segunda-feira, 12 de novembro de 2018

[Polêmica] A tragédia do Titanic poderia ter sido evitada se a propulsão fosse Diesel?

Uma das tragédias mais famosas do século passado foi, sem dúvida, o naufrágio do RMS Titanic. Passados mais de 100 anos, alguns mitos e lendas ainda persistem no imaginário popular em torno das reais circunstâncias que viriam a culminar no acidente. Desde aquela velha balela de que um dos sócios do estaleiro Harland and Wolff ou da empresa de navegação White Star Line teria dito que "nem Deus é capaz de afundar esse navio" até teorias de conspiração sobre uma suposta bomba que teria sido detonada a bordo para causar o rompimento do casco e afundar a embarcação para a operadora embolsar o prêmio do seguro, muitas alegações nesse sentido já foram refutadas racionalmente.

A capacidade da empresa proprietária do navio para honrar compromissos financeiros estava em ordem, e portanto não seria o caso de se tentar uma fraude no seguro. A explosão ocorrida a bordo e o incêndio que a seguiu, causados pelo uso de carvão com uma qualidade inferior e que soltava mais poeira por ter sido o que havia disponível no momento em função de uma greve de mineiros e o desejo de não atrasar a viagem inaugural do Titanic, realmente causou um enfraquecimento da seção do casco próxima à área onde estava estocado o carvão. Tendo em vista que a têmpera do aço naquele ponto foi alterada, e portanto a resistência do casco ao impacto contra o iceberg viu-se seriamente comprometida.

Ainda que a propulsão a vapor ainda fosse a mais usual nos grandes navios transoceânicos da época, o uso de motores Diesel para a mesma finalidade já dava seus primeiros passos para se consolidar como o substituto. O primeiro navio a ser equipado com motores Diesel foi o MS Selandia, lançado pouco tempo antes do Titanic e operado pela empresa dinamarquesa East Asiatic Company em rotas entre a Escandinávia e Bangkok com escala em Gênova. Construído pelo estaleiro Burmeister & Wein localizado em Kopenhagen, usava 2 motores Diesel 4-tempos de 8 cilindros e 1250shp cada. Apesar de menor que o Titanic, o Selandia já evidenciava a viabilidade dessa tecnologia então inovadora, e que viria futuramente a se consolidar como a forma mais eficiente e segura para atender às necessidades da propulsão marítima até hoje.

Naturalmente, naqueles primeiros momentos da evolução do ciclo Diesel, igualar a potência instalada de 46000hp do Titanic não seria uma tarefa das mais fáceis, embora hoje os grandes navios cargueiros consigam superar a barreira dos 70000hp com um único motor. Alguns dos mais potentes turbodiesel 2-tempos diga-se de passagem são feitos pela MAN B&W, sucessora do estaleiro Burmeister & Wein que deu início à maior revolução já vista na propulsão marítima. E por mais que não seja possível reescrever a história, não convém ignorar que a propulsão baseada em motores Diesel poderia eventualmente ter sido uma alternativa mais segura para o Titanic, tendo em vista que atualmente a padronização do uso desse tipo de motor nas principais frotas militares se deu justamente pela segurança no manuseio dos combustíveis.

3 comentários:

  1. Já me disseram que alguns desses navios de cruzeiro modernos usam turbinas parecidas com as de avião ou de helicóptero.

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    1. Alguns já usam motor turboshaft (turboeixo) como os de helicópteros e de alguns tanques de guerra.

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  2. Faz bastante sentido. Motores a vapor ainda são interessantes como curiosidade histórica, mas já era uma tecnologia obsoleta na época do Titanic mesmo. Até se tivessem conseguido fazer uns motores com partida a lamparina como aqueles Bolinder, mas num tamanho suficiente para servir um navio da classe Olympic, teria sido mais seguro.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html