quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Caso para reflexão: Mitsubishi Mirage e como os "populares" estariam mais utilitários que um SUV

Um modelo icônico entre as gerações mais recentes de veículos de entrada, o Mitsubishi Mirage de 6ª geração lançado em 2012 é produzido desde então na Tailândia como no caso desse exemplar que foi emplacado no Uruguai, com a produção ampliada em 2015 sendo feito também nas Filipinas numa fábrica que pertencia à Ford na cidade de Santa Rosa, província de Laguna, comprada pela Mitsubishi que transferiu para lá a antiga operação localizada em Cainta, província de Rizal. Um bom "pé-duro" que atende bem às necessidades de mercados emergentes, sendo também oferecido como uma opção de baixo custo e essencialmente utilitária em mercados desenvolvidos como o Japão, a Europa e até mesmo os Estados Unidos, agrada não só pela proposta mais despretensiosamente utilitária mas ainda suportar razoavelmente algumas condições de rodagem precárias ainda comuns em países periféricos, contrastando com a inaptidão de alguns SUVs da moda às mesmas circunstâncias de uso. Equipado somente com motores de 1.0L ou 1.2L de 3 cilindros a gasolina, sendo o maior disponível em versões "flex" em mercados onde o etanol já começa a ser mais incentivado como é o caso da Tailândia, não deixa de ser um tanto difícil de assimilar a idéia do modelo não ser trazido ao Brasil, onde estaria competitivo diante de similares como o Toyota Etios.

O tamanho compacto e o baixo peso, além de serem aliados para uma boa manobrabilidade em meio ao tráfego caótico de "formigueiros humanos" do sudeste asiático, também não deixa de fazer algum sentido considerando o eventual uso em condições off-road moderadas que levaram modelos como o Fiat Uno a se destacarem em situações nas quais anteriormente se dizia que "só jipe ou Fusca" seriam capazes de atender às necessidades do usuário, em contraponto ao fenômeno que se observa entre os modelos 4X4 de porte cada vez mais exagerado que se tornam "rolhas de trilha" quando efetivamente usados em trechos mais travados ou tenham sido mais suavizados para uso principalmente em pistas pavimentadas. Naturalmente o melhor é não precisar enfrentar condições de terreno muito extremas com um hatch "popular" mas hoje, muitas vezes devido ao fato de permanecerem direcionados a uma parte do público que ainda não pode se dar ao luxo de restringir a operação a trechos pavimentados e com o melhor estado de conservação possível, além do fato de muitos SUVs "crossover" das gerações mais recentes serem tratados como opção de maior prestígio a outros tipos de carroceria tradicionais e não apresentarem alguma característica que devesse favorecê-los no tocante à capacidade de incursão fora de estrada como um maior vão livre do solo e até o perfil e a banda de rodagem dos pneus.

Considerando especificamente o caso brasileiro, onde a presença de um sistema de tração 4X4 com caixa de transferência de dupla velocidade ou outro recurso que possa ser equiparável à "reduzida" é considerado suficiente para qualquer "rolha de trilha" mais adequada a desfilar num estacionamento de shopping e mantenha a capacidade de carga nominal abaixo de uma tonelada e acomode menos de 9 passageiros além do motorista possa dispor da opção pela motorização Diesel, ainda convém lançar um olhar sobre esse aspecto mesmo que o Mirage não seja comercializado localmente e permaneça só com a ignição por faísca onde já é oferecido. Também é relevante destacar o fato de alguns SUVs de projeto recente nem sequer contemplam a possibilidade de oferecer ao menos tração 4X4, já estando resumidos à condição de substituir outros tipos de carroceria mais tradicionais junto a um público de perfil essencialmente urbano que dá mais valor à ilusão de um estilo pretensamente "aventureiro". Enfim, por mais que um subcompacto o mais despretensioso e "pé-duro" possível esteja longe de ser considerado algo tão aspiracional junto ao público generalista, na prática já podem ser considerados efetivamente mais utilitários que um SUV...

2 comentários:

  1. Não sei se é uma percepção mais particular, mas acho interessante como a Mitsubishi conseguiu fixar uma imagem com certa aura "premium" no imaginário do consumidor comum, sendo que não passa de uma marca generalista, com talvez alguma força a mais no mercado de fora de estrada, mas com produtos em que o acabamento e soluções técnicas de certa forma até inferiores a vários concorrentes que não desfrutam dessa imagem no mercado.

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    1. Realmente ainda ocorre essa distorção na percepção da marca no Brasil, muito influenciada pelas vitórias no Paris-Dakar e pela imagem do Eclipse raiz que virou um dos carros favoritos dos jogadores de futebol na década de '90. Algum resquício do prestígio dos Lancer Evolution no WRC também atrai ainda uma parte do público da marca. Mas em outros países, acaba não tendo a mesma proporção.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

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