quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Refletindo sobre possíveis implicações da eleição de Jair Bolsonaro e perspectivas para uma liberação do Diesel em veículos leves

Não posso negar que a eleição de Jair Bolsonaro para a presidência da República me causou alguma surpresa, mesmo após cerca de 7 anos de especulações surgidas em conversas com amigos em torno da eventual chegada de um militar ao cargo. A bem da verdade, quando me questionavam em 2011 se eu apostaria em alguém oriundo da caserna, eu costumava mencionar mais frequentemente o general Augusto Heleno, mas a partir de 2012 já supunha que fosse mais fácil o capitão Bolsonaro ser eleito em função de já ter alguma visibilidade no cenário político e ter se tornado um nome mais conhecido mesmo fora do meio militar. E mesmo com a tentativa de assassinato levada a cabo por um terrorista vinculado ao PSOL, somada ao posterior desespero de alguns grupos referindo-se ao então candidato como "o inominável" ou "o coiso" (sic) para minimizar a projeção que o atentado gerou em termos de mídia espontânea, ou hashtags impulsionadas por "artistas" decadentes e mamadores de verba pública através da lei Rouanet, as viúvas do detento Silva ainda terão que aguentar o Helenão como ministro da defesa... Mas como o foco aqui é uma eventual liberação do Diesel para veículos leves, vamos ver alguns pontos que podem levar o governo Bolsonaro a ser o mais favorável a tal medida.

Até um eventual peso da doutrina militar na tomada de decisões com um viés mais econômico passa longe de ser uma verdade absoluta, tendo em vista que o planejamento nesse âmbito ficará nas mãos do economista Paulo Guedes, mas não faz muito sentido ignorar essa possibilidade tendo em vista algumas circunstâncias que evidenciam o fracasso das restrições baseadas nas capacidades de carga e passageiros ou tração sob o pretexto de assegurar o óleo diesel convencional para o transporte comercial e a agricultura. Além das pick-ups pequenas terem forte presença de mercado em aplicações no transporte comercial, há de se destacar que veículos de tração simples com menos de 10 assentos (incluindo o do motorista) e capacidade de carga nominal abaixo de uma tonelada ainda são amplamente usados também no serviço militar para fins administrativos ou como ambulância, e portanto já não seria uma surpresa que a opção pela padronização em torno de um único combustível já aplicada aos veículos militares operacionais nos países signatários do Tratado do Atlântico Norte (o "tratado da OTAN" do qual o Brasil também participa) venha a ser replicada em outros âmbitos da administração pública. Naturalmente, muitos operadores particulares tanto para fins efetivamente utilitários quanto para uso geral também ficariam desejosos de recorrer a um motor turbodiesel num Fiat Doblò por exemplo, e a bem da verdade uma parte considerável do público que hoje recorre aos sport-utilities 4X4 tão somente para "levar vantagem" com um motor mais eficiente estaria melhor servida por uma furgoneta de tração simples...


É importante destacar também a questão do desenvolvimento agropecuário e uma expansão da oferta de biocombustíveis no varejo, considerando também negociações já em curso para usar tecnologias israelenses de dessalinização e manejo de recursos hídricos para enfrentar a seca no Nordeste, sendo uma oportunidade excelente para fortalecer a segurança alimentar e promover uma integração com a produção de biocombustíveis. Nesse caso, o uso do milho na alimentação do gado de corte destinado à produção de carne já fomenta a discussão em torno do etanol, tendo em vista que utilizar o "grão de destilaria" que sobra da produção desse biocombustível proporciona um ganho de peso mais rápido aos rebanhos quando se compara ao uso do grão de milho ao natural. Também é interessante destacar que uma eventual liberação do Diesel poderia não significar um fim iminente da ignição por faísca no mercado brasileiro, tanto em função dos medíocres de plantão que se valem de uma maior facilidade para fazer gambiarra quanto pelo crescimento do mercado motociclístico no Brasil e a popularização do motor "flex" também em motos de pequena cilindrada como a Honda CG 160. Logo, não se pode ignorar que o etanol eventualmente possa recuperar uma certa relevância, até mesmo valorizando a participação de militares para viabilizar esse combustível em larga escala na época das crises do petróleo.

Convém destacar que um mesmo fortalecimento do setor agropecuário que seria capaz de reaver o prestígio perdido pelo etanol após as sabotagens com um viés chavista durante a "era Lula" também acabaria se refletindo em oportunidades para o biodiesel, e assim soaria bastante lógico que temores em torno do impacto de uma liberação do Diesel em veículos leves sobre o suprimento de óleo diesel convencional para o transporte pesado e a mecanização agrícola deixassem de fazer sentido. Não se precisa derrubar uma única castanheira da Amazônia para expandir as áreas cultivadas com soja e milho ou outras espécies que possam servir tanto a fins alimentícios quanto como matéria-prima de biocombustíveis, ao contrário do que alegam alguns hipócritas que exploram para fins eleitoreiros a miséria perpetuada pela seca no Nordeste e grupos que promovem o terrorismo nas zonas rurais, e nesse sentido é de suma importância o intercâmbio técnico-científico com Israel que a esquerda tanto rejeitou por meio do anti-semitismo travestido de "anti-sionismo". Outro ponto que é uma questão de honra seria disponibilizar mais opções para operadores que hoje recorrem ao gás natural importado da Bolívia onde é extraído com equipamentos roubados pelo ditador socialista Evo Morales com a conivência do hoje presidiário Lula.

Assim como as perspectivas de alçar Jair Messias Bolsonaro à presidência da República já chegaram a ser tratadas como um simples meme, e no fim das contas teremos um presidente e um vice militares a partir de 1º de janeiro de 2019 apoiados não só pelas Forças Armadas mas também por uma parcela expressiva da sociedade civil, pode-se esperar que algo parecido ocorra com o uso de motores Diesel em veículos leves no Brasil. As condições técnicas para que se implemente essa medida são reais, só faltava uma presença de mais gente com a visão estratégico-militar dentro do cenário político para se levar adiante essa pauta, e o desafio ao que tudo indica já foi vencido com o resultado dessa recente eleição presidencial seguida pela indicação do tenente-coronel da Força Aérea Brasileira e também engenheiro Marcos Pontes para o Ministério da Ciência e Tecnologia. Enfim, renovaram-se algumas esperanças por um futuro mais glorioso para o Brasil, e certamente uma liberação do Diesel estaria de acordo com esses anseios representados em torno do novo presidente eleito.

5 comentários:

  1. Levando-se em conta que quem proibiu os automóveis a diesel no Brasil foram os próprios militares, em 1976, para estimular o ProÁlcool e diminuir a importação de petróleo, (o que acabou tirando o país da mão dos sheiks árabes porém colocou na mão dos usineiros) não seria mais interessante produzir diesel de cana em vez de etanol, já que (informação obtida aqui mesmo no blog, em um post de 2016) a produtividade chega a ser de 12,4 vezes maior que a da soja? Seria mais coerente, já que o etanol está em descrédito.

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    1. Até poderia ser, mas ainda não é o momento de apostar num fim dos motores de ignição por faísca e do etanol.

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    2. Sim, entendo, há muita política e interesses econômicos em jogo. Engenharia Mecânica não é minha área, mas me interesso por biocombustíveis, já que a produção destes é fortemente ligada à produção de alimentos, área em que atuo. Pesquisando aqui, descobri que, uma tonelada de cana produz de 85 a 90 litros de etanol em 10-12 horas de fermentação, enquanto que o milho produz 400 l/t com 38-45 h de fermentação, nesse caso, apesar da maior produtividade, o milho tende a apresentar maior custo de produção. Já a soja produz 190 l/t enquanto do sebo bovino se obtém 800 l/t. Há também a palma, um cacto muito comum no Nordeste, de onde se obtém 4500 /hectare, enquanto a soja é de 570 l/ ha (com produtividade de 33 sacas/ha). Como vc pode ver, o Brasil tem tudo para ser uma potência em biocombustíveis, o que sempre faltou eram pessoas de visão no comando, e pelo visto agora temos.

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    3. O cacto conhecido no Nordeste como "palma forrageira" não tem relação com a oleaginosa também conhecida como palma, que é na verdade o dendê tão apreciado na culinária baiana. Eu me lembro que durante a minha ida mais recente a Manaus em 2009 eu vi uns pés de dendê na frente da Embrapa Amazônia Ocidental na estrada Manaus-Itacoatiara. O dendê se dá melhor em áreas úmidas, então poderia cair como uma luva nos povoados ribeirinhos do interior do Amazonas mesmo.

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  2. Perdão, cometi um erro. Me permite uma correção: se a soja produz 190 l de óleo a cada tonelada, para produzir os 570 l por ha são necessárias 3 t, 50 sacas de 60 kg, e não 33 como comentei anteriormente. É a pressa em querer comentar... rsrs

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html