sexta-feira, 6 de maio de 2016

Salicornia: matéria-prima viável para o biodiesel tanto em regiões áridas quanto costeiras

Um dos aspectos mais criticados do biodiesel, bem como de outros combustíveis renováveis, está relacionada ao uso de terras agricultáveis que poderiam servir à produção de gêneros alimentícios, e por extensão ao impacto no custo e disponibilidade dos alimentos ao consumidor final. A expansão das fronteiras agrícolas, que num primeiro momento poderia parecer uma solução para o impasse, hoje enfrenta uma resistência muito mais acirrada, e portanto a recuperação de áreas degradadas e o cultivo de espécies mais adaptadas a diferentes condições ambientais se mostram mais viáveis e eficazes. É nesse contexto que as plantas do gênero Salicornia figuram como uma esperança para o setor agroenergético.

Conhecidas genericamente como "sal verde" ou "aspargos do mar", essas amarantáceas são halófitas, e portanto toleram a irrigação com água salgada, o que as torna ideais tanto para zonas costeiras quanto áridas. A espécie Salicornia bigelovii, nativa da América do Norte e da América Central, tem se destacado por apresentar sementes com uma concentração de 30% de óleo, superior à da soja (17 a 20%), e ainda com 35% de proteínas, podendo ser destinada tanto à produção de biocombustíveis quanto de ração para animais, enquanto outras partes da planta servem como forragem e reduzem a necessidade de complementação da alimentação do rebanho com sal pecuário. O óleo, além da utilidade como matéria-prima para o biodiesel, também pode substituir outros óleos e gorduras com um maior valor de mercado na elaboração de rações para aves tanto de corte quanto poedeiras. O uso de outras plantas do gênero para fins alimentícios já é conhecido em alguns países, mais notadamente na Inglaterra onde a Salicornia europaea é um acompanhamento popular para peixes e frutos do mar, e na Índia onde a Salicornia brachiata vem sendo estudada como matéria-prima para elaboração de um produto análogo ao sal marinho para fins culinários.

Projetos para a produção comercial de Salicornia tanto para fins energéticos quanto alimentícios, embora com maior ênfase na alimentação animal, já vem sendo fomentados em localidades tão diversas quanto a província mexicana de Sonora, a Eritréia, e até mesmo a Arábia Saudita. A adição de fertilizantes nitrogenados à água salgada favorece o crescimento das plantas mas, ao contrário de fórmulas N-P-K sintéticas com custo relativamente elevado, diversos resíduos orgânicos podem ser usados. No caso da Eritréia, a irrigação usando água proveniente de tanques de piscicultura já fornece uma boa quantidade de compostos nitrogenados, opção adequada também para algumas localidades do Nordeste brasileiro onde o cultivo de camarão e da tilápia tailandesa (mais adequada a águas salobras que a tilápia africana) é feito com o uso de água proveniente de poços artesianos cujo teor de salinidade é tão elevado que mesmo após passar por dessalinização não se torna potável. Até mesmo a água de praias consideradas impróprias para banho pode servir para a irrigação em campos cultivados com Salicornia, e assim a planta também passa a ser útil para promover a estabilização biológica em ambientes costeiros.

Encontrar um ponto de equilíbrio entre a demanda por combustíveis renováveis e a segurança alimentar não deixa de ser um desafio, mas está longe de ser o desastre anunciado por alarmistas movidos pelas mais diversas motivações contrárias ao biodiesel. Nesse contexto, a Salicornia passa a figurar como mais um importante aliado em virtude da adaptabilidade a condições que inviabilizam os cultivares mais tradicionais. É uma opção viável também para tornar o mercado brasileiro menos dependente da soja, que ainda é a principal matéria-prima tanto do biodiesel quanto de rações pecuárias além de outras aplicações alimentícias e industriais.

3 comentários:

  1. É o tipo de coisa que devia ter mais incentivo mesmo.

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  2. Será que dá certo tentar um cultivo hidropônico direto na água do mar?

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html