Uma pauta que pode parecer "heresia" para aqueles fãs mais incondicionais de um V8 americano com uma sede insaciável por gasolina, e que também pode parecer menos relevante para europeus tendo em vista não só o apreço pela concepção abrutalhada e essencialmente americana como um aspecto mais "exótico" por natureza, mas a caça às bruxas que vem sendo perpetrada em nome de uma falsa "sustentabilidade" com um rigor ainda mais excessivo sobre o Diesel especificamente. De fato, há um enorme contraste entre a opulência das "banheiras" americanas do pós-guerra e a abordagem mais pragmática adotada pela indústria automobilística instalada numa Europa em reconstrução, e assim uma eventual aproximação entre ambas as realidades regionais distintas que o Diesel seria capaz de proporcionar acabaria no fim das contas desagradando entusiastas de veículos dos dois lados do Atlântico Norte. Ainda assim, cabe destacar ao menos 5 carrões tipicamente americanos que ficariam ainda mais agradáveis com o equilíbrio entre força e economia que o Diesel oferece...
1 - Ford Galaxie: tendo em vista que a única geração do modelo a ser fabricada no Brasil usou num primeiro momento o motor Y-Block compartilhado com a linha de caminhões, enquanto equivalentes americanos já contavam com o Windsor, a princípio poderia não soar tão absurdo estender também a disponibilidade de um motor Perkins Diesel de 6 cilindros em linha. Considerando ainda a montagem da alavanca de câmbio na coluna de direção tanto nas versões manuais quanto automáticas do modelo nacional, sempre com 3 marchas, a adaptação do câmbio de 4 marchas da F-1000 que foi até bastante apreciada poderia soar como outro bom pretexto para recorrer ao conjunto mecânico "de caminhão";
2 - Lincoln Town Car: certamente a opção por ao menos um motor Diesel, ou posteriormente um turbodiesel, teria favorecido uma maior participação em mercados internacionais à medida que os concorrentes europeus avançavam nesse aspecto. Considerando também a confiabilidade de motores Diesel em situações extremas e o uso do modelo para transporte de VIPs tanto em versões normais quanto convertido para limousine, poderia ser particularmente desejável recorrer a esse tipo de motor em função de eventuais motivos de segurança que vão desde o menor risco de incêndios e explosões até o torque em baixa rotação favorecendo um maior vigor na aceleração mesmo com alguma dose de sobrepeso acrescentada pela conversão em limousine e/ou por uma blindagem;
3 - Chevrolet El Camino: embora convenha lembrar que a homologação como veículo comercial faz com que muitas vezes uma pick-up seja o jeito mais barato para quem faz questão de um motor V8, e modelos do porte da El Camino tivessem um enfoque menos voltado a serviços pesados, a opção pelo Diesel estava longe de ser indesejável. O fracasso comercial do motor Oldsmobile Diesel de 5.7L que chegou a ser oferecido na 5ª geração da El Camino deveu-se mais a erros estratégicos da GM que a uma falta de interesse por parte do público, e certamente foi um empecilho para tentar manter uma presença mais forte em mercados de exportação;
4 - Chevrolet '51: remontando a uma época em que a General Motors ainda era a principal fabricante de automóveis a nível mundial, e que o Diesel ainda estava começando a despontar como uma opção para quem priorizava economia operacional, certamente teria sido útil oferecer esse tipo de motor em mercados de exportação mais sensíveis ao custo e qualidade dos combustíveis, levando em conta ainda o fato de não ter sido incomum que um motor Diesel de cilindrada menor que o análogo a gasolina ainda se mantivesse competitivo em mercados onde a incidência de impostos já estava atrelada também à cilindrada. E como a GM era proprietária da Detroit Diesel, não deixa de chamar a atenção não ter aproveitado o know-how dos motores Diesel 2-tempos que então ainda se destacavam na relação peso/potência. Não é de se duvidar que pudesse ter encontrado alguma aceitação também nos Estados Unidos ao menos no segmento de táxis, como uma alternativa mais econômica ao Stovebolt Six que era então o único motor oferecido na linha Chevrolet;
5 - Dodge Custom de '46 a '49: pode parecer loucura sugerir que algum motor seria melhor que o flathead-six original, tendo em vista a incrível suavidade que leva as vibrações a serem praticamente nulas, mas é interessante destacar que a configuração de válvulas laterais também é associada a uma menor aptidão para operar em faixas de rotação mais altas. Portanto, a eficiência energética maior inerente a motores Diesel faz com que seja o caso de se analisar com mais calma antes de afirmar se um motor é efetivamente melhor que o outro...
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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.
It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.
Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html