sábado, 22 de dezembro de 2012

Gás: o barato que sai caro

Uma opção tentadora devido ao custo de aquisição reduzido, tanto para o uso privado quanto profissional, o gás natural veicular (GNV) chega a ser enaltecido por alguns entusiastas com um fervor quase religioso. No entanto, não chega a ser melhor que o Diesel no aspecto puramente operacional, sem levar em consideração o fato de um veículo com motor de ignição por faísca adaptado para funcionar com gás seja menos visado para roubos e furtos que um equivalente equipado com motor Diesel...
Inicialmente, até pode fazer sentido que se prefira economizar cerca de 25% do custo inicial, aproximadamente R$20.000,00 no caso de uma Chevrolet S10 com o motor 2.4L FlexPower ao invés de uma versão de motorização Diesel comparativamente equipada, ainda que depois seja necessário gastar aproximadamente R$7.500,00 por um kit com capacidade para 25m³ de gás natural, mas na prática o peso e o volume dos cilindros acabam comprometendo a versatilidade que se espera de uma pickup, podendo atrapalhar a acomodação de alguns grandes volumes, e a rentabilidade ao considerar-se o uso profissional devido à redução na capacidade de carga tanto em peso quanto eventualmente em volume.

Em veículos leves, considerando a estupidez burocrática que restringe o uso do Diesel no mercado brasileiro de acordo com capacidades de carga, passageiros e/ou tração, o gás natural acaba parecendo a 8ª maravilha em função do custo reduzido em comparação com gasolina e etanol. O peso e volume do kit-gás, além da diminuição provocada sobre os valores de potência e torque, se já eram um empecilho num utilitário de construção mais robusta, tornam-se um transtorno ainda maior num veículo tecnicamente mais limitado, como o já antigo Ford Fiesta Street Sedan (conhecido nos mercados indiano e mexicano como Ford Ikon). Além de sacrificar espaço para bagagens, o peso adicional provoca um desgaste mais acentuado de pneus, material de atrito dos freios (principalmente no eixo traseiro) e componentes de suspensão.
A menor disponibilidade de postos oferecendo o gás natural também acaba sendo um tiro no pé, visto que ao transitar por algumas localidades a adaptação para usar o combustível alternativo passa a ser apenas um peso morto a bordo, até piorando o consumo ao usar combustíveis mais tradicionais como gasolina e etanol.

Uma aplicação em que o gás natural ainda tem grande aceitação junto aos veículos leves é nos táxis, e apesar de muitos operadores se dizerem satisfeitos o Diesel ainda seria uma opção mais acertada. Entre as principais vantagens práticas, comuns às outras aplicações, podem ser destacadas a maior durabilidade de um motor Diesel, preservação do volume total do compartimento de bagagens, menor complexidade do motor e respectivo sistema de alimentação, e, devido ao torque mais generoso e disponível desde regimes de rotação mais baixos, menor necessidade de ficar "caçando" marchas em função de topografia e fluxo de tráfego no trajeto a ser percorrido, o que além de prolongar a vida útil da embreagem provoca menos cansaço no condutor. A maior autonomia dos veículos, além do reabastecimento mais rápido, também é vantajosa por reduzir o tempo que o táxi necessitaria ficar fora de operação.

Veículos de luxo mais antigos, como o Ford Taurus "disco voador" ou o Mercedes-Benz 300 CE, também acabam sendo cobiçados por adeptos do gás natural levando em consideração uma relação entre desempenho e gastos com combustível numa comparação com um carro "popular" de fabricação mais recente. No entanto, a complexidade associada ao sistema de alimentação por gás natural traz empecilhos ainda maiores aos procedimentos de manutenção, ao passo que uma conversão para Diesel permitiria uma redução mais efetiva do custo operacional tanto pela maior simplicidade quanto por não intensificar o desgaste do veículo. Vale lembrar que não é tecnicamente impossível converter o motor original de gasolina para Diesel, mas ainda estaria em conflito com a legislação brasileira em vigor...

Para adeptos do off-road recreativo, as conversões para gás natural mostram-se ainda mais inadequadas: não é tão incomum alguns usuários tentarem reabastecer o veículo com gás liquefeito de petróleo (GLP) em caso de indisponibilidade do gás natural, o que pode ser extremamente perigoso devido à diferença entre as pressões de uma instalação de gás natural e um botijão de GLP, que pode sofrer ruptura e "explodir". Considerando a maior aptidão de um motor do ciclo Diesel a condições ambientais severas, chega a ser ainda mais incompreensível que alguns jipeiros de apartamento caiam na tentação do GNV...

Apesar das mais recentes normas de emissões de poluentes agregarem um nível de complexidade mais alto em função de dispositivos como o filtro de material particulado (DPF) e o controverso EGR, como pode-se observar ao comparar a atual geração da Ford Ranger com o modelo anterior, levando a um custo inicial ainda mais alto numa comparação entre um veículo equipado com motor Diesel e um similar adaptado para rodar com GNV, pode-se assegurar que o gás é o barato que sai caro...

25 comentários:

  1. O pior de tudo é que tem pobre de espírito que acha melhor pagar para adaptar o kit gás que destrói o motor mas acha ruim pagar a mais por um motor mais econômico se puder fazer a opção. Povo besta merece levar paulada no lombo mesmo.

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    1. Gnv destrói o motor? Mito... Onde causa problemas no motor? Mas explique tecnicamente, com embasamento técnico mesmo e vamos conversar de forma civilizada.
      GNV na verdade conserva o motor por não haver contaminação do óleo lubrificante.
      Se mal instalado, em uma oficina de índio, realmente pode danificar pelo motor trabalhar com mistura pobre e esquentar o cabeçote até trincar.

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    2. Realmente, tem muitos instaladores que exageram no empobrecimento da mistura, levando a superaquecimentos. Apesar do gás ter uma resistência à pré-ignição maior até que a do etanol, convém lembrar que o combustível também contribui para a refrigeração das câmaras de combustão.

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  2. Nunca tive problema com carro a gás, mas é ridículo manter a proibição do diesel.

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  3. Esse conteúdo está totalmente fora da realidade sobre o GNV.
    O GNV não destrói o motor como está escrito!
    Material cheio de informações incorretas e distorcido.
    Tenho um carro com kit GNV instalado, o motor está com 250 mil km, o motor foi aberto para manutenção. Foi comprovado que o desgaste está muito abaixo de um motor que tivesse rodado com gasolina ou etanol.
    Os técnicos da retifica devolveram as peças do motor, não precisou retificar nada, estava tudo em ótimo estado. Só troca de anéis, que para 250 mil km é bem aceitável.
    Quando motor foi fechado. O mecânico informou que roda mais 250 mil km se o desgaste continuar na mesma proporção.

    Portanto, o GNV não danifica o motor. Eu sei por que trabalhei 10 anos em oficina mecânica.

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    1. Observa novamente: foram citadas apenas desvantagens PRÁTICAS do uso do GNV, nenhuma relacionada aos danos que poderia eventualmente acarretar ao motor. Em compensação, todo o peso relacionado à instalação do kit reduzem a vida útil de componentes de suspensão e freios, o que não pode ser negligenciado.

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  4. Ya tuve un Peugeot 504 gasolero pero ahora tengo un Fiesta movido por GNC. Y si lo tengo que usar nafta una ves o otra no hay molestia, es un auto muy frugal. El unico que me molesta es la cajuela demasiado pequeña. Ahora estoy a mirar por una Courier alemana con 5 plazas pero casi todas son gasoleras, quedo con ganas de cambiar los motores si lo pego a una Courier y paso el Fiesta adelante como gasolero.

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  5. Sempre tive carros a gás natural e nunca tive problema algum. GNV é ótima opção, notadamente num país onde a gasolina é cara e adulterada e a oferta de álcool é sazonal. Atualmente tenho um Prisma 1.4 a gás. O carro está com 91 ml km rodados e em perfeito estado de conservação, inclusive do motor.
    Gás natural é um excelente combustível: barato, não polui e é puro, ou seja, não destrói motor. Basta saber usar, ou seja, não é possível andar com o veículo somente no gás natural, devendo o proprietário revezar entre GNV e o combustível líquido (gasolina ou álcool).
    Lamentavelmente o governo não estimula a prática de conversão e a produção de veículos a gás de fábrica.

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    1. Na verdade, qualquer um dos combustíveis disponíveis comercialmente no Brasil, e mesmo alguns ainda em estágio experimental, nesse caso excetuando o hidrogênio, poluem. Quanto ao gás, realmente a queima é mais limpa que a da gasolina, do etanol e até do óleo diesel, mas há algumas dificuldades práticas que não podem ser negadas em virtude do espaço e peso que o kit ocupa. Quanto a revezar entre o gás e combustíveis líquidos, na verdade isso nem é tão imprescindível quando a conversão é feita adequadamente. Mas para quem prefira usar um combustível líquido junto ao gás, pode valer a pena usar um motor Diesel como base para a adaptação visto que, em função do gás não sofrer a auto-ignição pela compressão, acaba por obrigar ao uso de um combustível líquido para gerar a centelha.

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    2. Certamente, o uso do kit gnv traz alguns incovenientes, como perda parcial do espaço do porta malas mas, repito, num país onde gasolina é cara e adulterada e o álcool possui oferta sazonal, o gnv tem sido, no meu caso, excelente opção. Numa viagem de 280 km, meu gasto com gnv gira em torno de 28 reais. Se fosse usar gasolina, gastaria pelo menos uns 85 a 90 Reais, ou seja, uma economia de 62 Reais, ida e volta uma economia de 125 Reais, aproximadamente.
      Quanto ao revezamento entre gnv e gasolina ou álcool é importante: todo dia o veículo deve ser guardado na garagem no combustível líquido e, para cada 300 km rodados no gás, rode, pelo menos 30 km no combustível líquido. Assim terá carro a gás por muitos anos.
      Acho que devemos discutir os preços ABSURDOS dos combustíveis líquidos (gasolina, álcool e diesel) praticados no Brasil e também a falta de uma política em prol do consumidor brasileiro.
      Carros Flex não são bons, mas podem melhorar, principalmente se o país acabar de vez com a adulteração da gasolina e a sazonalidade do álcool. A gasolina do Brasil é de péssima qualidade e, quanto ao álcool, infelizmente ainda não existe uma política de armazenamento eficiente, para que o combustível possa ser distribuído ao longo do ano sem oscilações no preço.
      Obrigado pela oportunidade de expor minha opinião.

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    3. Para acabar com a sazonalidade do etanol existem opções, como o aproveitamento de resíduos agrícolas diversos para a produção do etanol celulósico, e até o etanol de milho por mais polêmico que seja também é uma possibilidade a se considerar. Já até existem no Brasil algumas usinas "flex" que podem operar com milho e outros grãos, como o sorgo, durante a entressafra da cana.

      Quanto ao revezamento com combustíveis líquidos, até é importante para evitar que a gasolina se deteriore no tanque, e preservar as linhas de combustível originais do veículo convertido ao GNV, já que no Brasil não é permitido adaptar um veículo para rodar exclusivamente com o gás. Alguns veículos até recebem um interruptor para desligar a bomba do pescador no tanque, evitando que funcione seca e seja danificada. Esse é o ponto mais crítico num carro convertido para gás.

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    4. um país aonde o pt de dilma e lula aonde os postos adulteram a gasolina e ferram o carro dos clientes e não respondem por isto um governo que não tem a capacidade de administrar o país e ainda por cima vai colocar mais etanol na gasolina para nos roubar venha debater comigo lulala e dilma fora pt a roubalheira no congresso em todo os setores deste país é uma vergonha por isto e outras coisas mais é que os safados dos postos de gasolina fazem muita merda morram políticos o brasil pertence ao povo e mais qualquer um que ganhar a eleição vai entrar nesta sujeirada podem ter certeza

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    5. De fato, a administração pública tem sido muito incompetente no tocante à segurança energética.

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  6. Tenho 2 carros a gas sendo um uma pick up courier, peguei usada com 115000 km e hoje esta com 234000 km fiz o motor e gastei R$ 3500,00 ( depois de rodar no gas 100.000 km) no perimetro urbano a economia é de 50% hoje representa uma economia de R$ 0,205 p/km pois no gas faz 10km/m³ ( o km sai a R$ 0,169) enquanto que na gasolina faz 8 km/l ( o km sai R$ 0,374 ) e na estrada a economia é maior porque na gasolina o carro faz 10,1 km/l e 15,3 km/m³ ou seja em um ano economizei R$ 21.000,00 que deduzindo o que gastei com o motor sobrou R$ 17.500,00, meu sistema é de 5a. geraçao injetado e quase não ha perda de potencia, a diferença de velocidade final é de 10 km/h portanto insignificante, e encara subidas e ultrapassegem na boa, e ainda há a opção de acionar o botao para gasolina na ultrapassagem e acelerar e na mudança de marcha ou ao aliviar o acelerador ele volta automatico para o GNV. Estou muito satisfeito e inclusive desisti de trocar de carro por este atender perfeitamente minhas necessidades de trabalho e só me trazer alegria de tao economico que é. Ja tive moto que o custo do KM/L era maior que minha Courier e olha que ela é completa com AC e DH, KKKKKKKKK

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    1. O custo da gasolina é um absurdo, e nesse caso favorece o gás. Mesmo assim, não é uma justificativa plausível para manter as restrições ao uso do Diesel em veículos leves no mercado brasileiro.

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  7. Camarada não existe combustível melhor que o gás natural, quero ver quem vai adulterar pra danificar o motor igual gasolina e álcool faz, onde o custo na manutenção fica bem mais caro tenho taxi e caro particular rodando direto no gnv com alta quilometragem sem problemas . E esse papo de reduzir espaço no veiculo é bobagem quem vai colocar gnv sabe disso e não será inconveniente Pq a intenção é economizar no combustível e não no espaco os não se compara a economia que se tem anual em grana comparando o uso entre gnv e gasolina ou alcool

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    1. Para começar, o gás natural pode ser contaminado com resíduos de óleo dos compressores, e se misturar com outros gases que podem ser tanto inertes como o CO² quanto corrosivos com algum teor de enxofre, e pode também ter até alguma quantidade de vapor d'água em suspensão. Quanto à redução do espaço disponível no veículo, torna-se sim um inconveniente. Ou quando por exemplo um médico prescreve um tratamento, não menciona alguns eventuais efeitos colaterais?

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  8. talvez pelos boatos negativos, sempre tive medo de ter um carro com GNV. Até comprar uma MONTANA 1.4 SPORT 2013 que já veio com GNV. quando comprei ela no final ano passado com 60 mil km, hoje com 105 mil estou completamente satisfeito. fazendo apenas as manutenções preventivas, tive uma economia de aproximadamente 9 mil com a diferença de gastos em Etanol(R$2.50 / media 7km/l) para GNV (R$2.00 / media 14km/l). agora quero trocar por uma Nova Ranger CS e colocar GNV.

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    1. Os motores da Chevrolet normalmente são os que melhor se adaptam ao gás natural.

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  9. Tenho uma Silverado 97 modelo 98 4.1 6 cilindros GNV e gasolina. Coloco 49,00 de GNV no tanque de 22 MT cúbicos e ando na cidade de 180 a 200 km na estrada de 200,00 a 240,00 ,só uso a gasolina mesmo pra ligar ,ou quando levo alguma coisa pesada na subida uso a gosolina ,estou feliz com o GNV não dá pau nem fodendo

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    1. Pode até não dar pau, mas não são todos os usuários de veículos com um porte semelhante que se dispõem a sacrificar espaço do compartimento de carga para instalar o kit, e ainda podem operar em regiões onde se vá ter uma oferta menor de GNV de certa forma obrigando a usar a gasolina mais frequentemente.

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  10. Amigo não existe nenhuma possibilidade de converter um motor há gasolina para funcionar com diesel, tem que tirar um e colocar outro e isto não é conversão é substituição.

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    1. Existe sim a possibilidade de converter ALGUNS motores do ciclo Otto para Diesel, tanto que já se fez muito em alguns motores como o Volkswagen EA827 (vulgo "AP"), o Chevrolet de 6 cilindros em linha e até alguns motores de outras marcas. Pode ver que mesmo alguns motores originalmente do ciclo Diesel compartilham bloco e componentes internos com versões a gasolina, até mesmo alguns daqueles motores Mercedes-Benz antigos, além de uma grande variedade de motores Peugeot/Citroën e Renault. Motores "misto quente" adaptados com o bloco do original a gasolina e o cabeçote das versões Diesel não são nenhum bicho de 7 cabeças, claro, desde que essa intercambialidade já esteja prevista no projeto original.

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  11. Eu tenho um motor gm 261 chevrolet brasil da c10. To doido pra colocar o cabecote de 1113 nele mas nunca vi foto de nenhuma conversao dessa. Alguém ai ja viu? como fica a bomba injetora?

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    1. A bomba vai no lugar do distribuidor.

      http://dzulnutz.blogspot.com/2015/01/esclarecendo-algumas-duvidas-sobre-os.html

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html