A idéia de que um mesmo motor possa servir a veículos tão distintos quanto um confortável SUV de porte médio ou um caminhão leve, sem ignorar algumas diferenças substanciais que se fazem notar na configuração de cada um, pode parecer especialmente tentadora por uma série de razões. Dentre as quais, sem dúvida nenhuma pode-se destacar o desejo de amortizar com mais celeridade os custos de desenvolvimento, cada vez maiores e estando associados não só à busca por um funcionamento mais agradável a uma parcela do público que só começou a se interessar pelos motores Diesel em veículos particulares à medida que a tecnologia foi evoluindo mas também para manter o enquadramento junto às normas de emissões cada vez mais rigorosas em todos os cenários operacionais. Porém, como nem tudo são flores, não convém ignorar algumas dificuldades tanto de ordem técnica quanto burocrática que inviabilizam por exemplo o compartilhamento de um mesmo motor entre o Mercedes-Benz GLC 220d da geração X253 e o Mercedes-Benz Accelo 1016 Bluetec5, cabendo destacar 3 que podem ser consideradas as maiores.
1 - o "envelope" da instalação do motor: essa questão é especialmente difícil num SUV, mas ainda caberia fazer algumas considerações no tocante aos caminhões também. Como seria de se esperar, um motor mais pesado e volumoso tenderia a se tornar mais problemático em função do impacto sobre a distribuição de peso entre os eixos, e um veículo com porte e peso bruto total menores sofre com uma maior intensidade esse efeito. Já num caminhão, embora tanto o volume e o peso do motor quanto a posição em relação ao eixo dianteiro possam interferir também na distribuição do peso bruto total e de acordo com as condições de carga até na observância dos limites de peso máximo permitido por eixo, as condições operacionais mais extenuantes acabam favorecendo uma concepção mais robusta que se reflete num "envelope" maior do motor e periféricos. Não se pode esquecer também que uma discrepância mais acentuada entre os pesos dos motores acabaria exigindo o redimensionamento dos conjuntos de freio e suspensão para suportar os esforços mais intensos que seriam causados no caso de um eventual compartilhamento de um mesmo motor um tanto abrutalhado entre um SUV médio e um caminhão.
2 - percepção de diferentes graus de refinamento técnico: um aspecto mais subjetivo, mas que se faz notar, é como as soluções técnicas aplicadas a cada motor são consideradas pelo público como mais ou menos refinadas, e portanto qual motor pertenceria a qual categoria de veículo. Ainda que em aplicações como a atual geração de SUVs o downsizing seja visto com menos desdém junto a quem opta pelo Diesel em comparação ao que se observa em análogos de ignição por faísca, não cabe esquecer que alguns fatores podem levar um motor menor a ser interpretado como mais prestigioso, com destaque para o uso de bloco e cabeçote de alumínio ao invés de ferro, comando de válvulas com duplo eixo e variação de fase ao invés de eixo único sem variação, turbo com geometria variável ao invés de geometria fixa, entre outras características.
3 - incidência de impostos atrelada à cilindrada: ainda que para simplesmente poder usar o motor turbodiesel no Brasil já se pressupõe a homologação de um SUV como "utilitário" a exemplo do que também ocorre com caminhões, e nessa classificação a alíquota do IPI seja exatamente a mesma sem distinção entre faixas de peso bruto total, acomodação de passageiros ou cilindrada, em outras regiões essa questão já se torna mais problemática e desencorajaria uma tentativa de unificar as linhas de motores entre diferentes classes de veículos.
Os dias do caminhão Agrale com motor MWM de 3 cilindros enquanto a Ford usava na F-1000 o mesmo motor mas até maior com 4 cilindros ficaram para trás.
ResponderExcluirJá vi alguns SUVs da Mercedes-Benz maiores que esse. Será que daria certo esse motor de caminhão neles?
ResponderExcluirPossivelmente.
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