domingo, 11 de novembro de 2018

4 circunstâncias em que ainda fica difícil o Diesel competir com a ignição por faísca

O motor de combustão interna, de um modo geral, não vai perder relevância tão rapidamente como os ecologistas-melancia de plantão alegam. E em função de particularidades que possam ainda se revelar adequadas às necessidades de alguns operadores e à disponibilidade regional de matérias-primas para a produção de biocombustíveis, até mesmo motores de ignição por faísca podem vir a manter alguma relevância mesmo diante da concorrência do Diesel. Podem-se destacar ao menos 4 circunstâncias em que isso pode ser observado...



1 - percepção de uma maior facilidade de manutenção: esse aspecto já pode soar até bastante contraditório, ao recordarmos do maior grau de complexidade técnica que vem sendo agregado às novas gerações de motores a gasolina ou "flex" igualmente aptos a operar com etanol, como é o caso do 1.0 TSI que é oferecido no Volkswagen Virtus como opção ao 1.6 MSI. Além do turbocompressor, que até poucos anos atrás ainda era estigmatizado como coisa de "mano" que recorria a gambiarras, a injeção direta também está conquistando um espaço cada vez maior junto ao público mais generalista, e por operar em pressões mais elevadas requer mais cuidados na manutenção, e talvez por isso tenha me surpreendido ver um Virtus 200 TSI servindo como táxi tendo em vista que os taxistas costumam preferir motores mais simples. Nesse sentido, talvez a estratégia mais conservadora da Toyota, que mesmo mirando no Polo e no Virtus com a introdução do Yaris no mercado brasileiro optou por usar só motores de aspiração natural e injeção sequencial nos pórticos de válvula, ainda possa se manter favorável a essa idéia.

2- motos de pequena cilindrada e triciclos utilitários: tanto numa KTM Duke 200 cujo motor já tem uma concepção mais moderna quanto num daqueles triciclos chineses que usam uma cópia do motor da CG varetada (muitas vezes ampliado para 150 ou 200cc), a potência específica em faixas pequenas de cilindrada ainda favorece os motores de ignição por faísca. Também há de se levar em conta que o espaço disponível para o motor fica um tanto restrito, o que dificultaria a instalação de um daqueles motores Diesel estacionários que se usam em outras aplicações, além do fato de muitas motos terem a carcaça do câmbio integrada ao cárter. E ao menos enquanto não for proibido de vez o carburador, no caso de modelos mais simples ainda vai ser viável recorrer a um sistema de combustível por gravidade ao invés da necessidade de recorrer a uma bomba elétrica para pressurização.

3 - uso do gás natural: constantemente apontado como um dos principais substitutivos possíveis para o óleo diesel, ganhando popularidade na Argentina sobretudo em função do custo menor quando comparado ao de um veículo similar dotado de um motor Diesel moderno, o gás natural é favorecido também pela percepção de uma manutenção mais simples. Em modelos como a furgoneta Peugeot Partner de 1ª geração que ainda é muito popular do lado de lá da fronteira, a evolução notavelmente mais lenta de motores de ignição por faísca como o TU4 pesa a favor da facilidade de reposição de peças ou para executar eventuais gambiarras, inclusive a prática de adaptar carburador no lugar da injeção eletrônica original como se faz tanto no interior da Argentina quanto nas villas miseria ao redor de grandes cidades como Buenos Aires. A possibilidade de instalar os cilindros de gás por baixo do assoalho, prejudicando menos o espaço interno, também diminui a percepção de eventuais inconveniências desse sistema, não apenas em veículos particulares como tantas Peugeot Partner de turistas argentinos quanto em utilitários de trabalho como uma Fiat Strada.

4 - embarcações recreacionais e/ou leves para aplicações especiais: a chegada da injeção direta nos motores de popa, com destaque para a linha E-TEC da Evinrude, favoreceu não só o desempenho mas também a economia de combustível. Mas além da gasolina, a mesma tecnologia pode ser usada para operar até com combustíveis pesados como querosene de aviação e eventualmente óleo diesel convencional em versões de especificação militar para uso em botes infláveis dos U.S. Marines, visando atender a diretrizes da Marinha dos Estados Unidos proibindo o transporte de gasolina a bordo das embarcações devido ao maior risco de explosão quando comparada a combustíveis menos voláteis.

3 comentários:

  1. Na minha última ida a uma praia, no Guarujá, eu cheguei a ver uns barcos funcionando com querosene no lugar da gasolina. Me disseram que era para "limpar" dentro do motor.

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    1. Para diluir depósitos carbonizados dentro do motor, não é incomum fazer o "flush" com querosene no caso dos motores 2-tempos.

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  2. Querosene eu já vi botarem até em carro normal, achando que ia manter o carburador e o tanque de combustível livres de impurezas do álcool. Agora que não é tão fácil achar posto com querosene na bomba é que deu uma diminuída nisso.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html