quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Diesel: justificando o custo inicial mais elevado

Com a derrubada de velhos preconceitos, um dos últimos argumentos que restam aos haters críticos contra os motores Diesel é o custo de aquisição mais alto, que não deixa de ser um inconveniente. No entanto, apesar de jogadas políticas recentes mostrarem-se mais favoráveis aos motores de ignição por faísca, incluindo os polêmicos carrinhos de veado híbridos, a preferência pelo Diesel revela-se justificável ao longo da vida útil operacional dos veículos.
A ausência de um sistema de ignição elétrico, com velas, cabos, cachimbos para fumar crack e bobinas, além do arcaico e hoje raro distribuidor, bem como a maior robustez de bloco, cabeçote e partes internas (pistões, bielas, virabrequim, entre outros), tornam mais espaçados os intervalos para manutenção, o que é especialmente apreciável em aplicações comerciais em função da rentabilidade, visto que o veículo pode passar mais tempo em serviço.

Os picos de potência e torque a regimes de rotação mais lentos também estão associados a uma maior durabilidade, podendo superar facilmente o dobro da quilometragem antes que se torne necessária uma retífica para garantir a continuidade do bom funcionamento do motor. Por mais que retificar um motor Diesel também acabe sendo mais caro que num similar de ignição por faísca, o gasto ainda é amortizado em função do espaçamento mais longo antes que se faça novamente necessária, além do custo operacional inferior...

Dotado da eficiência térmica mais elevada entre os motores de combustão interna, o Diesel apresenta consumo mais contido, muitas vezes requerendo um volume de combustível próximo a 50%, em algumas circunstâncias até inferior, do que um motor de ignição por faísca capaz de proporcionar desempenho comparável demandaria para percorrer uma mesma distância.
Vale destacar que muitas soluções técnicas já transformadas em modinha amplamente difundidas nos motores Diesel, mais notadamente a injeção direta e o turbocompressor, seriam fundamentais para corrigir cagadas superar algumas imperfeições da atual geração de motores "flex"...

Alguns dispositivos que se fizeram necessários para o cumprimento de normas ambientais mais rigorosas acabam por tornar o custo de aquisição ainda mais desfavorável ao Diesel devido à complexidade agregada aos veículos novos. Merecem destaque os sistemas EGR e SCR adotados para reduzir o problema dos óxidos de nitrogênio, calcanhar-de-Aquiles do ciclo Diesel.
Enquanto o EGR predomina em veículos leves e interfere diretamente no processo de combustão, trazendo como efeitos colaterais torque e potência menores e um consumo mais elevado associado à maior formação de material particulado, que por sua vez gera uma sobrecarga ao DPF e tende a provocar obstruções no coletor de admissão, o SCR acabou mais popular em veículos pesados e requer uma solução aquosa com 32,5% de uréia industrial conhecida comercialmente como ARLA-32, DEF ou AdBlue a ser pulverizada no escapamento e, apesar do menor consumo de óleo diesel diminuir o impacto do custo agregado pela necessidade de reposição do AdBlue, ainda impõe uma complexidade ao processo logístico-operacional, o que seria particularmente crítico em aplicações militares.
De qualquer maneira, o maior gasto de energia e matérias-primas em função dos processos logísticos e industriais necessários para garantir que as normas Euro-5 sejam atendidas leva a crer que as mesmas não trouxeram avanços realmente significativos sob o ponto de vista ambiental numa comparação com o padrão Euro-3 que vigorava até o ano passado.

Também é digna de nota a adaptabilidade do ciclo Diesel a diferentes combustíveis alternativos, do já consagrado etanol aos óleos vegetais, sem apresentar grandes variações no desempenho. Ou seja, mesmo lá na casa do caralho durante uma incursão a um local mais remoto, é pouco provável que se fique na merda pelo caminho por falta de combustível. Sempre tem alguma opção, mesmo quando o maior problema estiver relacionado ao teor de enxofre do óleo diesel disponível na região...
Além das vantagens práticas, convém recordar que um veículo com motor Diesel sofre depreciação menos intensa no mercado de usados, mantendo um valor de revenda mais alto.

2 comentários:

  1. Tem trouxa que paga um absurdo de caro por motor V6 numa barca e só falta dizer amém. Prefiro pegar um motor a diesel que já anda pau a pau com os motores mais endeusados e ainda gasta menos a médio e longo prazo.

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  2. Se não tivesse acontecido essa corrida desenfreada por declarar a maior potência do segmento, e focassem mais na utilidade para fazer o serviço sem dar tanta importância para exibicionismo dos cowboys de posto, hoje se teria caminhonete a diesel com preço mais ou menos justo.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html