quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Caso para reflexão: comparando tamanho do Toyota Bandeirante e do Corolla E140

Não há dúvidas quanto à presença marcante do Toyota Bandeirante no mercado brasileiro, onde foi por muitos anos a principal referência quando se falava em utilitários off-road. Também suscita algumas polêmicas, tendo em vista que a equivalência teórica entre uma 1ª marcha do tipo "crawler" e a dupla velocidade da caixa de transferência em um veículo 4X4 assegurou a possibilidade de permanecer usando motor Diesel mesmo com a capacidade de carga nominal inferior a uma tonelada e a caixa de transferência de velocidade simples. No caso da versão de chassi curto e teto rígido, para fins de comparação, a capacidade de 420kg é equivalente à de alguns carros normais. A bem da verdade, com um comprimento de 3.835mm, o Toyota Bandeirante de chassi curto pode até ser mais prático que alguns compactos atuais mesmo em uso urbano, além do mais que a distância entre-eixos de apenas 2.285mm permite um diâmetro de giro menor que pode auxiliar ao manobrar em espaços mais apertados.

Já a versão de uso misto é 47cm mais longa com um comprimento de 4.305mm, e um acréscimo da mesma medida na distância entre-eixos totalizando 2.755mm, dimensões comparáveis às de alguns sedans apontados como mais práticos para uso urbano e/ou rodoviário. A bem da verdade, se por um lado o motor em posição longitudinal torna mais difícil um aproveitamento da extensão da plataforma que seria possível com a configuração de motor transversal mais usada em veículos modernos, e que a carroceria com apenas duas portas é de fato menos prática, por outro o formato mais quadradão acaba por proporcionar uma boa capacidade volumétrica tanto na cabine quanto no compartimento de bagagens caso consideremos uma acomodação da carga até a altura máxima interna, além da capacidade de carga nominal de 640kg o aproximar de algumas pick-ups pequenas derivadas de carros de passeio e furgonetas modernas. Portanto, não é de se causar estranheza que ainda se veja até em área urbana como por exemplo no centro expandido de Porto Alegre uma quantidade razoável de exemplares do Toyota Bandeirante, isso para não entrar no mérito da péssima situação da pavimentação das ruas e estradas Brasil afora que por sua vez é convidativa à preferência por veículos mais robustos e também serve de subsídio para o modismo dos SUVs.
Vale recordar que o Bandeirante, derivado da geração J40 do Toyota Land Cruiser, foi projetado com vistas a se manter dentro de um limite de comprimento até 4,70m e largura máxima de 1,70m visando evitar a incidência de impostos anuais mais altos aplicáveis a veículos "de luxo" no Japão. O modelo fechado enquadra-se com folga nesse requisito, com folga de 39,5cm no comprimento e uma largura de 1.665mm que o mantém 3,5cm abaixo do limite, beneficiando não só na passagem por trechos mais estreitos numa trilha ou acesso secundário em algum lugar do interior como também facilitando o estacionamento em vagas cada vez mais apertadas ou o tráfego por vielas estreitas tanto num centro histórico quanto nas periferias. Somando-se esse fator à possibilidade de usar motor Diesel legalmente no Brasil em função da tração 4X4, acaba sendo mais um pretexto para crer que um jipão old-school ainda tem espaço até mesmo eventualmente num uso diário. E apesar da concepção mecânica mais pesada que não é exatamente a mais favorável à eficiência geral, um Bandeirante ainda pode ser tentador mesmo diante de um sedan como o Toyota Corolla.
Como a geração E140, imediatamente anterior à atual, foi a primeira a trazer uma diferença mais significativa no tamanho entre as versões mundiais e as restritas ao mercado japonês, é o alvo da observação. Desconsiderando uma comparação de alturas, a distância entre-eixos de 2.600mm acaba sendo a única medida externa em que o Corolla seria mais compacto mesmo na comparação ao Bandeirante de uso misto que tem 15,5cm a mais nesse parâmetro. O modelo mundial, que chegou a ser feito no Brasil, teve comprimentos de 4.540mm até o modelo 2010 e 4.572mm do 2011 em diante, e largura de 1.760mm, sendo portanto de 23,5cm a 26,7cm mais comprido e 9,5cm mais largo que o jipão. Já o Corolla Axio E140 japonês, que ainda se enquadra na limitação de comprimento e largura, mesmo com 4.390mm de comprimento e 1.695mm de largura, por incrível que pareça também é maior por fora apesar das diferenças de tão somente 8,5cm no comprimento e 3cm na largura.

Por mais louco que possa inicialmente soar sugerir que um veículo reconhecido pela aptidão ao uso off-road pesado também não seja de todo inadequado para uso urbano diante de outro dotado de uma plataforma mais leve e beneficiada por avanços mais significativos no tocante à aerodinâmica que por sua vez teriam vantagens a serem demonstradas no tráfego rodoviário, uma comparação de tamanho entre o Toyota Bandeirante e o Corolla E140 só reforça o quão estúpido é supor que uma restrição ao uso do Diesel baseada em capacidades de carga, passageiros ou nesse caso tração possa efetivamente assegurar que a oferta de óleo diesel convencional permaneça em função de atividades "utilitárias" de trabalho e transporte pesado e por conseguinte beneficiar a segurança energética.

7 comentários:

  1. Mas vendo de perto não parecem tão pequenos os jipes de verdade. Será que a altura engana e faz parecer maior?

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  2. Nunca parei para pensar nisso, mas faz sentido.

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  3. O pior de tudo é que às vezes dá uma vontade de chutar o balde e andar para cima e para baixo com um desses. Só não dá para recuar e achar que já estaria bom e que não precisaria continuar na intenção de derrubar a proibição do uso do diesel em carros pequenos.

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  4. Bandeirante eu não costumo ver trocarem o motor original, mas de repente se tentarem colocar um motor mais novo (pode ser o da Hilux mesmo) para usar com câmbio automático já deve ficar na medida para usar em todo lugar, inclusive na cidade.

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    1. Realmente, câmbio automático é talvez a única melhoria que eu nunca vi incorporarem em Bandeirante.

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  5. Toyotão bruto impõe respeito, mesmo sendo "pequeno" por fora.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html