Um caso digno de nota é o dos barcos que fazem o transporte regular de passageiros na Lagoa da Conceição, em Florianópolis-SC, ligando a Costa da Lagoa ao "centrinho" da Lagoa e ao Rio Vermelho, nos quais predominam motores monocilíndricos horizontais com refrigeração líquida, potência entre 12 e 23hp e cilindrada entre 0.6L e 1.5L um tanto ruidosos e cujo nível de vibração também causa algum desconforto. O mais surpreendente é que, mesmo com uma concepção absolutamente rústica, tais motores pesam tanto quanto um turbodiesel de 4 cilindros em linha usado em automóveis modernos no exterior.
No entanto, é compreensível que muitos operadores ainda considerem aceitável o predomínio de motores com especificações tão modestas. A ampla oferta não só de motores novos e usados mas também de peças de reposição, bem como a facilidade de manutenção favorecida pela simplicidade e menor quantidade de partes móveis, parecem fazer com que o peso excessivo associado à necessidade de usar o bloco como um elemento estrutural em pequenos tratores fique em segundo plano. A defasagem na regulamentação de emissões também os favorece, apesar do conceito básico que vem se mantendo inalterado por décadas sem quaisquer traços de evolução além da refrigeração com circuito selado e partida elétrica opcionais...
Para pescadores artesanais, que não costumam fazer transporte comercial de passageiros, a questão do nível de ruído e vibrações pode também ser menos relevante, principalmente diante da severidade do ambiente marinho e da viabilidade de executar reparos emergenciais com menos recursos ao alcance imediato. Mesmo diante da perspectiva de mais conforto e economia de combustível com um motor moderno, não é fácil abrir mão da tranquilidade trazida pela prévia experiência com motores mais rústicos. Talvez uma mudança nesse caso viesse a ser impulsionada apenas por uma implementação de normas de controle de emissões para motores marítimos.
No entanto, uma introdução de motores Diesel leves de concepção mais moderna para atender ao segmento náutico ainda seria desejável, não apenas diante do maior conforto em aplicações turísticas, recreativas e de transporte regular de passageiros mas também como mais uma oportunidade para ganhar em economia de escala e viabilizar a fabricação nacional de motores modernos já oferecidos em alguns automóveis destinados à exportação e, eventualmente, mudar a percepção equivocada e defasada que muitos brasileiros ainda tem do Diesel.
Já vi umas embarcações ligeiras com motor Fiat 1.9D em Itália. Mas como alguns automóveis brasileiros foram produzidos com motores a gasóleo para exportação, a exemplo do Fiat Fiorino e da Fiat Strada e da Fiat Palio Weekend, não compreendo que ainda sejam usados motores demasiado primitivos em embarcações. Mesmo o 1.7D naturalmente aspirado já estaria melhor que estes motores asiáticos da época do meu avô.
ResponderExcluirA maioria dos operadores utilitários/comerciais ainda prefere se ater à facilidade de manutenção atribuída a um motor Yanmar de 1 cilindro horizontal, ou aos Hatz de 1 ou 2 cilindros verticais feitos sob licença pela Agrale, e até certo ponto eu compreendo essa preferência. Mas para o transporte de passageiros, realmente faz falta um motor mais suave e silencioso.
ExcluirSi lo crees que un motor Diesel de 1 cilindro ya es demasiado vetusto, te ibas a asombrarte al ver un Bolinder semi-diesel de cabeza caliente.
ResponderExcluirJá vi alguns motores "cabeça quente" ao vivo, tanto em museu quanto funcionando, mas até onde eu me lembre nenhum Bolinder.
ExcluirSon como un kuliglig del mar con eses motores que sirven para casi todo. Aún que sean demasiado vetustos, creo yo que no sean de lo peor.
ResponderExcluirLevam vantagem na facilidade de manutenção e tem uma durabilidade quase eterna mesmo em condições adversas, mas para operações de transporte de passageiros ainda seria mais adequado tratar o conforto também como prioridade.
ExcluirDe acuerdo.
ExcluirNum barco de pesca eu até não tenho nada contra esses motores mais antigos mas para levar gente faz falta coisa melhor mesmo.
ResponderExcluirJá andou num barco desses pelo menos? Conhecer antes de criticar é bom.
ResponderExcluirJá fui à Costa da Lagoa algumas vezes, e em quase todas fui a bordo de um desses barcos. A única exceção foi numa lancha movida a gasolina.
ExcluirSeria até melhor que os barcos de passageiro fossem menos barulhentos, mas usar o mesmo motor dos barcos de pesca dá certo. Se der problema é mais fácil de achar peça que para esses motores importados que usam nas lanchas particulares. Até tem lancha pequena a diesel mas ter que trazer peça da Argentina ia complicar tudo.
ExcluirO detalhe é que alguns motores Diesel leves chegaram a ser produzidos no Brasil para exportação, e mesmo modelos já defasados como o 1.6D que a Volkswagen chegou a oferecer na Kombi Diesel e o 1.7D da Fiat já estariam adequados para a aplicação marítima leve.
ExcluirJá andei num barco com motor de Fiat 147 a diesel. Barulho ainda faz um pouco, mas pelo menos não parece que vai se desmanchar de tanto tremer.
ResponderExcluirNas aplicações veiculares leves a injeção indireta foi muito popular até a década de 90 por proporcionar um funcionamento mais suave, apesar do consumo um pouco mais elevado em comparação aos motores de injeção direta. Por outro lado, a injeção indireta apresenta resultados melhores com o uso direto de óleos vegetais como combustível alternativo, o que poderia ser perfeito para proporcionar uma destinação segura aos óleos de cozinha pós-consumo provenientes dos restaurantes numa área turística como a Costa da Lagoa.
Excluir