quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Breve reflexão: Toyota Hilux, um bom exemplo de como um motor mais pé-duro pode se manter relevante

Já não é novidade que as pick-ups tem sofrido um "desvio de função" à medida que tornaram-se mais aceitas pelo público generalista que não as vê exclusivamente como uma ferramenta de trabalho. Um dos casos que melhor destaca essa situação é o da Toyota Hilux que, além de ser de fato tratada como "um equivalente automotivo ao AK-47" em zonas conflagradas e também servir para uma infinidade de atividades profissionais para fins pacíficos pelos 4 cantos do mundo, é o veículo líder de vendas na maior quantidade de países ainda que em muitos o volume total de carros novos comercializados seja muito baixo e concentrado em torno de utilitários até em função de condições de rodagem severas. É até natural que uma resiliência diante da má conservação de alguns trechos da malha viária brasileira também soe convidativa para alguns consumidores quando optam por uma Toyota Hilux GR Sport, e a reputação de "inquebrável" muitas vezes atribuída à linha da Toyota de um modo geral constitua um argumento de vendas muito conhecido a nível mundial, mas cabe levantar a dúvida em torno de até que ponto é realmente necessário o atual estágio de sofisticação nos motores oferecidos nas pick-ups médias e se algum motor mais rústico ainda poderia satisfazer até mais a uma parte considerável do público.
A atual geração da Hilux tem a opção por um motor de 2.7L e 4 cilindros "flex" e um V6 de 4.0L só a gasolina exclusivo para a versão GR Sport, que também pode ser equipada com o mesmo turbodiesel 1GD-FTV de 2.8L que é disponível também em outras versões, embora em outros países a seleção de motores sofra alterações em função de diferentes regulamentações e eventuais problemas referentes à qualidade do combustível afetando principalmente os motores Diesel. Até mesmo o motor 1KD-FTV de 3.0L que fez sucesso na geração anterior, e passou a equipar também as versões de cabine simples a partir do ano-modelo 2012 substituindo uma versão sem intercooler do 2KD-FTV de 2.5L que não se enquadrava nas normas Euro-5, ainda há mercados onde ao menos um dentre os motores já antigos permanece em linha favorecido por normas de emissões menos estritas. Outro motor que estaria ainda mais "defasado", porém permanece relevante em algumas regiões tanto diante da maior familiaridade da rede de assistência técnica independente quanto pela qualidade do óleo diesel convencional, o 5L-E de 3.0L com injeção indireta e aspiração natural acaba sendo um bom pretexto para refletir sobre a viabilidade que um motor mais pé-duro ainda poderia ser desejável para uma parte do público que dá prioridade ao aspecto essencialmente utilitário e poderia beneficiar-se tanto de um custo de aquisição menor quanto da percepção de uma facilidade de manutenção.

Se por um lado é fácil justificar a eventual preferência por um motor mais rústico em usos a trabalho, por outro também é perfeitamente possível expor bons motivos para que usuários particulares tenham a mesma opinião, e não seria nem o caso de questionar especificamente a presença do gerenciamento eletrônico que transcende a questão do controle de emissões e permite a integração com dispositivos de segurança cada vez mais presentes em veículos modernos. Ainda que um usuário com perfil mais essencialmente urbano que use uma Hilux como se fosse um "Corolla com caçamba" não dê a mesma importância para uma maior resiliência a condições adversas e simplificação da manutenção, outros que façam até usos recreacionais como num motorhome "overlander" para o qual a tração 4X4 chega a ser item de primeira necessidade certamente iriam ser mais beneficiados por um motor de projeto mais rústico, podendo até ir além do que se observava no 5L-E que veio ao Brasil na Hilux quadrada e partir para algo mais parecido com um motor de trator que o filho de algum peão da fazenda mais próxima do local onde ocorresse uma avaria consiga ajudar a fazer um reparo emergencial provisório. Enfim, por mais que o público generalista brasileiro às vezes não se dê conta quando vê uma Toyota Hilux, ainda é eventualmente o melhor exemplo de como um motor mais pé-duro é necessário.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

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