quinta-feira, 28 de maio de 2020

5 "sucatões" subestimados que seriam interessantes para reabilitar com um Cummins ISF2.8

Alguns carros já nascem fadados à rejeição por parte do público, seja por uma quebra de tradições do fabricante, seja pelo momento econômico e político em que foram introduzidos. Outros sofreram com a decadência por razões tão diversas quanto dificuldades para encontrar peças de reposição à medida que o tempo avançou. Naturalmente, há aqueles que pela desvalorização acentuada podem tornar-se uma boa base para alguma personalização pouco ortodoxa como a adaptação de um motor Cummins ISF2.8 por exemplo. Ao menos 5 "sucatões" se destacam entre aqueles potencialmente interessantes para essa experiência...

1 - Ford Versailles/Royale: um dos modelos marcantes da fase mais sombria da operação brasileira da Ford, quando a joint-venture AutoLatina instituída junto à Volkswagen foi essencial para garantir a sobrevida do empreendimento. O sucesso do Plano Real no controle da inflação facilitando a entrada de automóveis importados, gerando inclusive um fogo amigo por parte da Ford que trazia da Europa o Mondeo e dos Estados Unidos o Taurus, deixava o Versailles e a station-wagon Royale claramente fora de sintonia com as expectativas de um público que já não se dava por satisfeito com a adaptação do Santana para incorporar algumas referências do estilo da Ford na dianteira e na traseira. Além de ser meio desprezado tanto pelos fãs da Ford quanto pelos da Volkswagen mesmo que tenha o motor EA827 "AP" tão idolatrado por preparadores, sucumbiu ao fim da AutoLatina em '96. Mas o que pode parecer só uma gambiarra sem-graça de fábrica revela um potencial interessante para fazer experiências com conjuntos mecânicos diferenciados tendo em vista que, apesar da plataforma B2 ter sido usada no Brasil somente com tração dianteira, é apta para incorporar tração integral ou somente traseira. Portanto, ficaria até mais fácil chutar o balde e montar um monstrão com o motor Cummins ISF2.8 que a princípio se adaptaria melhor à tração traseira;

2 - Chrysler PT Cruiser: um daqueles modelos que exploraram a moda retrô por volta do ano 2000, a inspiração no desenho do Chrysler Airflow da década de '30 confere um aspecto que seria esperado de uma reinterpretação moderna dos hot-rods mas não condiz com os modestos motores a gasolina de 1.6L co-projetado com a BMW ou de 2.0L e 2.4L com projeto próprio da Chrysler, sendo que o 2.4L era o único a dispor de turbo como opção mas todos eram usados com tração dianteira. Até chegou a ser disponibilizado um turbodiesel de 2.2L da Mercedes-Benz na Europa, Ásia e África do sul, com a mesma tração dianteira. O fato da Cummins atribuir ao ISF2.8 um "envelope" compacto o suficiente para ser instalado nos mesmos espaços onde um concorrente na faixa de 2.2L seria aplicável, já leva a crer que seria uma boa alternativa para repotenciamentos considerando também eventuais upgrades não só no desempenho mas também na certificação de emissões, tendo em vista que o OM646 só foi oferecido na especificação Euro-4 enquanto o ISF2.8 já cumpre as normas Euro-5 no Brasil além de estar pronto para atender à Euro-6;

3 - Chrysler Neon: o fato de ter compartilhado muitos elementos da plataforma com o PT Cruiser já leva a crer que não seria tão difícil valer-se do ISF2.8 para corrigir a falta de ao menos uma opção de motor turbodiesel durante todo o ciclo de produção do modelo, que foi de '93 a '99 para a 1ª geração e de 2000 a 2006 já na 2ª geração;

4 - Subaru Legacy de 1ª geração: ofuscado pela introdução do Impreza, cujo porte menor favorecia o uso como base para versões de rali, o Legacy de 1ª geração não recebe a merecida atenção mesmo dos fãs mais obcecados pela marca que incorporou o motor boxer e a tração integral como identidade. O fato de ser um daqueles modelos trazidos em meio à euforia da reabertura das importações, e que não veio acompanhado de uma rede autorizada satisfatória para atender às especificidades de um país com dimensões continentais como o Brasil, já é convidativo a uma infinidade de gambiarras. Logo, não seria necessariamente má idéia chutar o balde e usar como base para um monstrão de drift ou até fazer algo mais aos moldes das pre-runners para tentar honrar ao menos um pouco o histórico da Subaru no World Rally Championship, já considerando que passar para a tração somente traseira seria muito mais fácil de assegurar não só que um motor Cummins ISF2.8 ficaria bem acomodado numa posição um pouco recuada em comparação ao original de modo a não concentrar um excesso de peso sobre o eixo dianteiro;

5 - Peugeot 504 Pick-Up: um modelo que não teve no Brasil o justo reconhecimento que tem na Argentina e na África, e até hoje é difícil achar algum mecânico que saiba o que está fazendo quando vai fazer algum serviço no motor Indenor XD2 de 2.3L com aspiração natural e injeção indireta que a equipa originalmente. Além de atualmente o motor Cummins ISF2.8 ter se tornado mais conhecido no Brasil devido ao amplo uso não só em caminhões chineses mas também em utilitários nacionais, a princípio já não seria tão difícil contar com uma assistência técnica mais satisfatória. Também é digna de nota a discrição da pick-up Peugeot 504, que mesmo contando com motor Diesel não é tão visada para roubos ou furtos.

Um comentário:

  1. Dá vontade de fazer isso num PT Cruiser conversível mesmo. Com certeza ia chamar muita atenção.

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