quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

Caso para reflexão: Hyundai Staria

Com uma aparência de espaçonave dos Jetsons, que acaba desviando consideravelmente da aparência mais austera de outros utilitários comerciais que se levam a sério, a linha de vans Hyundai Staria chama a atenção facilmente, podendo até induzir ao erro de crer que se trate de algum projeto mirabolante para um modelo de propulsão elétrica. Contando com as opções pelo motor turbodiesel de 2.2L e 4 cilindros que é o único oferecido no Paraguai, ou um V6 de 3.5L a gasolina também disponibilizado em versão a gás liquefeito de petróleo (GLP - "gás de cozinha") em algumas regiões, e opção de câmbio manual de 6 marchas para o turbodiesel em alguns países ou o automático de 8 marchas disponível para ambos os motores, até pode levar a crer que esteja mais voltado a um uso essencialmente recreativo/turístico que como um utilitário de trabalho, além do mais que compartilha de uma mesma arquitetura com SUVs de proposta essencialmente generalista. E a bem da verdade, convém salientar que uma carroceria tipo van pode ser até mais conveniente em contraste com a moda de SUV que tem tomado conta dos principais mercados automobilísticos, embora alguns países fronteiriços com o Brasil preservem uma cultura mais receptiva a furgões como veículo particular a exemplo da Argentina e até do Paraguai.

Assim como a moda de SUV foi impulsionada à medida que a categoria passou a ter participação mais expressiva dos modelos tipo crossover, que se aproximavam tecnicamente mais de carros compactos ao invés de preservar características técnicas "de caminhão", o mesmo pode ser dito da Hyundai Staria que até apresenta suspensão independente nas 4 rodas mesmo nas versões de tração somente dianteira, além de oferecer a opção de tração 4X4 para versões de passageiros mais luxuosas em alguns países. Apesar do brasileiro médio se empolgar mais facilmente por um SUV ou por uma pick-up que por um furgão, e portanto um eventual posicionamento de mercado para vans de luxo no Brasil pareça muito mais difícil de justificar para fabricantes generalistas, o simples fato de já haver em países vizinhos uma opção pelo câmbio automático em modelos que em função do peso bruto total abaixo de 3500kg e capacidade para até 9 assentos podem ser conduzidos por detentores de CNH categoria B é algo a ser levado em conta, e mesmo em aplicações utilitárias efetivamente profissionais pode ser mais adequada. Assim como hoje o uso de motor transversal já está bastante desmistificado em utilitários com tração dianteira efetivamente destinados ao trabalho, e até mesmo em alguns modelos 4X4 mais voltados ao off-road recreativo, nada parece caracterizar um impedimento de ordem estritamente técnica para furgões mais sofisticados terem uma presença de mercado que abrangesse também o Brasil, além do mais considerando como pick-ups e SUVs emergeram de uma condição de mera ferramenta de trabalho um tanto desprestigiada aos olhos do público urbano para serem alçados a sonho de consumo da classe média.

Tendo em vista até o fato da única motorização a gasolina oferecida na linha Hyundai Staria ser V6 com injeção sequencial, embora seja mais fácil de adaptar para combustíveis gasosos que motores turbo com injeção direta e até 4 cilindros cada vez mais comuns em outras categorias de veículos menos voltadas a um uso comercial, outro ponto a se destacar é como um motor turbodiesel com "só" 4 cilindros já pode se manter confortavelmente junto a outro que seria tratado como inerentemente mais prestigioso apenas com base na quantidade de cilindros. E mesmo considerando diferentes especificações de controle de emissões em cada região, com o Paraguai sendo bem menos exigente que a Europa ou a própria Coréia do Sul onde o modelo é fabricado, e portanto alguns dispositivos como filtro de material particulado (DPF) e SCR possam ser dispensados, o simples fato do câmbio manual permanecer disponível em algumas versões turbodiesel mais austeras a depender de cada mercado é outro fator que leva a crer que a versatilidade desse tipo de motorização ainda tem um lugar assegurado. Enfim, mesmo que à primeira vista parecesse não ter nada a ver com necessidades e/ou preferências de qualquer segmento do público brasileiro, a Hyundai Staria fomenta algumas reflexões bastante pertinentes.

Um comentário:

  1. Se a Hyundai resolvesse trazer desse modelo para o Brasil, podia vender bem para transfer de hotel

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html