um forte atrativo e o "orgulho" fique em segundo plano. E por mais que liberar o uso dos motores veiculares já aplicados em modelos de exportação seja coerente, para quem não pode ou não quer se desfazer de um carro mais antigo é interessante avaliar as opções mais facilmente disponíveis para uma conversão até que a oferta de motores Diesel leves atinja uma certa estabilidade.
ExcluirNo es de todo mala idea, y además que se podría sacar los kuligligs de las calles de Manila si lo adapta un de eses motores de 1 cilindro a un coche viejito.
ResponderExcluirPode dar certo mesmo.
ExcluirNenhum carro que fez sucesso tinha menos de 2 cilindros, mas eu não acho que isso devesse impedir a adaptação de motor de 1 cilindro. Ficar querendo nivelar tudo e todos igual não dá certo nem nunca deu, as pessoas tem que ter pelo menos a chance de escolher o motor que servir melhor e for mais fácil de pagar. Eu não preciso chegar no ponto de colocar motor de tobata no carro mas sou a favor de quem quiser fazer.
ResponderExcluirÉ inevitável, vai ter quem faça adaptações com esse tipo de motor se liberarem carro normal a diesel. Bem mais rápido que ficar esperando motores de carro a diesel pouco rodados começarem a aparecer nos desmanches.
ResponderExcluirChegou exatamente no ponto que eu queria chegar.
ExcluirTenho lá minhas dúvidas com esses motores mas se for o único jeito de liberarem carro a diesel eu não duvido que a turma saia correndo atrás deles feito louco.
ResponderExcluirAo menos em algumas regiões de interior é provável que aconteça mesmo.
ExcluirO pessoal fica querendo esconder que o Brasil é país pobre, terceiro mundo do brabo, mas botar panos quentes não resolve nada. Eu sou a favor dos carros a diesel e por mais que esses motores estacionários de 1 cilindro sejam mesmo muito precários eu acho que são um passo importante para desmistificar a imagem do motor a diesel como inacessível e que só funciona para caminhonete grande.
ResponderExcluirTodo ano aparece carro a diesel de estrangeiro nas cidades litorâneas. Nada mais justo que liberar para nós daqui também. Só acho que não dá para ficar nessa de se conformar em ter só o pior enquanto os gringos tem tudo do bom e do melhor com toda facilidade.
ResponderExcluirJá andou naqueles barcos da Costa da Lagoa? É o motor deles que você está defendendo que seja usado nos carros?
ResponderExcluirSim, já andei em barcos da Costa da Lagoa, e estou defendendo uma eventual aplicação do mesmo tipo de motor para fins automotivos.
ExcluirLiberar motor a diesel faz sentido mas precisa ser mesmo tão mão de vaca? Ou a intenção é bancar o caipirão grosso usando esses motores de trator?
ResponderExcluirA questão não é ser mão-de-vaca nem "bancar o caipirão", mas propor uma alternativa que possa ser implementada de forma mais imediata em seguida a uma liberação do Diesel em veículos leves.
ExcluirQuando eu comecei a ler esse texto eu estranhei a proposta de usar esse motor no carro, mas mostrei para um pequeno comerciante dono de bar e ele me disse que faz sentido. Diz ele que fica bem mais favorável gastar menos com combustível toda vez que vai no atacadista.
ResponderExcluirEm alguns caminhões antigos com baú refrigerado ainda se usava motor desse tipo no equipamento de refrigeração mas eu já vi usarem o suprimento de óleo diesel do tanque do próprio caminhão e a bateria do caminhão para dar a partida no motorzinho. Da próxima vez que eu enxergar caminhão refrigerado em algum desmanche vou pelo menos ver se descubro o preço dum motor desses. Aliás, esse que é o tal do motor termoking que adaptavam nas Caravan e nas Rural na década de 80?
ResponderExcluirO tal "motor ThermoKing", até onde eu me lembre, é também produzido pela Yanmar mas da série TNV e com 3 ou 4 cilindros verticais em linha. Também chegaram a ser usados motores Isuzu 4LE1 e 4LE2 em alguns equipamentos de refrigeração produzidos pela ThermoKing na década de 80.
ExcluirNão é o motor mais indicado mas é o que pode ser feito por quem não tem como comprar coisa melhor. Tem que deixar o pessoal ter efetivamente condição de trabalhar e o preço da gasolina não ajuda.
ResponderExcluirPara o pessoal que mora no interior é até comum usar motor estacionário em jipes velhos e em carretas agrícolas. Eu acho que seria justo liberar o uso em veículos normais, ficaria na medida para muita gente.
ResponderExcluirJá andei em barco com motor desse tipo e deu um pouco de medo.
ResponderExcluirDeja los motores chinos de 1 cilindro para que los cubanos lo pongan en los Lada, y además que en Brasil lo hacen motores de 4 cilindros para exportacion.
ResponderExcluirAinda fabricam esses motores ou só acha em ferro velho agora? No começo do mês fui ver uns motores a diesel de 1 cilindro mas eram pequenininhos do tamanho dum motor de moto.
ResponderExcluirTanto a Yanmar quanto uma infinidade de fabricantes chineses ainda fabricam motores monocilíndricos horizontais, embora estejam mais relegados a usos estacionários/industriais e náuticos. E com a implementação de normas de emissões para tratores e outras máquinas agrícolas, rodoviárias e de construção, o futuro desse tipo de motor nessas aplicações é uma incógnita.
ExcluirDo jeito que qualquer Saveiro a diesel já está pela hora da morte, pode ser que essa seja a última alternativa mesmo.
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