Citroën 2CV: possivelmente o carro mais difícil de adaptar um motor Diesel sem maiores intercorrências

Um dos carros populares mais icônicos, sem sombra de dúvida, foi o Citroën 2CV. Embora no Brasil o modelo não tenha se firmado diante da concorrência do Fusca e do Renault Dauphine/Gordini, fez muito sucesso na Argentina. Com uma concepção absolutamente minimalista focada na facilidade de operação e manutenção, visando especialmente atender ao público rural ainda dependente de carroças no interior da França, também atraiu consumidores com um perfil mais urbano que ainda valorizavam um veículo simples mas totalmente funcional. Mas como nem tudo é perfeito, uma característica que merece destaque é a dificuldade em encontrar um motor Diesel que possa ser adaptado sem maiores intercorrências.

Como o motor original é muito leve e montado em posição dianteira longitudinal, qualquer substituto poderia alterar muito significativamente a concentração de peso entre os eixos e alterar a estabilidade que é um dos grandes destaques desses modelos clássicos da Citroën. Em função da configuração da suspensão, com uma mola central dentro de um tubo em cada lateral mantendo as rodas dianteiras e traseiras conectadas de modo a compensar alterações no nivelamento da carroceria de acordo com as condições de carga, ficaria muito difícil alterar o chassi para receber um conjunto de motor e câmbio montados em posição transversal sem sacrificar essa funcionalidade. Embora dentre alguns modelos que usaram um motor baseado no mesmo flat-twin refrigerado a ar do 2CV ao menos o Visa tenha contado simultaneamente com motores de refrigeração líquida e 4 cilindros em linha montados em posição transversal, incluindo o XUD7 para quem não abria mão do Diesel, há de se levar em conta ainda o espaço para a montagem de periféricos como o radiador e o alternador, além de acessos para manutenção. O compartimento do motor mais amplo e principalmente mais largo em modelos que iam surgindo posteriormente ao 2CV, já integrando totalmente os paralamas dianteiros à carroceria, é mais favorável à instalação de um motor Diesel efetivamente apropriado a aplicações automotivas.

Apesar da largura do Citroën Visa ser apenas 5cm maior que a do 2CV, o que até poderia levar a se supor que uma adaptação de motor transversal não seria tão absurda, exigiria modificações demais no chassi para ser considerada livre de maiores intercorrências. Considerando o motor de 435cc e 24cv que foi usado no 2CV antes da substituição por um de 602cc, visando manter a velocidade máxima na faixa dos 100km/h para diminuir as chances de se tornar uma bola de futebol de caminhão em uso geral, na melhor das hipóteses algum daqueles motores estacionários de 2 cilindros na faixa de 800 a 900cc e 18cv contínuos pudesse servir a contento. No entanto, além do valor histórico de um Citroën 2CV já servir de pretexto para preservar a originalidade, vale recordar que o modelo usa um dos motores de ignição por faísca mais geniais já projetados e que até um dieselhead mais fanático se vê obrigado a reconhecer as qualidades...