O início da "dieselização" no Brasil tendo se desencadeado numa época de restrição a importações de forma um tanto imediatista, quando pick-ups full-size como a Ford F-100/F-1000 e motores de trator eram o que estava prontamente disponível, desencorajava investimentos mais ousados no âmbito dum downsizing que fosse mais direcionado especificamente a aplicações veiculares, tendo em vista ainda que ficaria difícil promover uma amortização mais rápida dos custos num mercado já prejudicado por restrições ao uso de um mesmo motor Diesel tanto em utilitários quanto em veículos leves. Enquanto na ignição por faísca se tornava facilmente justificável o compartilhamento de um motor como o 2.3 OHC da Ford em versões a etanol ou gasolina tanto em utilitários como a F-100 quanto no Maverick que foi o único automóvel a usar esse motor no Brasil, o mesmo não seria tão facilmente aplicável a um motor Diesel que pudesse proporcionar desempenho satisfatório a uma pick-up ao mesmo tempo que coubesse num automóvel médio sem alterações tão drásticas para suportar o peso excessivo sobre o eixo dianteiro.
Já nas pick-ups médias, que foram ganhando uma participação cada vez mais expressiva no mercado, os motores de alta rotação marcaram presença desde o início justamente pela proposta de serem mais leves e compactas que uma full-size, mesmo que alguns modelos como a Volkswagen Amarok já se aproximem mais do porte de gerações anteriores das full-size. Considerando fatores que vão desde o menor apreço pelo outsourcing de motores Diesel leves entre os fabricantes generalistas com maiores volumes de vendas como é o caso da Volkswagen, até a economia de escala em âmbito mundial tendo em vista o compartilhamento do motor 2.0TDI com veículos de passageiros em outros países, poderia soar mais óbvio priorizar essa opção. O perfil mais abrangente do consumidor de pick-ups moderno, que não se restringe mais tanto às aplicações meramente utilitárias e se firma também num contexto recreativo, também favoreceu a presença de motores cada vez mais sofisticados.
Naturalmente, evoluções que vão desde a massificação do turbo e do gerenciamento eletrônico foram necessárias tanto para atender ao rigor cada vez maior das regulamentações de emissões quanto para o desempenho alcançar patamares que alçassem motores turbodiesel de alta rotação com 4 cilindros à posição de desafiar os V6 e V8 de ignição por faísca sedentos por gasolina, o que pode fazer com que alguns consumidores das novas gerações de pick-ups médias questionem até que ponto pudesse fazer sentido oferecer algo mais fiel à proposta utilitária que permanece mais clara nas versões com cabine simples de modelos como a Chevrolet S10. Convém destacar que, embora seja possível conduzir uma pick-up média com habilitação para automóveis, algumas características como o centro de gravidade mais alto interferem na estabilidade e exigem um maior cuidado principalmente em altas velocidades. Portanto, apesar de que uma eventual oferta de motores com uma menor elasticidade decorrente dum regime de rotação mais modesto pudesse ser vista como um retrocesso, o resultado prático não seria de todo insatisfatório, além do mais que atualmente costuma ser comum a limitação eletrônica da velocidade máxima por volta de 160 a 180km/h.
Por mais que uma parte do sucesso da atual geração de pick-ups médias junto a consumidores com perfis mais diversificados possa ser atribuída ao menos parcialmente aos motores turbodiesel de alta rotação, e também à evolução tecnológica que se apresenta principalmente nas últimas duas décadas, é compreensível que a essência utilitária desse tipo de veículo ainda seja convidativa para o recurso a soluções tecnicamente mais conservadoras. A bem da verdade, eventuais vantagens na durabilidade e economia de combustível que possam estar relacionadas a regimes de rotação mais modestos podem beneficiar tanto usuários particulares/recreativos quanto profissionais. Enfim, tanto para oportunizar uma maior liberdade de escolha quanto beneficiar o usuário final, ainda faria sentido oferecer essa alternativa.
Se não for problema para usar câmbio automático e o motor a diesel sair mais barato, de repente até gente que prefere as flex pudesse achar tentador partir para o motor a diesel
ResponderExcluirNão é impedimento para usar o câmbio automático, mas a princípio uma diminuição no custo inicial não seria tão expressiva a ponto de se equiparar às flex.
ExcluirPodia ser até que um motor de 3 cilindros se fosse oferecido de fábrica numa Ranger ficasse melhor do que adaptado numa F-1000 como se fez muito até quase 30 anos atrás.
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