segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

10 carros clássicos que seriam tentadores para adaptar um motor Cummins ISF2.8/R2.8

O fato da Cummins nos Estados Unidos ter vistas ao mercado de reposição para o motor R2.8 derivado do ISF2.8 já aplicado a utilitários em países tão diversos quanto Brasil e China, e apostar nessa plataforma especificamente como uma alternativa aos V8 a gasolina tidos como indissociáveis da cultura automobilística americana, faz com que não deixe de ser o caso de ao menos considerar o uso em alguns modelos clássicos que sejam ou originalmente equipados com algum motor V8 ou eventualmente estejam sujeitos à adaptação de um pelas mais variadas razões. Dentre tantos exemplos, ao menos 10 se destacam.

1 - Chevrolet Bel-Air: com destaque para a geração conhecida popularmente como "Tri-Five" em alusão ao ciclo de produção entre os anos-modelo '55, '56 e '57, que foi a primeira a contar com a opção por motores V8 small-block como alternativa aos de 6 cilindros em linha, o fato do V8 original já ter o comando de válvulas sincronizado por corrente já faz com que soe menos "heresia" a idéia de adaptar um ISF2.8 ou R2.8 ainda que radicalize um pouco ao contar com o comando no cabeçote. A popularidade da injeção eletrônica em adaptações até em veículos da mesma época em alguns países como os Estados Unidos quando mantida a ignição por faísca também já seria um bom pretexto para desmitificar a injeção do tipo common-rail usada em motores turbodiesel modernos.

2 - Chevrolet Camaro de '67 a '69: essa que foi a geração inicial do modelo, oferecia as opções de motor de 6 cilindros em linha e de V8 tanto small-block quanto big-block. É interessante destacar que surgiu numa época em que o controle de emissões ainda estava no estágio inicial de implementação nos Estados Unidos por ação da EPA (Environmental Protection Agency), o que pode ser interessante para rebater a idéia de que um motor Diesel vá ser sempre mais nocivo ao meio-ambiente mesmo quando se adapte num veículo antigo e homologado em normas de emissões mais defasadas.

3 - Chevrolet Corvair: um dos modelos, digamos, menos convencionais da Chevrolet, originalmente equipado com um motor de 6 cilindros opostos refrigerado a ar para o qual praticamente inexiste uma oferta de peças de reposição e de preparação, sendo portanto mais fácil recorrer à adaptação de algum outro motor caso não se tenha interesse em preservar a originalidade sendo que nos Estados Unidos o mais "óbvio" seria um V8 Chevrolet small-block. O fato do Corvair ter motor traseiro, que assim como a refrigeração a ar foi um detalhe inspirado na linha Volkswagen, até seria um desafio a mais para o caso de se fazer um repotenciamento com uma opção de motor menos comum nesse modelo.

4 - Aero Willys: o modelo originário dos Estados Unidos teve no exterior versões com 4 e 6 cilindros do motor "Hurricane" dotadas do que se conhece por "cabeçote em F" com as válvulas de admissão no cabeçote e escape no bloco, bem como os motores "Lighning" e "Super Hurricane" de 6 cilindros flathead trazendo tanto admissão quanto escape no bloco, mas só foi feito no Brasil já com o motor "Hurricane" na versão de 6 cilindros.
Além do modelo original proveniente do mercado americano que teve a produção retomada no Brasil com o ferramental desativado nos Estados Unidos, às vezes mencionado como "Flash Gordon", houve ainda o Aero Willys 2600 que foi um redesenho já feito localmente. Após a aquisição da Willys-Overland do Brasil pela Ford, chegou-se até a tentar fazer uma versão com motor V8, mas o projeto foi abortado em função de uma dirigibilidade que se mostrou insatisfatória. Naturalmente, com uma preparação dispondo de tecnologias mais recentes de freio e suspensão seria possível reverter as deficiências observadas, e eventualmente um motor como o Cummins ISF2.8 também pudesse ser uma boa opção se não fosse pelas restrições ao uso de motores Diesel em automóveis em vigor no Brasil.

5 - Dodge Dart e derivados brasileiros: ao contrário de outros mercados onde houve de fato uma maior variedade de plataformas, bem como uma diferenciação mais significativa entre os diferentes modelos, no Brasil a linha grande da Dodge se limitava a variações da 4ª geração do Dodge Dart, e só contou com o motor V8 de 5.2L ou 318 polegadas cúbicas em versões a gasolina ou etanol, enquanto no exterior eram oferecidos desde os Slant-Six de 6 cilindros em linha até alguns V8 big-block que jamais foram oferecidos nos Dodge brasileiros.
Dentre as variações, seria particularmente curioso ver como um ISF2.8 poderia atender a um Dodge Magnum ou um Le Baron, tendo em vista que a maior suavidade de um motor turbodiesel moderno se contrapondo à rumorosidade típica dos motores Diesel disponíveis no Brasil na época em que os modelos foram produzidos até ficaria de acordo com a imagem de luxo e prestígio que os grandes Dodge brasileiros contavam, caso tal adaptação fosse passível de regularização junto ao Detran...

6 - Alfa Romeo Montreal: já pode soar "herético" cogitar qualquer repotenciamento nesse exótico e raro esportivo produzido entre '70 e '77 com um sofisticado motor V8 de 2.6L dotado de comandos de válvulas duplo nos cabeçotes, que apesar da disposição de cilindros mais habitualmente associada a modelos americanos preserva muito da passionalidade italiana.

7 - Simca Chambord: o modelo originário da França surgiu como Ford Vedette, equipado com uma variação do motor Ford Flathead V8 denominada "Aquillon" originalmente de 2.2L posteriormente ampliada para 2.4L que foi a cilindrada com a qual esse modelo teve a produção brasileira. O motor é extremamente precário, e mesmo nas versões Emi-Sul que já haviam passado a contar com válvulas nos cabeçotes permaneciam algumas deficiências do projeto original do motor remontando a 1932 como ter somente 3 mancais principais de virabrequim.

8 - Citroën Traction: modelo que difundiu a tração dianteira na produção em série, entre as décadas de '70 e '80 acabou se tornando alvo de toda sorte de adaptações para que exemplares mantivessem a capacidade de trafegar devido à escassez de peças de reposição. Considerando que no Brasil foram feitos desde repotenciamentos com a mecânica Chevrolet completa do Opala até outros com conjunto motriz de origem Volkswagen proveniente do Fusca montado todo atrás, enquanto há registros de pelo menos um com motor Chevrolet V8 nos Estados Unidos, recorrer a um motor Diesel não seria a maior das "heresias"...

9 - Karmann-Ghia: primeiro modelo de proposta esportiva da Volkswagen, o desempenho modesto que o motor boxer de 4 cilindros refrigerado a ar oferecido em versões entre 1.2L e 1.6L acabava por deixar a desejar. O fato de ter o chassi separado da carroceria tal qual o Fusca certamente facilita um infindável número de adaptações de conjuntos mecânicos mais vigorosos, que vão desde soluções mais ortodoxas como recorrer ao motor Volkswagen EA827 "AP" até mesmo modificações mais drásticas incluindo desde a substituição total do chassi por outro feito sob medida para acomodar até mesmo eventualmente um motor V8 como inclusive já se tem registros até no Brasil.
A bem da verdade, mesmo que a disposição de motor traseiro possa acarretar dificuldades para o fluxo de refrigeração e o maior peso de um motor como o Cummins ISF2.8 naturalmente interfira na dirigibilidade, ainda seria tentador manter a disposição original do motor, até para preservar mais da alma do modelo original ao invés de recorrer a uma descaracterização ainda mais profunda a nível de substituir o chassi.

10 - Kombi: mesmo tendo contado somente com motores de 4 cilindros durante todos os ciclos de produção mundialmente, de 1.2L a 1.6L no Brasil e tendo chegado a 2.0L no exterior, há registros da adaptação de motores mais vigorosos que vão desde o Chevrolet 153 de 2.5L que foi bastante comum na África do Sul até alguns V8. Tendo em vista que o motor Cummins ISF2.8 também é aplicado a vans de projeto mais recente geralmente produzidas na China, mas que por serem na maioria das vezes copiadas de algum projeto japonês cuja posição do motor logo abaixo dos bancos dianteiros é também bastante crítica na questão de limitações de espaço no compartimento do motor, a princípio uma adaptação na Kombi não seria inviável.
Melhorando a captação de ar e encontrando uma posição boa para a montagem do radiador e de um intercooler, certamente o desempenho também ficaria mais confortável para enfrentar o tráfego rodoviário, o que seria particularmente desejável para usuários particulares que apreciam o amplo espaço interno do modelo para a montagem de motorhomes e campervans.

3 comentários:

  1. Já vi uma Kombi adaptada com motor a diesel sem ser o AP a diesel, era um daqueles de bomba de poço mesmo. Puseram uma homocinética no volante do motor para engatar no eixo do câmbio.

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  2. Uns carros tão bonitos que parecem de filme americano como esse Bel-Air, iam ficar engraçados com um motor de caminhãozinho VUC chinês. Mas se dá conta de movimentar um caminhão, não deve ficar mesmo ruim.

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  3. Quizás yo lo arreglaria un motor Isuzu 4JA1 o un 4JB1 atmosferico a la Kombi

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

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