quinta-feira, 17 de setembro de 2020

4 modelos antigos que poderiam ter sido beneficiados pelo motor Perkins 4-108 durante os respectivos ciclos de produção

Ainda que hoje esteja ausente do mercado de motores Diesel veiculares, a Perkins já foi uma referência no segmento, fornecendo não somente para utilitários e máquinas agrícolas mas também para automóveis em países onde tanto a cultura local quanto o cenário regulatório permaneciam mais favoráveis a tal opção. E não restam muitas dúvidas de que o motor Perkins 4-108 teve alguma relevância na "dieselização", apesar da rusticidade um tanto excessiva aos olhos do público generalista à medida que ganhava uma preferência por mais sofisticação a partir da segunda metade da década de '70. Com um projeto inicialmente oferecido desde '58 no motor 4-99 de 1.6L e culminando com o 4-108 que teve uma produção continuada até '92, há de se considerar como poderia eventualmente ter beneficiado modelos que nem sequer tiveram a opção de algum motor Diesel durante os ciclos de produção, podendo destacar ao menos 4:
1 - Kombi "corujinha": por mais que o motor Volkswagen boxer a gasolina refrigerado a ar tivesse seus méritos, é impossível negar que a falta de opções Diesel abria espaço para a concorrência tanto na Europa quanto na Ásia. E considerando que o motor Perkins 4-108 foi desenvolvido especificamente para atender a condições críticas para a refrigeração em aplicações estacionárias em que o 4-99 deixava a desejar, a princípio teria sido a melhor opção durante o ciclo de produção da Kombi, que foi de '50 a '67 na Alemanha ganhando uma sobrevida até '75 no Brasil. Em que pesasse a maior complexidade da refrigeração líquida, que diga-se de passagem contrariava as filosofias da Volkswagen à época, não se pode negar que seria uma boa opção tanto para operadores comerciais quanto adeptos das "campervans" para um uso turístico recreacional;

2 - Ford Escort Mk.1: modelo que não foi oferecido no Brasil, mas esteve presente no Uruguai. Com um ciclo de produção que foi de '68 a '75, contou somente com motores a gasolina entre 0.9L e 2.0L de acordo com os mercados em que foi oferecido, e certamente teria se beneficiado por uma opção Diesel ao já estar sendo oferecido durante a eclosão das primeiras crises do petróleo;

3 - Hillman Avenger: modelo inglês que no Brasil deu origem ao Dodge 1800/Polara, teve a produção de '70 a '81 na Inglaterra, de '73 a '81 no Brasil e de '71 a '90 na Argentina inicialmente como Dodge e posteriormente Volkswagen 1500. Teve somente motores a gasolina, de 1.2L e 1.5L no modelo inglês, de 1.5L e 1.8L na Argentina para compensar a menor compressão necessária diante da especificação da gasolina, e no Brasil só o motor de 1.8L mesmo. Chegou a ser montado na África do Sul usando peças inglesas e um motor de 1.6L da Peugeot para atender a normas de conteúdo local. Ter estado em linha durante os primeiros choques do petróleo poderia ter sido um bom argumento a favor de uma eventual inclusão do motor Perkins 4-108 em mercados onde não havia impedimento ao Diesel em veículos leves;

4 - Hyundai Excel: o modelo teve uma discreta presença no Brasil, já durante o ciclo de produção da 2ª geração que foi de '89 a '95 e contando somente com motores a gasolina de 1.3L e 1.5L desenvolvidos pela Mitsubishi. Por mais modesto que fosse, e até considerado motivo de piada nos Estados Unidos, é impossível negar a importância que o Excel teve num momento em que a Hyundai Heavy Industries já consolidava a expansão internacional da divisão automotiva. Levando em conta tanto que ainda se fazia um licenciamento de tecnologia estrangeira para a Hyundai produzir motores veiculares, não chegaria a soar tão absurdo que a empresa coreana pudesse ter feito como a japonesa Mazda e estabelecido algum convênio com a Perkins. Tendo em vista também que motores Diesel relativamente rústicos seguiam com alguma competitividade mesmo no mercado europeu, não soaria tão absurdo que se aplicasse o Perkins 4-108 para tentar manter um custo mais contido, especialmente se fosse produzido sob licença na Coréia do Sul pela própria Hyundai a exemplo do que chegou a ser feito na Espanha pela antiga Motor Ibérica/Ebro.

4 comentários:

  1. Eu ainda incluiria as pequenas picapes derivadas e bugies.

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    1. Buggy talvez não, por causa da concentração de peso entre os eixos que não costuma ser a mesma. Muitos tem a distância entre-eixos encurtada.

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  2. Já cheguei a ver motores Perkins fabricados pela Hyundai sob licença, mas só em utilitários da linha Porter, a mesma que deu origem ao HR vendido no Brasil.

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    1. O mais curioso é que, como o Porter é derivado do projeto da Mitsubishi Delica, já seria de se supor que usasse somente motores Mitsubishi mesmo.

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